Entrudo Português

Numa época em que Portugal se vê invadido por carnavais brasileiros, vale a pena recordar o nosso Entrudo, através de uma bela música tradicional da Beira Baixa:


Entrudo vem do latim introitu, que quer dizer entrada. O Entrudo corresponde assim aos três dias de entrada ou que precedem a Quaresma. Como sinónimo de Entrudo existe também a palavra Carnaval, que é de origem mais recente, provindo do italiano Carnevale, e referindo-se às carnes especialmente consumidas nos dias de Entrudo. Por esse motivo, em Portugal é comum chamar-se Terça-Feira Gorda ao dia de Carnaval.

O esquerdismo e o complexo de culpa


O norueguês da notícia, que foi violado por um migrante somali, é membro do Partido de Esquerda Socialista, assumindo-se ainda como feminista e anti-racista.

CULPABILIDADE. Estado daquele que cometeu uma falta. A par da culpa real e objectiva que consiste na violação grave de uma regra, encontra-se em numerosos indivíduos um sentimento, mais ou menos claro, de falta subjectiva, que se exprime no comportamento ou suscita na pessoa uma angústia de perseguição, devida a um crime imaginário. Quando esse sentimento de culpa se torna intenso, poderá desencadear uma situação de neurose [doença mental] ou mesmo de psicose [doença mental com perda de noção do real]. Certos delirantes, auto-acusam-se de todos os males do mundo, vivem num estado de culpabilidade dolorosa e procuram punir-se a si próprios, mutilar-se, ou até mesmo matar-se. Segundo alguns psicólogos, na base de qualquer psicose existe uma culpabilidade irreal que o doente tenta desesperadamente anular, porque constitui uma terrível ameaça para a sua auto-estima.
Adaptado de «Dicionário de Psicologia Larousse».

Ora muitas das ideologias modernas, sobretudo da chamada Nova Esquerda, que preconizam, entre outras coisas, "a culpa da Europa e do Homem Branco", têm por base enfermidades mentais. Sendo que muitos destes enfermos oscilam entre comportamentos extremos, desde sentir-se culpado de tudo a desculpar tudo nos outros. Mas o que é mais preocupante, é que se deixou de tratar estes casos como patológicos e se passou a aceitá-los como meras opiniões políticas. Um caso bem conhecido é o do psicanalista Wilhelm Reich, que chegou a estar internado num manicómio, mas cujo papel de ideólogo freudo-marxista está na origem da chamada Revolução Sexual.

A desigualdade natural é um bem social


A desigualdade é raiz de mal social?! Pelo contrário, a Igreja sempre ensinou que a desigualdade natural é um bem social e uma fonte de justiça, e sempre condenou as doutrinas igualitárias e socializantes. Eis o exemplo da encíclica de Pio XI sobre o comunismo ateu:
Deve-se advertir que erram de modo vergonhoso aqueles que opinam levianamente serem iguais, na sociedade civil, os direitos de todos os cidadãos, e não existir uma hierarquia social legítima.
Papa Pio XI in encíclica «Divini Redemptoris», 1937.

Salazar devia ter restaurado a Monarquia?

Ao visitar um grupo pseudo-tradicionalista no facebook, deparei-me com a seguinte imagem:


A respeito do "erro" de Salazar em não ter restaurado a Monarquia, vejamos a opinião de um verdadeiro monárquico em 1949:

Consequentemente, a Realeza a restaurar não é a Realeza liberal, constitucional, democrática, parlamentar, que aí tivemos a abrir a catástrofe de 1910 – mas a outra, a Realeza que vem de 1128 a 1820, a quem se deve a formação, a consolidação, o prestígio de Portugal; a quem se devem os fundamentos sobre que repousa a Nacionalidade; a quem se devem as fronteiras portuguesas, no continente europeu e no Ultramar. A Realeza postiça de 1834 a 1910, devemos a República, que foi a consequência lógica das lutas partidárias que a Realeza de então não podia evitar, porque ela própria saíra de uma luta partidária vitoriosa; que ela não podia condenar, porque era da sua essência reconhecê-las; que ela não podia dominar, porque fôra ela quem as desencadeara. Já não sei se há monárquicos em Portugal capazes de um movimento transcendente, como este que preconizo – tão afastado vivo de todos e de tudo – desde o Rei até à mais rudimentar organização da chamada Causa Monárquica. Fiel aos princípios, cada vez mais integrado neles, vivo distante dos homens que têm a fama de os representar, por incompreensão mútua: nem eles me entendem, nem eu os entendo a eles. A hora é dos videirinhos e dos trafulhas, e eu limito-me a assistir, de longe, como de longe das roletas do Estoril ou das celas do Limoeiro, à acção e ao triunfo admirável de uns e de outros. Eu sou o irrequieto, porque não me conformo com que se ponham no mesmo plano, homens honestos e homens desonrados, aventureiros e homens sérios; eu sou o conflituoso, porque digo que um gato é um gato, e um coelho é um coelho; eu sou réprobo, porque me caracterizam estas duas qualidades, que pelos vistos são defeitos, e se traduzem pela expressão adoptada por um alto espírito português: a independência dos meus juízos, e a firmeza das minhas convicções. Por tudo isto, vivo distante, em isolamento que progride, porque não dou um passo, nem esboço um gesto para conter ou limitar. E assim não sei se há monárquicos em Portugal capazes de dar à doutrina monárquica a forma que ela requer, e a força que ela solicita, para poder emergir dos escombros em que a Vitória das Democracias a sepultou. Monárquicos, é claro, que não tragam à frente, como o judeu das tâmaras, o balcão dos negócios; monárquicos que não sejam comerciantes e traficantes, e não façam da doutrina monárquica moeda de compra e venda.
Se os há, bom seria que alguém os juntasse, e os animasse à obra que tudo indica como indispensável.
Se os não há... Nem por isso me demitirei de dizer o que é necessário realizar.

Alfredo Pimenta in «Três Verdades Vencidas: Deus, Pátria, Rei», 1949.

A Ética Global e a Nova Ordem Mundial


No Parlamento das Religiões do Mundo, em 1993, Hans Küng, a quem a Santa Sé proibiu o ensino de teologia católica, apresentou o projecto da Ética Planetária com o prévio aval da UNESCO, do Fórum Económico Mundial de Davos e do World Wide Fund for Nature (WWF). A primeira edição da nova ética de Küng foi prefaciada pelo Príncipe Philip de Edimburgo [marido de Isabel II], na época presidente da WWF. Hans Küng tornou-se assim uma das cabeças visíveis do processo para impor esta nova ética cósmica, enunciada no estilo da maçonaria, composta de uma mistura de gnose, expressões de bons desejos e da vaga e alienante espiritualidade new age. A Ética Planetária é uma boa resposta ao projecto da UNESCO de ética universal de valores relativos. O próprio Küng a define como "uma síntese de superação de todas as religiões do mundo".
O projecto de Küng foi aprovado pelo Parlamento das Religiões como "um consenso mínimo sobre os valores fundamentais de carácter vinculante, de normas irrevogáveis e de atitudes morais fundamentais".
O conteúdo da Ética Planetária está cheio de ambiguidades, e nele se acentuam palavras que os próprios autores se encarregaram de esvaziar de conteúdo, de modo que cada indivíduo possa interpretá-las à sua maneira, segundo a sua tradição cultural ou de acordo com os seus interesses. É um legado contra o "fanatismo e a intolerância, em favor da tolerância universal", que não se realiza em nenhum princípio, porque, de acordo com o próprio Küng, os princípios devem ser elaborados num consenso posterior, pouco ou nada tendo de padrão irrevogável.
Tal como a Carta da Terra, este projecto ignora a existência de Deus e, naturalmente, a Sua transcendência em relação à Criação. Nem mesmo a existência da alma humana como uma entidade separada, fica clara. Como resultado, exclui a existência da verdade absoluta, impondo à humanidade um processo sem fim de procura de consensos sobre princípios morais, que permanecerão até que aqueles perdurem para, em seguida, em virtude de novos consensos, serem mudados, substituídos. Como é facilmente dedutível, neste processo sem fim está incluído o consenso sobre a vida e a morte, relativizando o valor e o respeito pela vida humana desde a concepção até à morte natural.
As atitudes morais fundamentais são reduzidas a palavras sem significado claro: paz, justiça, equidade, dignidade, compaixão, tolerância, solidariedade, diálogo, respeito à pluralidade e outras, as quais são ambíguas em si mesmas, como o termo "crentes", que abrange todos os seres humanos que acreditam em algo ou alguém, o que, na linguagem da ética global, equivaleria a uma espécie de sincretismo universal.
No primeiro capítulo, Küng diz: "Estes princípios são baseados na suposição de que a Nova Ordem Mundial não pode sobreviver sem uma ética global". Ou seja, sem alguns princípios éticos novos a serviço do projecto político de dominação. É a "religião" ao serviço do poder. Os elogios do presidente do Directório do Fundo Monetário Internacional, em relação a Küng, o confirmam.
Aparentemente, a Ética Planetária encontra um público favorável no mundo das finanças internacionais e a Carta da Terra no campo internacional socialista. Mas esta é apenas uma impressão, pois os nomes de Hans Küng e Leonardo Boff, e outros, aparecem nas mesmas redes e nos mesmos fóruns. Na verdade, ambos os projectos têm as mesmas intenções: a subversão da ordem natural e a destruição das raízes cristãs da cultura através do relativismo moral e do igualitarismo religioso. É o homem que constrói o seu código ético em guerra aberta contra Deus – o antigo projecto das lojas maçónicas.
A Carta da Terra e a Ética Planetária não são projectos que concorrem entre si; são, na verdade, alternativos ou complementares. Têm o mesmo objectivo: a demolição da Igreja Católica e a construção de outra igreja, uma caricatura ao serviço da Nova Ordem Mundial.

Pe. Juan Claudio Sanahuja in «Poder Global e Religião Universal», 2010.

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O pior inimigo é o interno


Uma nação pode sobreviver aos seus loucos, mesmo aos ambiciosos. Mas não consegue sobreviver à traição vinda de dentro. Um inimigo às portas é menos formidável, pois ele é conhecido e transporta a sua bandeira à vista. Mas o traidor movimenta-se livremente entre aqueles que estão dentro de portas, o seu murmúrio malicioso percorre todas as ruelas e é ouvido nos corredores do governo, ele próprio. Pois o traidor não aparenta ser traidor; ele fala de um modo familiar às suas vítimas, e desgasta a sua face e os seus argumentos; ele apela à vileza que mora fundo no coração de todos os homens. Ele apodrece a alma de uma nação; ele trabalha secretamente e oculto na noite, a fim de minar os pilares da cidade, ele infecta o corpo político a fim de que este não mais possa resistir. Um assassino é menos de temer.



Afinal, eles coincidem!


Em 1830, José Liberato Freire de Carvalho publicou o livro «Ensaio histórico-político sobre a Constituição e Governo do Reino de Portugal; onde se mostra ser aquele Reino, desde a sua origem, uma monarquia representativa, e que o absolutismo, a superstição, e a influência da Inglaterra, são as causas da sua actual decadência». É estranho que neste título coincida aquela opinião de alguns tradicionalistas espanhóis (e alguns portugueses enganados) a respeito de Portugal. Que estranha coincidência! Mas quem é este autor? Este "santo" foi um frade do Mosteiro da Santa Cruz de Coimbra, depois jornalista, político, deputado e maçon! Era da causa liberal.

Marxismo Cultural


Antonio Gramsci estabeleceu um modelo revolucionário segundo o qual a hegemonia cultural é a base da revolução comunista, significando com isso que esta depende da capacidade que as forças revolucionárias adquiram para controlar os meios que permitem dirigir a consciência e a conduta social. Uma revolução assim entendida consiste em modificar de maneira imperceptível o modo de pensar e sentir das pessoas para, por extensão, terminar por modificar decisiva e totalmente o sistema social e político.

A estratégia gramsciana estava desenhada do seguinte modo:

1. Para impor uma transformação ideológica era necessário começar por lograr a modificação do modo de pensar da sociedade civil através de pequenas transformações realizadas ao tempo no campo da cultura. Havia que construir um novo pensamento, entendido como o modo comum de pensar que historicamente prevalece entre os membros da sociedade. Para Gramsci isto era mais importante e prioritário do que alcançar o domínio da sociedade política (conjunto de organismos que exercem o poder desde os campos jurídico, político e militar).

2. Para lograr este objectivo era necessário apoderar-se dos organismos e instituições donde se difundem os valores e parâmetros culturais: meios de comunicação, universidades, escolas... Depois de cumprido este processo a conquista do poder político cairia pelo seu próprio peso, sem revoluções armadas, sem resistências nem contra-revoluções, sem necessidade de impor a nova ordem pela força, já que esta teria consenso geral.
Um modelo histórico de actuação de acordo com estes princípios seria a mentalidade iluminista que preparou o terreno para o que logo seria a Revolução Francesa e o liberalismo, estendido por toda a Europa e América graças à mudança de pensamento hegemónico promovido desde o século anterior.

3. Para ter êxito havia que superar dois obstáculos: a Igreja Católica e a Família.

A estratégia determinada por Gramsci foi projectada pela chamada Escola de Frankfurt, originalmente fundada em 1923 como Instituto para o Novo Marxismo e rapidamente denominado Instituto para a Investigação Social, para encobrir o seu objectivo sentido político.

Através de autores como Georg Lukács, Max Horkheimer, Theodor Adorno, Wilhelm Reich, Erich Fromm, Jean-Paul Sartre, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, etc., formula-se a doutrina do neo-marxismo e a partir dele a esquerda elabora um programa concreto de acção estruturalista que logra uma decisiva influência em distintos campos do pensamento, na psicologia (Lacan), na educação (Piaget) e na etnologia (Lévi-Strauss), entre outros.

Foram basicamente estas elaborações ideológicas que activaram e sustentaram o processo revolucionário dos anos 60 do século XX, sendo particularmente eficientes entre os estudantes das universidades de França e Alemanha. Ainda assim, estas ideias também seriam a base tanto do chamado euro-comunismo como do neo-socialismo desenvolvido em distintas latitudes durante os anos 80 e 90.

Estas raízes norte-americanas da actual esquerda europeia foram expostas detalhadamente por Paul Edward Gottfried (The Strange Death of Marxism) e é uma das circunstâncias que explicam a escassa repercussão que teve a queda da União soviética nos comunistas e nos socialistas: ideologicamente estavam mais vinculados aos EUA do que à URSS e, provavelmente, um regime "duro" que se apresentava como paradigma da ortodoxia comunista resultava para eles mais como um obstáculo do que uma referência.

O princípio constitutivo desta crença radica num materialismo que nega a existência de um princípio anterior e superior ao homem. Nega-se explicitamente a existência de um Deus criador, a existência da alma humana e, portanto, de toda a essência e toda a transcendência do ser. Impõe-se um sistema teórico multiculturalista baseado no relativismo absoluto, o qual implica a negação da existência de verdades de validade universal.

Assumindo tais premissas, como se manifesta concretamente este novo tipo de acção revolucionária?

A aplicação deste sistema procura gerar um ânimo hostil contra todo o tipo de autoridade, contra toda a forma de hierarquia e ordem, seja no terreno religioso ou no civil. A autoridade degrada-se sistematicamente na Igreja, no Estado, na família ou no ensino. Esta quebra da ordem natural conduz a uma completa perda de princípios e uma radical decadência moral. Desencadeiam-se as paixões nas crianças e adolescentes através de uma educação estatal ou dos meios de comunicação que criam um ambiente de impureza omnipresente. A fim de romper a estrutura do sistema social, introduz-se um igualitarismo radical projectado na ideologia de género que proclama a superação do actual modelo de sociedade mediante a transformação da diferenciação sexual em meras categorias culturais e, por conseguinte, opcionais e elegíveis.

Uma vez destruído o universo de valores até então vigentes, o seu lugar foi ocupado por uma nova hegemonia: a dessa mentalidade, hoje dominante, substrato permanente de uma prática política que é, ao mesmo tempo, a consequência e o principal motor do processo.

Ao serviço desta estratégia colocam-se meios tão díspares como a democracia, a demolição do Estado nacional, a imigração, a infiltração e auto-demolição da Igreja, a memória histórica, a educação para a cidadania ou a cultura da dependência promovida por uma gestão económica dos recursos dirigida pelo Estado.

Há alternativa? Sim, existe, mas só será possível na medida em que tenha lugar a recuperação da hegemonia na sociedade civil. Algo que implica a luta pela Verdade, que não se impõe por si mesma, e a capacidade de gerar instrumentos coercivos que, ao abrigo da lei, actuem como travão das tendências desagregadoras.

Pe. Ángel David Martín Rubio in revista «Altar Mayor», Janeiro de 2008.