Repreender ou não repreender?


Um liberal dito católico costuma dizer que repreender um superior em público é necessariamente pecar contra o 4º Mandamento. Segundo o sujeito, as repreensões devem ser sempre em privado. São Tomás de Aquino, Doutor da Igreja, discorda:

Deve observar-se, porém, que se a Fé estiver em perigo, um subordinado deve repreender o seu prelado, mesmo publicamente. Por isso, Paulo, que estava sujeito a Pedro, o repreendeu em público, devido ao perigo iminente de escândalo com respeito à Fé.
São Tomás de Aquino in «Summa Theologica», Parte II-II, Questão 33, Artigo IV.

Não confundir, porém, uma repreensão legítima com desonra. Essa, sim, seria pecado.

São Pio X sobre os padres modernistas

O "porreiro" Papa Francisco.

Procuram lisonjear os ouvintes "que são movidos pelo prurido da novidade", contanto que mantenham as igrejas cheias, embora as almas não sejam curadas por permanecerem vazias. Por isso não falam nunca do pecado, nunca dos novíssimos, nunca de outras verdades gravíssimas que poderiam abalar a salvação, mas falam somente "com palavras de bajulação"; e isso o fazem também com eloquência mais de tribunal do que de apóstolos, mais profana do que sagrada, atraindo para eles os aplausos; esses já haviam sido condenados por São Jerónimo, quando escreveu: "Quando tu ensinas em assembleia, seja suscitado não o aplauso do povo, mas o arrependimento; o teu louvor sejam as lágrimas dos ouvintes".

Papa São Pio X in motu proprio «Sacrorum Antistitum», 1 de Setembro de 1910.

Mente sã em corpo são


A educação é a formação do indivíduo, entendendo por isso o desenvolvimento integral e harmonioso de todas as suas faculdades. O homem possui inteligência e ela deve ser orientada pela verdade, possui vontade, que deve ser dirigida para o bem, possui corpo, que se deve tornar vigoroso e saudável... Quem encara a educação intelectual como um objectivo, está enganado... De pouco serve a ciência se não ajuda o homem a tornar-se melhor...

António de Oliveira Salazar in «A Minha Resposta», 1919.

A Maçonaria, a Constituição e a Guerra Civil (II)

D. Pedro, o mação.


Após alguns anos, o Imperador do Brasil, D. Pedro, perde o trono e decide voltar para a Europa, banir o "usurpador" [D. Miguel] e proclamar rainha a sua filha, D. Maria. Tentativa ousada e, aparentemente, sem nenhuma hipótese de sucesso – pois D. Miguel era o Rei legítimo e reinava tranquilamente há alguns anos, adorado pela maioria do povo. Mas D. Pedro era apoiado por um grupo de exilados políticos e, sobretudo, pela Inglaterra – que não via, com certeza, com bons olhos, o reino católico e anticonstitucional de D. Miguel. O centro dos exilados políticos localizava-se em Inglaterra. Ali juntaram-se todos aqueles que, por convicção ou interesse, por espírito de aventura, por paixão ou, pura e simplesmente, por mero acaso, estavam do outro lado da barricada; por outras palavras, eram liberais, constitucionalistas e revolucionários. Entre eles, alguns homens políticos que desempenharam mais tarde papéis importantes no país: Palmela, Saldanha, Terceira. Verdadeiros ditadores do liberalismo, detestavam-se mutuamente e tentavam, sempre que tinham oportunidade, tornar-se, cada um deles, o dono absoluto do movimento.
(...)
Assim que D. Pedro chega à Europa, começam febrilmente as preparações para a guerra civil. Inglaterra e França dão-lhe todo o apoio. Sob um pretexto qualquer, a esquadra francesa aparece inesperadamente no estuário do Tejo e captura boa parte da frota portuguesa. Com esse golpe, D. Miguel não podia mais ousar uma tentativa de expedição contra os rebeldes da Terceira, fortificados nos Açores. Em Inglaterra, improvisa-se o exército libertador: alguns exilados, os desmobilizados das guerras napoleónicas, alguns aventureiros e mercenários. Vários tipos de homens, na sua maioria ingleses. Um deles, Doyle, excêntrico e fanfarrão (Oliveira Martins), proclama que tem de se fazer algo para a libertação "daqueles indígenas desgraçados" (those damn'd natives). Os indígenas eram os portugueses "aterrorizados" por D. Miguel. Em Londres apareciam cartazes com o seguinte texto: "Companhia comercial e colonial procura homens activos e inteligentes para trabalharem como fazendeiros no Brasil ou algures". As pessoas alistam-se sem saberem para onde é que iam ser enviadas. São empregues marinheiros ingleses e os seus capitães – todos com excelentes salários e contratos assinados. Há dinheiro suficiente. O Governo inglês põe à disposição de D. Pedro um empréstimo de 10.000 libras. Seguramente, intervém também um banqueiro judeu, Mendizábal. "Um banqueiro que era ao mesmo tempo um homem político e um fanático liberal. Todavia, como qualquer bom judeu, sabia conciliar o entusiasmo com os cálculos, sem arriscar a sua fortuna pelas suas ideias", escreve o historiador socialista Oliveira Martins.
Com dinheiro inglês compram-se alguns barcos e, no dia 7 de Julho de 1832, o exército de D. Pedro – cerca de 6.000 homens – desembarca e ocupa a cidade do Porto. (...) O Porto tem sido permanentemente um centro de insurreição. Os generais de D. Pedro tinham escolhido sabiamente o seu ponto de partida. Porém, a ocupação da cidade do Porto não traz consigo a revolução que D. Pedro e os seus partidários tinham esperado. Ninguém reage. Em todo o país reina a paz e D. Miguel pode organizar, em liberdade, o seu exército regular de 60.000 homens.
Mais do que nunca, Portugal está do seu lado. Os rebeldes fortificam-se no Porto e ficam a aguardar. São alimentados, por mar, pela esquadra inglesa. Os meses passam monótonos, sem nenhuma batalha decisiva. (...)
Exasperado pela inactividade, o comandante da esquadra rebelde, o inglês Napier, parte do Porto, no dia 2 de Julho de 1833 – passado um ano desde o começo da guerra civil – e encontra a esquadra de D. Miguel no Cabo de São Vicente. Bastam-lhe duas horas para consumar o ataque, afundando-a parcialmente e capturando os navios restantes, pois Napier era inglês, dinâmico e animado por um grande espírito de aventura. Alguns dias antes da batalha naval, parte das forças rebeldes cercadas no Porto tinha partido para o sul do país, ocupando o Algarve. Tinha-se iniciado uma série de golpes corajosos em pontos muito afastados uns dos outros, o que desorganizava a defesa do exército governamental, bastante abalado pela má condução das operações, pelo cerco insuficiente do Porto e pelos desentendimentos entre os generais. A 24 de Julho, o exército da Terceira entra em Lisboa, evacuada pelo exército de D. Miguel. As tropas governamentais não param de se retirar, embora o exército de D. Miguel tenha larga superioridade de efectivos. E quando atacam, fazem-no sem qualquer perícia, cometendo os maiores erros de táctica e estratégia. No princípio de Outubro, D. Miguel tenta reconquistar Lisboa, mas é derrotado. Também é vencido em Leiria, em Janeiro de 1834, em Almoster, em Fevereiro, em Viana, em Março, e as derrotas continuam uma após outra, embora o país esteja do seu lado, embora as suas tropas sejam valentes, embora quase ninguém o traia ou o abandone. Mas, por uma longa série de erros, sendo sempre perseguido pelo azar, tendo o infortúnio de surgirem em França e em Espanha movimentos liberais que auxiliam abertamente D. Pedro, D. Miguel perde, perante o invasor, a quase totalidade do país. Raramente se viu uma campanha militar, como esta, em que a má sorte estivesse sempre de um só lado. Contudo, o povo não aclamava D. Pedro. Por onde passava o exército "libertador", os mosteiros eram incendiados e o clero escorraçado.
Com alguns milhares de homens – tudo o que lhe restava – D. Miguel capitula a 26 de Maio de 1834, em Évora Monte, e explica ao seu exército porque é que foi quase forçado a pôr fim a uma guerra fratricida que demorara aproximadamente dois anos. Nas condições da capitulação mencionava-se igualmente o direito que tinham os "miguelistas" de regressarem sãos e salvos às suas terras. Mas esse pormenor provocou a indignação do grupo de revolucionários em Lisboa. (...)
Mal chegando a reinar em Lisboa, D. Pedro implementou os seus princípios demo-liberais. Expulsou os jesuítas e o Núncio Apostólico, suspendeu as relações com a Santa Sé. Mendizábal chegou a ser um ditador e um factótum: nomeava e substituía ministros, promulgava leis, fazia empréstimos em nome do Estado. Entretanto, com a morte de D. Pedro, desencadearam-se em todo o país massacres organizados contra os "miguelistas". Diariamente, centenas de pessoas foram assassinadas e as suas casas incendiadas, sem ninguém intervir. Um liberal que tinha lutado do lado dos contra-miguelistas, Marques Gomes, escrevia: "É uma tristeza dizê-lo, mas é bem verdade: os vencedores não foram generosos com os vencidos. Muitos dos vencidos de Évora Monte que, em virtude do decreto de amnistia de 27 de Maio, regressaram às suas terras, foram assassinados de maneira selvagem, em nome da liberdade... De nada serviram as medidas do Governo para se pôr termo a esses excessos; os crimes continuaram e, infelizmente, ainda por muito mais tempo". De acordo com a estatística de Franzini, num só ano de regime demo-liberal ocorreram 3.550 assassinatos e 4.900 saques. Em 1836, Passos Manuel, que nessa altura era ministro, declarou perante a Câmara: "De acordo com as informações das autoridades do país inteiro, constata-se que até hoje foram cometidos 16.000 assassinatos e mais de 7.000 casas foram despojadas". Acrescenta ainda que "os dados são incompletos". Oliveira Martins, o socialista, escreve em Portugal Contemporâneo: "O miguelista era uma vítima, um inimigo vencido. Era caçado tal como são caçados os lobos e qualquer ofensa anterior, qualquer crime, era punido com a morte, sem qualquer julgamento. Considerando-se os vencidos, os dirigentes máximos de uma soberania absoluta pagaram cem vezes mais aquilo que tinham recebido".
A guerra civil, em vez de terminar com a capitulação de Évora Monte, irá ainda continuar por muitos anos. Portugal fica abalado, desunido, vítima fácil das sociedades secretas. A derrota de D. Miguel não significou apenas a abolição da Monarquia Legítima, mas sobretudo a orientação de Portugal numa direcção anti-tradicionalista, onde a maçonaria desempenha um papel maior.

Mircea Eliade in «Salazar e a Revolução em Portugal».

Sequência de Pentecostes


Vinde, ó Espírito Santo,
e mandai-nos, lá do Céu,
um raio da Vossa luz!

Vinde até nós, Pai dos pobres,
caudal de todos os dons,
e fulgor dos corações!

Ó Consolador supremo,
hóspede santo das almas,
e refrigério dulcíssimo!

No trabalho sois descanso,
a calma na turbação,
e sois bálsamo no pranto!

Inundai, ó luz santíssima,
os recessos mais profundos
das vossas almas fiéis!

Sem a Vossa protecção,
nada subsiste no homem
sem a jaça do pecado!

Lavai toda a impureza,
fecundai toda a aridez,
curai todas as feridas!

Curvai-nos o nosso orgulho,
fundi-nos o nosso gelo,
velai o nosso extravio!

Aos que confiam em Vós,
que são os Vossos fiéis,
dai os sete dons sagrados!

Coroai-lhes a virtude,
dai-lhes o porto da glória,
e a alegria que não finda!
Ámen. Aleluia.

Estevão Langton, arcebispo de Cantuária (século XIII).

A Maçonaria, a Constituição e a Guerra Civil (I)

D. Pedro proclamando a independência do Brasil

A ameaça francesa terminou em 1814. "Livrámo-nos do exército francês que tem semeado entre nós ruínas, sangue, misérias, horrores e ideias perversas. Livrámo-nos do exército. Mas não das «ideias»", escrevia Alfredo Pimenta. Na verdade, só então começaram a notar-se os resultados da presença das tropas revolucionárias na Península. (...) Em 1820 surge uma insurreição militar no Porto que exige a substituição do Governo nomeado pelo Rei e o afastamento de Beresford. É o primeiro sinal de uma série quase infinita de insurreições, pronunciamentos, revoluções, contra-revoluções – a maioria realizada pelo exército ou contra o exército. O Rei D. João VI vê-se obrigado a regressar à pátria em 1821, após 14 anos de ausência.
No Brasil, deixa como regente o seu filho mais velho, D. Pedro, um jovem que se tinha formado nas fontes da ideologia revolucionária, que sonhava desempenhar o papel de um Bolívar e de impor à força, aos seus súbditos, as ideias liberais. Pouco tempo depois da partida do Rei D. João para a pátria, o regente D. Pedro declara a independência do Brasil, sendo aclamado imperador (12 de Outubro de 1822). A primeira ordem assinada pelo Imperador do Brasil é a reabertura da Loja do Grande Oriente. "D. Pedro não podia esquecer-se de que, segundo a expressão do Marechal, o acto de 12 de Outubro foi entièrement leur ouvrage" (Oliveira Lima). Com a perda do Brasil, o império colonial português sofrerá o golpe mais duro da sua história. É pelo menos estranho que esse golpe tenha sido realizado pelo príncipe herdeiro...
Alguns meses após a insurreição do Porto, (...) cria-se uma Junta do Governo provisório, que administra em nome do Rei e elabora, ao mesmo tempo, uma Constituição segundo os modelos francês e espanhol. Pouco antes do seu embarque, cedendo às insistências do príncipe herdeiro, D. João VI tinha jurado lealdade para com essa Constituição, em elaboração em Lisboa. (...) D. Pedro desempenhou igualmente neste caso o papel principal, confraternizando com os manifestantes que o aclamavam, na Praça Rossio do Rio de Janeiro, ao convencer o Rei a ceder.
Ao chegar a Lisboa, D. João VI será obrigado a aceitar as ordens da Junta que estabelece pormenorizadamente o processo do desembarque, sem solenidade ou manifestações, com um número certo de ovações para o Congresso, a Constituição, o Rei constitucional e a Família Real. D. João VI é prisioneiro do Congresso provisório, constituído por uma série de ambiciosos e iluminados da maçonaria que falavam, em plena Assembleia, do "Supremo Arquitecto". Alguns meses depois, a 1 de Outubro de 1822, o Rei é de novo obrigado a jurar perante a Constituição...
(...)
A 23 de Fevereiro de 1823, alguns meses após o Rei D. João VI, em Lisboa, ter de novo jurado lealdade à Constituição, iria surgir no norte do país a revolta do Conde de Amarante. A multidão gritava: "Viva o Rei absoluto! Morte à Constituição!" Ainda mal se tinha aclamado o movimento do Conde de Amarante, quando um regimento de infantaria se revolta, à saída de Lisboa. Em Vila Franca de Xira, os militares aquartelados tentam um movimento semelhante. O segundo filho do Rei, o infante D. Miguel, toma o comando das tropas, "jurando que ia libertar o Soberano das garras da maçonaria". D. João VI resiste algum tempo, mas acaba por prometer que dará ao país "uma nova ordem". Porém, essa promessa não acalmou a corrente contra-revolucionária. De modo que, a 30 de Abril de 1824, o infante D. Miguel tenta um novo golpe, como chefe da insurreição dos regimentos da capital. No manifesto dirigido às tropas, afirma que devia "triunfar a obra começada, dando-lhe uma estabilidade certa e destruindo de vez o bando pestilencial dos mações". No mesmo dia, o Infante proclamará aos portugueses: "Ou morremos na luta gloriosa em que estamos empenhados, ou cortamos de raiz o mal que nos abala, derrubando, de uma vez por todas, a infernal raça maçónica, antes que ela nos derrube".
Mas "a infernal raça maçónica" de que falava o infante D. Miguel era mais forte do que se assumia. O Corpo Diplomático de Lisboa, através de uma "intervenção vergonhosa" (Alfredo Pimenta), separa o Rei das forças de D. Miguel, isolando-o num barco inglês e obrigando-o a demitir o seu filho da função de comandante supremo do exército. A "Revolução de Abril" (Abrilada) falhou, graças à intervenção dos grandes poderes, e o infante D. Miguel embarca, a 13 de Maio, numa longa viagem ao estrangeiro. (...)
A 10 de Março de 1826, o Rei morre – morte inteiramente suspeita que alguns historiadores modernos atribuem às sociedades secretas. Certo é que D. João VI criou, através do afastamento do Infante, e sobretudo pelo seu testamento obscuro, uma situação que muito tem contribuído para a ruína de Portugal, pois esse testamento foi a causa da guerra civil. A época da verdadeira glória de D. João VI foi o seu período brasileiro, na criação do Estado moderno do Brasil. Ao regressar à metrópole, o Rei revelou sempre fraqueza e indecisão. Jurou lealdade à Constituição, embora tivesse chorado quando, por aquele ensejo, a multidão o aclamava com frenesim, no Rio de Janeiro. Assistiu com passividade às conspirações do seu filho mais velho, D. Pedro, em resultado das quais o Brasil se separou da pátria-mãe. Estava perfeitamente de acordo com as convicções e o movimento de D. Miguel, mas nem sempre teve a coragem de o defender. (...)
Sem qualquer dúvida, o verdadeiro herdeiro do trono era D. Miguel. D. Pedro era então Imperador do Brasil e as leis da Monarquia Portuguesa excluíam do trono um cidadão estrangeiro. D. Pedro tinha mesmo declarado guerra a Portugal e cometia actos de inimizade para com a sua antiga pátria. Por outro lado, num capítulo dos regimentos antigos exigia-se que o Soberano deveria residir em Portugal e D. Pedro permanecia no Brasil há 19 anos. Do mesmo modo, através de documentos vários, D. Pedro tinha definitivamente desistido dos seus direitos de primogénito.
Todavia, o Conselho de Regência reconhece na pessoa do Imperador do Brasil, D. Pedro, o Rei legítimo de Portugal – "e foi isso que abriu as portas à guerra civil" (Alfredo Pimenta). D. Pedro abdica a favor da sua filha, D. Maria da Glória, que decide dar em casamento ao seu irmão, D. Miguel. É uma situação confusa, absurda, que ninguém aceita.


Mircea Eliade in «Salazar e a Revolução em Portugal».

§

Nota 1: Sei que alguns monárquicos brasileiros, por ligações afectivas a D. Pedro, podem ficar melindrados com algumas palavras transcritas. Mas a Fé e a Razão dizem-nos para que se livrem desse afecto desordenado pela figura de D. Pedro, mas sem nunca desonrar os seus legítimos superiores.

Nota 2: Infelizmente Mircea Eliade – um estrangeiro – fez uso de alguma linguagem liberal, ao classificar o movimento miguelista como "insurreição", "revolta" ou "revolução". O justo e adequado seria chamá-lo de "restauração", uma vez que era disso mesmo que se tratava, de uma restauração da Ordem legítima. Peço por isso aos leitores que perdoem esse erro de linguagem.

Nota 3: Um liberal dito monárquico apontou como crítica ao texto o uso da expressão "regresso à pátria" de D. João VI, mas ao contrário do que sugere esse liberal, não há erro nenhum a apontar. Portugal e o Brasil eram de facto dois reinos distintos, unidos pela mesma coroa. Portanto quando se diz que D. João regressa à pátria, diz-se que regressa à sua terra natal ou terra de origem, isto é, à Metrópole.

Doutrina da Igreja sobre a Pena de Morte

Rei David

Evangelho segundo São João:
Disse-Lhe então Pilatos: Não me falas? Não sabes que tenho poder para Te soltar e poder para Te crucificar? Jesus respondeu: Nenhum poder terias sobre Mim se do Alto te não fosse dado.

Catecismo Romano ou Catecismo de Trento:
Outra espécie de morte lícita é a que compete às autoridades. Foi-lhes dado o poder de condenar à morte, pelo que punem os criminosos e defendem os inocentes, de acordo com a sentença legalmente lavrada. Quando exercem o seu cargo com espírito de justiça, não se tornam culpados de homicídio; pelo contrário, são fiéis executores da Lei Divina, que proíbe de matar.
Se o fim da Lei é garantir a vida e segurança dos homens, as sentenças dos magistrados obedecem à mesma finalidade, enquanto eles são os legítimos vingadores dos crimes, reprimindo a audácia e a violência mediante a pena de morte. Por essa razão dizia David: Desde o romper do dia, exterminava todos os pecadores da terra, a fim de suprimir da cidade de Deus todos os que praticam a iniquidade.

Catecismo Maior de São Pio X:
É lícito matar o próximo: durante o combate em guerra justa; quando se executa por ordem da autoridade suprema a condenação à morte em castigo de algum crime grave; e finalmente, quando se trata de necessária e legítima defesa da vida, no momento de uma injusta agressão.

O trabalho como forma de santificação


– Homem, porque trabalhas tu?
– Trabalho, porque sou o instrumento da vontade de Deus, que manda pôr ao serviço divino todas as faculdades e todas as graças que do Senhor recebi em usufruto!

Georges Valois citado por António Sardinha in «Ao Princípio era o Verbo».

Monarquia liberal ou absoluta: O que queria o povo?


Querem um Rei sem alcunha, como tenho ouvido a alguns dos nossos rústicos das províncias, designando por alcunha o título de constitucional. Querem um Rei que tenha uma existência própria, um princípio activo, que sem dependência de outrem anime e vivifique o Estado; que não reparta com outrem os atributos essenciais da Soberania, nem por outrem possa ser embaraçado de fazer todo o bem possível aos seus vassalos; um Rei que seja o órgão da Divindade e não o das facções.

José Acúrsio das Neves in «Cartas de um Português aos seus Concidadãos», 1822.

Libelo contra a direita conservadora


Não se trata de defender uma atitude de pura destruição, nem de anarquismo, nem de futurismo desgarrado, nem de progressismo utópico ou que vai sumir-se no ventre da esquerda, nem de revolução total e cega. Existem valores permanentes, realidades a conservar, naturezas a assumir, existem coisas que se transmitem, com justiça, através dos tempos e no concreto.
O que eu combato é a posição de rotina e o materialismo prático. (...)
Dizem que o conservador pertence às direitas. Talvez, mas então será a sua degradação e caricatura, a sua doença e o criminoso da família. Porque nem toda a direita é aquilo. (...)
A direita conservadora quer a tranquilidade e a segurança – e para isso venderá a alma ao diabo e acabará enterrando na adega quantos ideais houver. Não admite é sobressaltos, violências, extremismos. Tem um arrepio e lança uns protestos indignados, quando conspurcam as glórias pátrias, atacam a nossa herança ultramarina, fazem a demolição ciclónica da religião, ameaçam frontalmente dissolver a família, ou clamorosamente, em regabofe, praticam e trombeteiam o amor livre. Mas se a coisa vier docemente, empantufada, com flores e por aliciantes arroios – com boas maneiras, sim! –, já o caso muda de figura. A direita conservadora fica a escutar violinos, ao canto da lareira, a ver televisão ou ronronando, tolera, fecha os olhos, abranda, deglute o bolo às migalhas e acaba por ser habituar. Sobressaltos, violências, extremismos é que não!
A direita conservadora é moderada. Claro que existem coisas más, feias, indignantes. Mas não é preciso reagir de dentuça arreganhada, ao tabefe e com pulso de ferro, ou de arma aperrada e fulgurante. Claro que o espírito e o ideal são precisos e bons; mas não exageremos, nem vamos perder o sossego e o bem-estar, em aventuras, perigos e aflições, por causa das ideias, de espiritualismos e quejandos enxoframentos de adolescente cabeça ardorosa.
A direita conservadora não quer pensar muito; nem sentir muito. Disso, um condimentozinho apenas; q.b. Livra!, que doses altas podem tirar o sono ou dificultar a digestão! Portanto, adoram um governante que pense por ela, como ela sensatamente, tolerante, de fino trato, prático, livre da terrível praga da ideologia; e que sinta? Também sim, que sinta que ela, direita conservadora, não quer sobressaltos e que não se importa de deslizar para qualquer banda, no caso de ser sem prejuízos materiais e sem violências. A direita conservadora é centrista e, assim, voga, beatamente, se preciso, segundo os ventos da História – mas sem o dizer.
A direita conservadora é um molusco. E no entanto, resulta num penhasco gigantesco e obstrutor para o movimento (...) de Justiça e Ideal.

Goulart Nogueira in «Política», n.º 19, 30 de Setembro de 1970.

A bandeira de guerra de Dom Miguel

Os falsos tradicionalistas monárquicos, portadores de uma tradição que só existe nas suas próprias mentes, costumam apresentar uma bandeira bipartida de azul e vermelho, como sendo o estandarte militar de Dom Miguel. Contudo, tal bandeira nunca existiu. O que não deixa de ser irónico: os que apresentam uma falsa monarquia tradicional, são os mesmos que apresentam uma falsa bandeira miguelista... Mas, então, como seria a bandeira de guerra usada por Dom Miguel? As fontes da época mostram-nos que as bandeiras militares da Casa Real seriam partidas, não em duas, mas em várias partes de azul e vermelho, como mostram as imagens seguintes:



A primeira imagem é de um estandarte militar do período das Invasões Francesas (Rainha D. Maria) e a segunda é de um estandarte militar do período da Guerra Civil (Rei D. Miguel). Fica assim a devida correcção histórica, à qual junto um novo aviso aos leitores do blogue, para que não se deixem enganar por falsos tradicionalismos monárquicos, de falsas éticas e falsas estéticas. A Monarquia Portuguesa – de São Mamede a Évora Monte – foi só uma, e nunca conheceu doutrinas como as defendidas por tais monárquicos!

Para compreensão do Integralismo Lusitano


Assim surgiu o Integralismo Lusitano com Sardinha, Pequito Rebelo, Hipólito Raposo, Almeida Braga, João do Ameal, Alberto Monsaraz, Rolão Preto, etc. Começaram eles por publicar uma revista a Nação Portuguesa, constituir um movimento e ter um jornal denominado Monarquia. No primeiro número da Nação Portuguesa, apareceu um texto célebre "O que nós queremos". Aí se traça a concepção de uma monarquia de poder pessoal como condição sine qua non da sobrevivência da Portugalidade.
Mas o que os integralistas dessa época expunham era bastante mais do que esse texto dizia.
Eles desenvolviam um nacionalismo claro, corporizado, verbi gratia, nas palavras de Sardinha "pondo a nacionalidade como razão e fim de nós próprios, concluímos na necessidade do Rei como elemento do seu prestígio e da sua existência".
E não esqueçamos que, na obra de maior fundo teorético do Integralismo – Pela Dedução à Monarquia de Pequito Rebelo – este, depois de traçar a hierarquia ontológica-axiológica dos seres – "matéria-força, organismo vivo, pessoa humana e sociedade", não hesitava em escrever que "a pessoa humana, constituindo parte da sociedade, é menos complexa que a sociedade", continuando mais adiante "o mal reside até, não directa e essencialmente na personalidade, mas na actualização de uma possibilidade da personalidade que é exactamente a possibilidade que tem a personalidade de persistir em si mesma não se integrando nas leis sociais".
Como se vê, o Integralismo tomava posição universalista na questão básica "indivíduo-sociedade". Dela é que decorria a sua atitude monárquica. E nem vale a pena exibir as páginas, tão numerosas elas são, em que a partir das suas concepções iniciais, deduzia uma série de negações firmes como o repúdio do liberalismo e da democracia e do período constitucional.
(...)
Anote-se que o Integralismo inicial foi acompanhado, desde 1915, por um escritor que jamais aderiu formalmente a ele, mas com cuja doutrina declarava estar de acordo por inteiro. Refiro-me a Alfredo Pimenta, um dos mais coerentes, mais eruditos e mais desassombrados dos pensadores monárquicos portugueses.
E não se deixe de salientar que se o Integralismo considerava pseudo-monarquia a chamada monarquia liberal, condenava ainda como desvio perigoso do rumo normal da tradição, a denominada monarquia absoluta, em que as Cortes deixaram de ser ouvidas.
Quanto a nós, a monarquia desapareceu, efectivamente, em 1820 (com breve reaparecimento, no reinado de D. Miguel) mas não sofreu o desvio perigoso com um chamado absolutismo caracterizado pela não reunião de Cortes. As Cortes eram convocadas por iniciativa do Rei e que, durante largo tempo, não fossem convocadas, em nada alterava a constituição da Monarquia.
Não vou aqui deter-me longamente nas vicissitudes do Integralismo. Ele, de início, aceitou a realeza de D. Manuel II, sem embargo deste, em 1914, data do aparecimento da Nação Portuguesa, não ter renegado a Carta e não ter dado sinais de se aproximar da genuína realeza.
Em Janeiro de 1919, teve lugar a Monarquia do Norte, assim chamada porque durante cerca de um mês a norte do Douro, a bandeira azul e branca substituiu aí a verde e vermelha. D. Manuel, partidário entusiasta dos meios legalitários e, aliás, pouco informado, permaneceu alheio à revolta.
O Integralismo, depois da vitória do regime republicano escolheu o momento para formular um Ultimato ao Rei exigindo que repudiasse a Carta e adoptasse a doutrina tradicionalista. Como aquele não aceitasse a exigência, os integralistas desligaram-se da obediência a quem, até então, acatavam como soberano e aclamaram rei o descendente de D. Miguel, D. Duarte Nuno de Bragança (a seguir a várias abdicações), uma criança ainda que ficou sob tutela da Infanta D. Aldegundes.
Monárquicos houve que, aderindo aos princípios integralistas, achavam descabida a imposição feita a D. Manuel. Por exemplo, Alfredo Pimenta.
Em 1922, celebrou-se o Pacto de Paris, entre o ramo miguelista e o ramo manuelista. D. Aldegundes em nome do Sr. D. Duarte, reconhecia a realeza de D. Manuel. E estabeleceu-se que a futura constituição seria da competência das Cortes.
Os integralistas repudiaram o Pacto considerando-o, e bem, uma pura expressão de parlamentarismo, usando até António Sardinha a dura expressão "atraiçoados por uma infanta de Portugal".
Nessa altura, o Integralismo Lusitano dissolveu-se enquanto organização política, apenas ressurgindo quando o Pacto foi denunciado por D. Aldegundes, em 1925. Já então morrera Sardinha.
Entretanto, após algumas tentativas infrutíferas, os integralistas manuelistas estruturaram-se num grupo sólido, que foi a Acção Realista Portuguesa, em que Alfredo Pimenta era vulto destacado e onde se salientaram Caetano Beirão, João Ameal, Fernando de Campos, António Cabral, Luís Chaves, Ernesto Gonçalves e outros.
Depois do 28 de Maio, um dos fundadores do Integralismo, exilado no Brasil, a seguir a 1919 – João do Amaral –, regressou e fundou a Liga de Acção Integralista, a que aderiram a Acção Realista e uma série de Integralistas da nova geração. Nesse período agitado, em que as tentativas de golpe abundavam, uma série de oficiais, ligados à referida Liga, falharam na imposição das suas directrizes, arrastando-a na débacle. Permaneceram a Acção Realista, tal como os velhos integralistas.
(...)
Em 1939, foram numerosas as defecções. Alguns exemplos. (...)
Hipólito Raposo que em 1936 asseverava "se não fossem as reacções salvadoras da Itália e da Alemanha... a Europa teria abdicado do seu título de mãe da civilização cristã", em 1940, no prefácio do livro Amar e Servir alude aos "totalitarismos em seus exageros criminosos, desprezadores da moral e dos direitos das gentes, negadores da personalidade humana". E o velho lutador contra a monarquia constitucional, que equiparava à república, ei-lo que desponta a elogiar a pseudo-monarquia inglesa bradando "na Grã-Bretanha reina uma monarquia que ainda há pouco deu prova da sua vitalidade, uma nobreza com função social e uma câmara dos Lordes com pares hereditários", monarquia, nobreza e Câmara dos Lordes que não passavam, naquela época, na Grã-Bretanha, de presenças decorativas.
E, depois, Hipólito investe contra o Estado Novo que corporiza numa imaginária República da Ilusitânia a qual "fica situada à maior latitude do Arbítrio Pessoal e na maior longitude da Razão política".
"Convertendo ou pervertendo os meios em fins na Ilusitânia deixou de haver escala e medida nos sacrifícios impostos pelo estatismo puro a benefício de quem lá governa e administra". Salazar e Carmona a encherem os bolsos como hoje os abrilinos. Enfim! E, perdido todo o bom senso, Hipólito proclama que "a mendicidade aberta ou descoberta é o meio de vida de metade da população" de Lisboa. Embora muito jovem, vivi nessa época e encolho os ombros.
Quanto a Pequito Rebelo, em 1942, numa conferência proclama "a doutrina da personalidade, um indicador da tendência da evolução" achando que "o integralismo se mostrou mais pró-personalista que anti-individualista", numa auto-interpretação assaz discutível. Depois, aponta à segunda geração integralista a missão de "combater a pseudo-nação" que era como designava o Estado Novo. Isto no momento em que no nosso país a anti-nação erguia de novo a cabeça. Mas combater a pseudo-nação de que ponto de vista? Pelo que tinha de transigente, de vestígios de democracia, de não rigorosamente autoritária? Nada disso. Interessava-lhe como um dos pontos básicos a "salvaguarda da dignidade e dos direitos da pessoa humana".
E na altura em que a Inglaterra era a campeã da democracia lá vinha dedicar um volume assaz fantasista "O Aspecto Espiritual da Aliança Inglesa".
Por seu turno Almeida Braga, em 1944, no prefácio a livro de um militar heróico, que se mostrou insensato líder político (diga-se entre parêntesis que por exemplo em 37 ele achava que "o nosso libelo contra o liberalismo não visa as alegadas finalidades de liberdade e fraternidade que são justas e cristãs e como tais dignas de franca aprovação, mas sim apenas as suas fórmulas de realização prática") Almeida Braga, repetimos, exalta "a liberdade política", condena "a rigidez molesta da censura" e lembrado, por certo, dos elogios que, na revista Integralismo Lusitano – Estudos Portugueses, vol. II, fascículo IV, Julho de 1933, p. 242 e fascículo VI, Agosto de 1933, pp. 327-328, sob os títulos, respectivamente, "Itália gloriosa" e "Giovinezza, Giovinezza", quando já tinha sido formulada por Mussolini (e Gentile) o que pitorescamente classifica de "doutrina satânica", dedicara ao Fascismo, adverte "já pode dizer-se" (o é uma delícia) que "o fascismo foi um erro político".
Alberto de Monsaraz, em 1945, em plena ofensiva do MUD contra o Estado Novo, em que anti-nação parecia prestes a triunfar, lá veio com um opúsculo Altura Solar, exalçando "as múltiplas liberdades individuais com que se dignifica a personalidade humana" e apontando "o alto exemplo da Inglaterra monárquica, derradeiro baluarte de liberdades".
O mal que estes desvios doutrinários produziram nos ambientes nacionalistas, que veneravam os autores mencionados como mestres, foi incalculável.
No momento em que parecia que se ia voltar ao caos anterior ao 28 de Maio e o nacionalismo seria varrido da terra, os mais respeitados dos seus fundadores resolviam alinhar com os erros triunfantes, trazendo a maior das desorientações a velhos e novos.
Felizmente, houve Alfredo Pimenta que se manteve impávido face à onda de desvario, apegado às antigas verdades, recusando-se sempre a pactuar com o liberalismo, a democracia, os direitos do homem, a eminente dignidade da pessoa humana e quejandas tolices.
Por circunstâncias ligadas à guerra fria, o Estado Novo de Salazar pôde ir sobrevivendo, mas já enfraquecido, forçado a relações perigosas e privado do que poderia ser, no plano doutrinário, uma crítica positiva de extrema-direita, visando a monarquia integral.
Ao invés, em 1947, apareceu uma gazeta dita monárquica Diário Nacional, patrocinado pelos ex-integralistas que referimos, um dos quais – Alberto de Monsaraz – resolveu considerar as denominadas quatro liberdades de Roosevelt – a que chamava Carta do Atlântico – como pilares da Realeza. Essa gazeta era entusiasta da monarquia democrática, ou seja, do círculo quadrado. Alfredo Pimenta combateu energicamente o triste papel, que não durou muito tempo. Ai de nós, deixou semente. Nas várias campanhas eleitorais lá iam aparecendo listas que se proclamavam monárquicas e o que eram realmente é demo-liberais.
Em 1950, Hipólito Raposo, Pequito Rebelo, Almeida Braga deram à luz, creio que na pequena revista Gil Vicente um manifesto, republicado na Cidade Nova, IIª série, n.º 6, de 1951, em que além da habitual reivindicação da liberdade de imprensa propunham que as Cortes tivessem funções deliberativas na votação e alteração da Lei Fundamental.
Precisamente um dos pontos que os fez repudiar o Pacto de Paris em 1922. Onde tínhamos chegado!

António José de Brito in «Comunicação ao I Congresso Nacionalista Português», Outubro de 2001.

1º de Maio, dia de São José Operário


A Igreja baptizava outrora as festas pagãs, usando com soberana liberdade das datas e cerimónias para lhes dar um conteúdo cristão.
Foi inspirando-se nesta tradição que a Igreja colocou a festa civil do trabalho, no primeiro de Maio, sob o poderoso patrocínio de São José, o humilde artífice que Deus escolheu para velar sobre a infância do Verbo Encarnado. Quem, melhor do que ele, com o trabalho quotidiano, deu graças a Deus Pai pelo Senhor Jesus, seu aprendiz dócil e obediente, Aquele a quem chamavam «filho do carpinteiro»? Possa São José cobrir com sua vigilante protecção o mundo do trabalho de que partilhou a austera sorte. Possa ele guiar e sustentar os esforços deste mundo do trabalho para fazer que reinem sobre o mundo a justiça e a caridade, sob a lei do amor a Cristo.

Fonte: «Missal Romano Quotidiano», 1963.