Léon Degrelle


Para Degrelle, o que estava em jogo não eram mais pequenas questões de política local, mas o nascimento de uma Europa de nações solidárias, readquirindo, sob a direcção militar alemã, a importância geopolítica que lhe pertencia de direito próprio. Na reordenação do continente, voltaria a ter lugar uma unificação entre a França e a Alemanha, segundo as linhas do estado medieval formado pelos duques da Borgonha no séc. XV, desaparecido numa conjunção de acidentes dinásticos e desastres militares; através da aspa vermelha em campo de prata dos seus estandartes, o sonho borgonhês esteve presente em todos os combates da brigada Wallonie.
O que teria sido a evolução política de uma Europa aglutinada sob as ideologias antidemocráticas da época, jamais saberemos, mas é talvez importante notar que, mais que o poder de atracção das mesmas, foi o combate anti-comunista que fez correr um grande número de voluntários à frente leste. Degrelle é um daqueles para quem ambas as motivações existiram, e as suas palavras não deixam dúvidas disso. O destino da Europa Central e Oriental, na sequência da vitória aliada, no entanto, deveria temperar a nossa tentação de culpabilizar excessivamente os que duvidaram do monopólio aliado da virtude...

António Marques Bessa in jornal «O Diabo», 15 de Maio de 1991.

Resumo da história do Cisma do Oriente


O Cisma do Oriente nasceu da revolta do Patriarca de Constantinopla contra a autoridade do Papa. Isso quer dizer que o Cisma nasceu do orgulho.
Constantinopla foi fundada pelo Imperador Constantino, o Grande, aquele que deu liberdade aos cristãos, no ano 313, e transferiu o poder imperial para o Oriente, fundando então Constantinopla.
O título de Patriarca era dado apenas aos bispos das cidades que haviam recebido a pregação de um Apóstolo.
Assim eram reconhecidos como patriarcas o Bispo de Alexandria, onde pregara o evangelista São Marcos. O Bispo de Jerusalém, onde fora bispo o Apóstolo São Tiago. O Bispo de Antioquia, cidade em que viveu e foi bispo São Pedro. E, finalmente, Roma, que teve o mesmo São Pedro como seu primeiro Bispo.
É claro que Constantinopla, por ter sido fundada apenas no século IV, não poderia ter, normalmente, o título de Patriarca, pois nenhum Apóstolo pregara nessa cidade, que ainda não existia nos tempos apostólicos.
Entretanto, por ser a capital do Império do Oriente, os Arcebispos de Constantinopla reivindicavam essa honra, que Roma afinal lhe concedeu, a título honorário.
Cedo, alguns patriarcas orientais, especialmente o de Constantinopla, reivindicaram uma paridade com o Papa, querendo que a Igreja não fosse uma monarquia, e sim uma pentarquia. (Erro que está, hoje, em voga entre alguns orientais...).
Pretendia-se que o Papa fosse apenas um chefe honorífico da Igreja, um "primus inter pares", um superior em honra, entre os patriarcas, que seriam iguais em direito.
Ora, isto vai contra o Evangelho, que mostra Cristo ter fundado a Igreja sobre Pedro apenas. Cristo fez a Igreja monárquica e não pentárquica.
No século IX, o Arcebispo de Constantinopla, Fócio, revoltou-se contra o Papa São Nicolau I, que excomungou esse rebelde em 863.
Como resposta, Fócio auto-proclamou-se Patriarca Ecuménico de Constantinopla e "excomungou" o Papa São Nicolau I. Com a subida ao poder em Constantinopla do Imperador Basílio, o Macedónico, Fócio perdeu o poder que tinha.
A questão entre Roma e Constantinopla foi ainda mais envenenada pelo problema da processão do Espírito Santo, que os Orientais dizem proceder apenas do Pai, enquanto a Igreja ensina que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.
Fócio retomou o poder em Constantinopla, mesmo depois da sua solene condenação, no ano 870. De novo, o Papa João VIII renovou a condenação de Fócio. Com o advento ao trono do Imperador Leão, o Filósofo, Fócio é expulso pela segunda vez de Constantinopla, terminando o cisma pouco depois.
No século XI, Miguel Cerulário, Patriarca de Constantinopla, causou a separação definitiva da Igreja do Oriente, separando-a da obediência ao Papa, no tempo do Papa Leão IX. Miguel Cerulário foi excomungado pelo Papa em 1054.
Desde esse tempo, os Orientais estão separados de Roma, portanto em cisma. A esse mal, vieram acrescentar-se a negação dos dogmas proclamados pela Igreja, após a separação do Oriente. Os Orientais possuem sucessão apostólica, isto é, os seus bispos são legítimos, assim como os seus sacerdotes. Em consequência, os seus sacramentos são válidos, embora ilicitamente administrados, por causa da sua separação do Papa.

Obra de caridade


Os inimigos declarados de Deus e da Igreja devem ser difamados tanto quanto se possa, desde que não se falte à verdade, sendo obra de caridade gritar: "Eis o lobo!", quando está entre o rebanho ou em qualquer lugar onde seja encontrado.

São Francisco de Sales in «Introdução à Vida Devota».

Não há, neste País, quem realize


O senhor não vê a facilidade com que toda a gente discute nos jornais e pelos cafés, sem que, por assim dizer, surja ninguém com colaborações sérias e valiosas que tanto seriam de agradecer? De uma maneira geral, não há, neste País, quem realize. Pensa-se e divaga-se com abundância e facilidade impressionantes, mas, chegados à hora das realizações serenas, das provas reais, poucos são os que resistem à seriedade grave dos problemas que pesam sobre o País.

António Oliveira Salazar in «Salazar: Citações» de Fernando de Castro Brandão, 2008.