Abrilada


Soldados! Se o dia 27 de Maio de 1823 raiou sobremaneira maravilhoso, não será menos o de 30 de Abril de 1824; antes um e outro irão tomar distinto lugar nas páginas da história lusitana; naquele deixei a capital para derrubar uma facção desorganizadora, salvando o trono e o excelso rei, a família real e a nação inteira, dando mais um exemplo de virtude à sagrada religião que professamos, como verdadeiro sustentáculo da realeza e da justiça; e neste farei triunfar a grande obra começada, dando-lhe segura estabilidade, esmagando de uma vez a pestilenta cáfila dos pedreiros livres, que aleivosamente projectava alçar a mortífera foice para acabar e de todo extinguir a reinante casa de Bragança.
Soldados! Foi para este fim que vos chamei às armas, plenamente convencido da firmeza do vosso carácter, da vossa lealdade e do decidido amor pela causa do rei.
Soldados! Sejais dignos de mim, que o infante D. Miguel, vosso comandante em chefe, o será de vós. Viva el-rei nosso senhor, viva a religião católica romana, viva a rainha fidelíssima, viva a real família, viva o brioso exército português, viva a nação, morram os malvados pedreiros livres.

S.M.F. El-Rei Dom Miguel

512 anos da descoberta oficial do Brasil


Aguarela: O desembarque dos portugueses no Brasil ao ser descoberto por Pedro Álvares Cabral em 1500.
Autor: Alfredo Roque Gameiro.

Paganismo vs Neo-Paganismo

Com sua habitual perspicácia e profundidade de pensamento, escrevia Plinio Corrêa de Oliveira: "Os frutos da apostasia são piores do que os da gentilidade. Pois pode não haver culpa em ignorar a verdade: há sempre culpa em repudiá-la" (Catolicismo, Julho de 1952).
Encontrei uma ilustração adequada dessa verdade num rico catálogo da famosa casa de leilões de arte Christie's, de Dezembro de 2010. Ele foi enviado a Catolicismo por um amigo residente em França.
Entre as muitas obras que o catálogo oferece, duas são especialmente significativas. A primeira é uma bela caixinha para jóias, procedente da antiga China – e feita, portanto, sem a influência do Cristianismo. A outra é uma pintura a óleo, de arte moderna, de um pintor espanhol do século XX.
A caixinha vem assim descrita no catálogo: "Coberta de bronze dourado, com esmaltes esculpidos e compartimentados, constitui uma rara obra de arte".
Agrada logo à primeira vista o contraste harmónico entre o dourado do bronze e os tons de azul e vermelho do laqueado. É de um bom gosto aristocrático de chamar a atenção. Ademais, o bronze é finamente trabalhado. Embora as figuras representadas no estojo sejam de inspiração pagã, o conjunto revela delicadeza de expressão e acurada arte.
Trata-se de uma obra produzida na época do imperador Qianlong, da dinastia Qing, que sucedeu à dinastia Ming, no século XVIII. Duas dessas caixinhas foram confeccionadas para as comemorações do aniversário do imperador ou foram encomendadas por ele para serem doadas nessa ocasião.
Seria altamente desejável que convertida ao Catolicismo e purificada de paganismos antigos e modernos, a China respeitasse e fizesse florescer ainda mais sentimentos de alma tão elevados como os que se revelam nessa obra de arte. Quando o esperado triunfo do Imaculado Coração de Maria se estender também a ela, tais desejos poderão transformar-se em realidade.

Passemos agora ao neo-paganismo moderno. A figura horrenda aqui apresentada como arte intitula-se Delo. Seu autor é Antonio Saura (1930-1998). Faltam ao quadro todos os elementos de proporcionalidade, beleza e elevação que encontramos no estojo da dinastia Qing. É propriamente o que se poderia chamar um monstro.
Só com dificuldade se discernem aí traços humanos. Além dos dois olhos totalmente deformados, parece haver um terceiro na testa. Aquilo que seria a arcada dentária sugere a existência de ferros retorcidos; e na falta de nariz, dois tubos cruzam-se de modo ignóbil. A expressão – pois esse monstro tem expressão! – é a de um ser profundamente deprimido, acabrunhado mesmo, pela desgraça sem nome que se abateu sobre ele e o transformou numa espécie de demónio.
Quem, à noite, em seu quarto, tendo necessidade de acender a luz, gostaria de se deparar de repente com um monstro desses!? Teria a impressão de que o inferno se abriu e vomitou esse precito dentro do aposento. Para livrar-se do susto, só mesmo apelando para um exorcismo!
É um exemplo adequado de como o neo-paganismo moderno conduz a estados de alma muito piores do que o paganismo antigo. Uma civilização que rejeitou Jesus Cristo cai muito mais baixo do que uma outra que não O conheceu.

Gregório Vivanco Lopes in Catolicismo, Junho de 2011.

Domingo de Páscoa: A Ressurreição

Depois do Sábado, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver a sepultura. De repente houve um grande tremor de terra: o anjo do Senhor desceu do Céu e, aproximando-se, retirou a pedra e sentou-se nela. O seu aspecto era como o de um relâmpago e as suas vestes eram brancas como a neve. Os guardas tremeram de medo diante do anjo e ficaram como mortos. Então o anjo disse às mulheres: «Não tenhais medo. Eu sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui. Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar onde Ele estava. Ide depressa contar aos discípulos que Ele ressuscitou dos mortos e que vai à vossa frente para a Galileia. Lá O vereis. É o que tenho a dizer-vos». As mulheres saíram depressa do túmulo; estavam com medo, mas correram com muita alegria para dar a notícia aos discípulos.
De repente, Jesus foi ao encontro delas e disse: «Alegrai-vos!». As mulheres aproximaram-se e ajoelharam-se diante de Jesus, abraçando-Lhe os pés. Então Jesus disse-lhes: «Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá Me verão».
Quando as mulheres partiram, alguns guardas do túmulo foram à cidade, e comunicaram aos sumos-sacerdotes tudo o que havia acontecido. Os sumos-sacerdotes reuniram-se com os anciãos e deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, dizendo-lhes: «Dizei que os seus discípulos foram durante a noite e roubaram o corpo, enquanto vós dormíeis. Se o governador vier a saber disto, nós convencê-lo-emos e não precisais de vos preocupar». Os soldados pegaram no dinheiro e agiram de acordo com as instruções recebidas. E assim, esta mentira espalhou-se entre os judeus, até ao dia de hoje.
Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, ajoelharam-se diante d'Ele. Mesmo assim, alguns duvidaram. Então Jesus aproximou-Se e disse: «Toda a autoridade Me foi dada no Céu e sobre a Terra. Portanto, ide e fazei com que todos os povos se tornem meus discípulos, baptizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei. Eis que Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo».

Mateus 28

Sexta-Feira Santa: A Paixão

Em seguida, toda a assembleia se levantou e levaram Jesus a Pilatos. Começaram a acusação, dizendo: «Achámos este homem a subverter o nosso povo, proibindo pagar tributo ao imperador e a afirmar ser Ele mesmo o Messias, o Rei». Pilatos interrogou Jesus: «Tu és o rei dos judeus?». Jesus respondeu, declarando: «És tu que o dizes!». Então Pilatos disse aos sumos-sacerdotes e à multidão: «Não encontro neste homem nenhum motivo de condenação». Eles, porém, insistiam: «Ele provoca revolta entre o povo, com o seu ensinamento. Começou na Galileia, passou por toda a Judeia e agora chegou aqui».
Quando ouviu isto, Pilatos perguntou se Jesus era galileu. Ao saber que Jesus estava sob a jurisdição de Herodes, Pilatos mandou-O a Herodes, pois também Herodes estava em Jerusalém nesses dias. Herodes ficou muito contente ao ver Jesus, pois já ouvira falar a respeito d'Ele e há muito tempo desejava vê-l'O. Esperava ver Jesus fazer algum milagre. Herodes interrogou-O com muitas perguntas. Jesus, porém, não respondeu nada.
Entretanto, os sumos-sacerdotes e os doutores da Lei estavam presentes e faziam violentas acusações contra Jesus. Herodes e os seus soldados trataram Jesus com desprezo, escarneceram d'Ele e vestiram-n'O com uma capa brilhante. E enviaram-n'O de novo a Pilatos.
Nesse dia, Herodes e Pilatos ficaram amigos, pois antes eram inimigos. Então Pilatos convocou os sumos-sacerdotes, os chefes e o povo e disse-lhes: «Trouxestes este homem como se fosse um agitador do povo. Pois bem! Eu já O interroguei diante de vós e não encontrei n'Ele nenhum dos crimes de que O acusais. Herodes também não encontrou, visto que no-l'O enviou de novo. Como podeis ver, Ele não fez nada para merecer a morte. Portanto, vou castigá-l'O e depois soltá-l'O-ei».
Ora, em cada festa da Páscoa, Pilatos devia soltar-lhes um prisioneiro. Toda a multidão começou a gritar: «Mata esse homem! Solta-nos Barrabás!». Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade e por homicídio. Pilatos queria libertar Jesus e falou outra vez à multidão. Mas eles gritavam: «Crucifica-O! Crucifica-O!». E Pilatos disse pela terceira vez: «Mas que mal fez este homem? Não encontrei n'Ele nenhum crime que mereça a morte. Portanto, vou castigá-l'O, e depois soltá-l'O-ei». Mas eles continuaram a gritar com toda a força, pedindo que Jesus fosse crucificado. E a gritaria deles aumentava cada vez mais. Então Pilatos pronunciou a sentença: que fosse feito o que eles pediam. Soltou o homem que eles queriam, aquele que tinha sido preso por revolta e homicídio, e entregou-lhes Jesus para o que eles queriam.
Enquanto levavam Jesus para ser crucificado, pegaram em certo Simão, da cidade de Cirene, que voltava do campo, e forçaram-no a levar a cruz atrás de Jesus. Uma grande multidão do povo seguia Jesus. E mulheres batiam no peito e choravam por Jesus. Jesus, porém, voltou-Se e disse: «Mulheres de Jerusalém, não choreis por Mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos! Porque dias virão, em que se dirá: "Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à luz e os seios que nunca amamentaram". Então começarão a pedir às montanhas: "Caí em cima de nós!" E às colinas: "Escondei-nos!". Porque, se assim fazem com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?».
Com Ele levavam também outros dois criminosos, para serem mortos. Quando chegaram ao chamado «lugar da Caveira», ali crucificaram Jesus e os criminosos, um à sua direita e outro à sua esquerda. E Jesus dizia: «Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!». Deitaram sortes para repartirem entre si as vestes de Jesus. O povo permanecia ali a observar. Os chefes, porém, zombavam de Jesus, dizendo: «Salvou os outros. Que Se salve a Si mesmo, se é de facto o Messias de Deus, o Escolhido!». Os soldados também escarneciam d'Ele. Aproximavam-se, ofereciam-Lhe vinagre e diziam: «Se Tu és o rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo!». Por cima d'Ele havia um letreiro: «Este é o Rei dos judeus». Um dos criminosos crucificados insultava-O, dizendo: «Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também!». Mas o outro repreendeu-o, dizendo: «Nem tu temes a Deus, sofrendo a mesma condenação? Quanto a nós é justo, porque recebemos o que merecemos; mas Ele não fez nada de mal». E acrescentou: «Jesus, lembra-Te de mim, quando vieres no teu Reino». Jesus respondeu: «Eu te garanto: hoje mesmo estarás comigo no Paraíso».
Já era mais ou menos meio-dia, e uma escuridão cobriu toda a região até às três horas da tarde, pois o sol deixou de brilhar. A cortina do santuário rasgou-se ao meio. Então Jesus deu um forte grito: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». Dizendo isto, expirou. O oficial do exército viu o que tinha acontecido e glorificou a Deus, dizendo: «De facto este homem era justo!». E todas as multidões que ali estavam e que tinham vindo para assistir, viram o que havia acontecido e voltaram para casa, batendo no peito.

Lucas 23:1-48

Quinta-Feira Santa: Última Ceia

No primeiro dia dos Ázimos, quando matavam os cordeiros para a Páscoa, os discípulos perguntaram a Jesus: «Onde queres que façamos os preparativos para que comas a Páscoa?». Jesus mandou então dois dos seus discípulos, dizendo: «Ide à cidade. Um homem transportando um cântaro de água virá ao vosso encontro. Segui-o e dizei ao dono da casa onde ele entrar: "O Mestre manda dizer: Onde é a sala em que Eu e os meus discípulos vamos comer a Páscoa?". Então ele mostrar-vos-á, no andar de cima, uma sala grande, mobilada e arrumada. Preparai aí tudo para nós». Os discípulos partiram e foram à cidade. Encontraram tudo como Jesus havia dito e prepararam a Páscoa.
Ao cair da tarde, Jesus chegou com os Doze. Enquanto estavam à mesa e comiam, Jesus disse: «Em verdade vos digo: um de vós vai trair-Me. É alguém que come comigo». Os discípulos começaram a ficar tristes e, um após outro, perguntaram a Jesus: «Serei eu?». Jesus disse-lhes: «É um dos Doze. É aquele que mete comigo a mão no prato. O Filho do Homem vai morrer, conforme diz a Escritura acerca d'Ele. Contudo, ai daquele que trair o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!».
Enquanto comiam, Jesus tomou um pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o, distribuiu-o aos discípulos e disse: «Tomai, isto é o meu corpo». Em seguida, tomou um cálice, deu graças e entregou-lho. E todos eles beberam. E Jesus disse-lhes: «Isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, que é derramado em favor de muitos. Eu vos garanto: nunca mais beberei do fruto da videira, até ao dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus».
Depois de terem cantado os Salmos, foram para o Monte das Oliveiras.

Marcos 14:12-26

Domingo de Ramos: A entrada triunfal em Jerusalém

Depois de dizer estas coisas, Jesus partiu à frente deles, subindo para Jerusalém. Quando Jesus Se aproximou de Betfagé e de Betânia, perto do chamado Monte das Oliveiras, enviou dois discípulos, dizendo: «Ide à aldeia em frente. Quando entrardes nela, encontrareis preso um jumentinho que nunca foi montado. Soltai-o e trazei-o. Se alguém vos perguntar: "Porque o soltais?", respondereis: "Porque o Senhor precisa dele"». Os discípulos foram e encontraram as coisas como Jesus havia dito. Quando estavam a soltar o jumentinho, os donos perguntaram: «Porque soltais o jumentinho?». Os discípulos responderam: «Porque o Senhor precisa dele». Então levaram o jumentinho a Jesus. Colocaram os próprios mantos sobre o jumentinho e fizeram montar Jesus. Enquanto caminhavam, as pessoas estendiam os próprios mantos pelo caminho. Quando Jesus estava junto à descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão de discípulos começou, alegre, a louvar a Deus em voz alta, por todos os milagres que tinha visto. E diziam: «Bendito seja Aquele que vem como Rei, em nome do Senhor! Paz no Céu e glória no mais alto do Céu». No meio da multidão, alguns fariseus disseram a Jesus: «Mestre, manda que os teus discípulos se calem». Jesus respondeu: «Eu digo-vos: se eles se calarem, as pedras clamarão». Jesus aproximou-Se e, quando viu a cidade, começou a chorar. E disse: «Se também tu compreendesses hoje o caminho da paz! Agora, porém, isto está escondido aos teus olhos! Vão chegar dias em que os inimigos farão trincheiras contra ti, te cercarão e apertarão de todos os lados. Eles esmagar-te-ão a ti e aos teus filhos e não deixarão em ti pedra sobre pedra. Porque não reconheceste o tempo em que Deus veio visitar-te».

Lucas 19:28-44