Afinal, eles coincidem!


Em 1830, José Liberato Freire de Carvalho publicou o livro «Ensaio histórico-político sobre a Constituição e Governo do Reino de Portugal; onde se mostra ser aquele Reino, desde a sua origem, uma monarquia representativa, e que o absolutismo, a superstição, e a influência da Inglaterra, são as causas da sua actual decadência». É estranho que neste título coincida aquela opinião de alguns tradicionalistas espanhóis (e alguns portugueses enganados) a respeito de Portugal. Que estranha coincidência! Mas quem é este autor? Este "santo" foi um frade do Mosteiro da Santa Cruz de Coimbra, depois jornalista, político, deputado e maçon! Era da causa liberal.

6 comentários:

Eu disse...

Pois claro, caro Veritatis! Mais um pouco e veremos que também os tradicionalistas de Espanha sem querer tinham já inoculado fumos liberais.Portugal tem mais para dar neste ponto... mas os da "fantasia absolutista" preferem ficar estancados no erro que as lojas maçónicas dos USA, FRANÇA, e INGLATERRA divulgaram desde a suas sociedades filosófico-iluministas.

É triste ver hoje como vão as coisas já em Portugal, e como insistem no erro por vaidade de segurar as apostas precipitadas que fizeram...

Cumprimentos.

VERITATIS disse...

Caro Pedro Oliveira,

De facto o distanciamento entre liberais-maçónicos e tradicionalistas espanhóis a respeito de Portugal não é tanto quanto deveria ser. Os tradicionalistas espanhóis num ponto ou outro não conseguiram a distância total do Liberalismo naquela época. O pior, é ver como alguns pequenos erros foram absorvidos, e ver hoje surgir grupos que por não conhecerem o nosso, vão copiar o tradicionalismo a Espanha, quando teve sempre em si o que faltou lá fora. Esta gente de agora foi avisada a tempo e corrigida, mas insistem e avançam, mudando tudo menos certos princípios que, vendo bem são pouco católicos, ou nada mesmo. Será apenas teimosia ou haverá algo mais?

Cumprimentos.

Eu disse...

Caro VERITATIS,

esta a referir-se à associação sem fins lucrativos auto-denominada "Causa Tradicionalista", caso que conhecemos anos antes dela ter sido instituída? Mas... onde é que está o Miles, que é de lhe perguntar umas coisas a respeito do "tradicionalismo", e outras misturas em crescimento!?

Sim, infelizmente aquilo que os bons resistentes resistentes temiam no séc. XIX (e alguns escorregaram pela dificuldade que o assunto exige), na Espanha já o tinham aprovado em força: o constitucionalismo. Chamamos a isto "monarquia liberal" (um dos objectivos principais dos liberais de então), na Espanha era aceite isto aceite pelos "tradicionalistas" (custa dizer), MENOS por aqueles que eram mal chamados de "absolutistas". Há aqui várias realidades a distinguir. Há que distinguir e considerar a realidade, não para proveito do activismo, mas por amor à verdade:

1 - LEGITIMISMO: na verdade não é isto qualquer coisa que qualquer grupo assim se tivesse querido chamar. O legitimismo assenta no CRITÉRIO de LEGITIMIDADE, de quem quer que seja ao TRONO, por exemplo. Tanto há legitimismo nas tentativas por D. Pedro IV, como nas tentativas por D. Miguel seu irmão. O pensamento modernista tende a confundir a coisa com o grupo que lhe tome o nome. Mas, o legitimismo é na verdade o conjunto de esforços e movimentações assentes no pressuposto da LEGITIMIDADE ao TRONO, e só. Há a reter: pode um rei ser ilegítimo, mesmo que a Monarquia seja a própria e legítima, à qual não tenham feito alterações de sistema etc.. Em Portugal, como bem sabe, D. Pedro IV usurpou o Trono com a ajuda da Maçonaria, Liberais, e com a Banca "nariguda", e eis uma sucessão ilegítima que até foi gerindo a queda, travando-a quanto conseguiram. Mas não era apenas a ilegitimidade das cabeças, o sistema não era legítimo, tal como a República não o é! Os nossos legítimos reis não tiveram que se dobrar a falsos sistemas.

2 - O SISTEMA: a monarquia portuguesa é aquela observável desde D. Afonso Henriques até D. Miguel. Ela existe? Sim, existe, porque Portugal É uma monarquia, ou seja, é aquela mesma monarquia, que, felizmente deveria muito bem servir de exemplo de integridade MONÁRQUICA. Ninguém discorda que depois de D. Miguel o sistema não fosse outro! Ninguém discorda que quem lutou pela mudança foi o ILUMINISMO-MAÇONARIA-LIBERALISMO; mas poucos sabem que o conceito de "absolutismo" APARECE nos registos das sociedades ILUMINISTAS por volta de 1750, e que foi usado ESTRATEGICAMENTE para atacar esse sistema monárquico ANTERIOR, todo ele. Enfim... Juan Manuel de Prada bem pode erguer estátua a Benjamin Franklin, e haveria que explicar-lhe o motivo. Ora bem, o SISTEMA novo, a "monarquia liberal" (que dela diz Fr. Fortunato de S. Boaventura não ter nada de monarquia) também não é legítimo, não é a Monarquia portuguesa, não é Portugal (o qual tem a sua essência). Hoje a Espanha tem um rei ilegítimo, e uma "monarquia" ilegítima; e infelizmente os seus reis legítimos, se não me falha a memória, chegaram a sujar a coroa com falsa monarquia. Mas não ... é ver agora os "bons" filhos de Portugal dar com os pés naquilo onde somos exemplo, e abraçarem aquilo onde os outros não são mais que exemplo cocho.

3 - esqueci-me do 3º ponto, porque são três coisas e não duas... enfim...

Quanto à associação auto-intitulada "causa tradicionalista", por piada poderia alguém ainda fazer outra com nome mais sonantes "Comissão Portuguesa de Inspecção Tradicionalista", nós bem conhecemos como se formou, vemos as alterações que tem feito que, ainda que para melhor, dão bem a entender quais os princípios NUNCA cambiáveis e que estão desde os seus primórdios bem discretozinhos...

Assim vai o "restauro".....

Osga disse...
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VERITATIS disse...

Caro Osga,

O referido livro é uma apologia de doutrinas liberais-maçónicas. Por isso, a bem da sanidade intelectual, a sua leitura não pode ser recomendada.

Cumprimentos.

Unknown disse...

O maçon Antero de Quental defendia exactamente as mesmas posições no seu "Causas da decadência dos Povos Peninsulares". Logo se vê que ambos foram ao mesmo covil buscar tais ideias.