A escola e a imprensa: subverter sem violência


A escola e a imprensa são os dois pontos de partida a partir dos quais o mundo se pode renovar e refinar sem sangue ou violência. A escola alimenta ou envenena a alma da criança, a imprensa alimenta ou envenena a alma do adulto.

Richard Coudenhove-Kalergi in «Praktischer Idealismus», 1925.


Relembro: Sociedade Fabiana.

130º aniversário de nascimento de Salazar


Algumas citações do último grande Estadista português:

«Não tem que agradecer-me ter aceitado o encargo, porque representa para mim tão grande sacrifício que por favor ou amabilidade o não faria a ninguém. Faço-o ao meu País como dever de consciência, friamente, serenamente cumprido.
Não tomaria, apesar de tudo, sobre mim esta pesada tarefa, se não tivesse a certeza de que ao menos poderia ser útil a minha acção, e de que estavam asseguradas as condições de um trabalho eficiente.» [27 de Abril de 1928]

«Advoguei sempre a política do simples bom senso contra a dos grandiosos planos, tão grandiosos e tão vastos que toda a energia se gastava em admirá-los, faltando-nos as forças para a sua execução.
Advoguei sempre uma política de administração, tão clara e tão simples como a pode fazer qualquer boa dona de casa – política comezinha e modesta que consiste em se gastar bem o que se possui e não se despender mais do que os próprios recursos.» [9 de Junho de 1928]

«Num sistema de administração em que predomina a falta de sinceridade e de luz, afirmei, desde a primeira hora, que se impunha uma política de verdade. Num sistema de vida social em que só direitos competiam, sem contrapartidas de deveres, em que comodismos e facilidades se apresentavam como a melhor regra de vida, anunciei, como condição necessária de salvamento, uma política de sacrifício. Num Estado que nós dividimos, ou deixámos dividir, em irredutibilidades e em grupos, ameaçando o sentido e a força da unidade da Nação, tenho defendido, sobre os destroços e os perigos que dali derivaram, a necessidade de uma política nacional[21 de Outubro de 1929]

«Temos de olhar com calma, mas com firmeza, para a desorientação do momento, e pôr na defesa do interesse de toda a colectividade, pelo menos a energia e a decisão com que outros pretendem impor-nos o interesse do seu grupo, do seu partido, da sua classe, ou simplesmente os triunfos das suas ideologias desvairadas.» [30 de Dezembro de 1930]

«Esforcei-me, tanto quanto pude, para eliminar da vida nacional as preocupações mesquinhas, as coisas insignificantes, sem valor real, e dar-lhe horizontes amplos, dignidade, elevação, nobreza. Lutei para substituir a tristeza da decadência e o espírito das lutas internas, pelo amor pela terra e pelos homens, com a alegria da vida saudável, com o vigor português, com a grandeza da Nação.» [29 de Julho de 1933]

«Professor estrangeirado na política, fiz do Governo zelo de magistério, fazendo sempre apelo, sobretudo e apesar de tudo, à força e à nobreza do espírito.» [28 de Janeiro de 1934]

«Um moralista deixou escrito: Deus nos dê o sábio para nos ilustrar, o santo para nos edificar, o homem prudente para nos governar. O autor encontrara no seu bom senso a verdade política que a experiência humana tem inteiramente consagrado.» [10 de Fevereiro de 1935]

«A garantia suprema da estabilidade da obra realizada está precisamente na reforma moral, intelectual e política, sem a qual as melhorias materiais, o equilíbrio financeiro e a ordem administrativa, ou não se podem realizar, ou não podem durar.» [27 de Abril de 1935]

«Às almas dilaceradas pela dúvida e o negativismo do século, procurámos restituir o conforto das grandes certezas. Não discutimos Deus e a Virtude; não discutimos a Pátria e a sua história; não discutimos a Autoridade e o seu prestígio; não discutimos a Família e a sua moral; não discutimos a glória do trabalho e o seu dever. Assim se assentaram os grandes pilares do Edifício, e se construiu a paz, a ordem, a união dos portugueses, o Estado forte, a autoridade prestigiada, a administração honesta, o revigoramento da economia, o sentimento patriótico, a organização corporativa e o império colonial.» [28 de Maio de 1936]

«Temos passado anos a pregar, pela palavra e pelo exemplo, persistentemente, teimosamente, que todos não somos demais para continuar Portugal. Com o alto nível da nossa tradição histórica e as exigências de uma herança de pesados deveres para com a nossa gente e para com os outros povos, seria louca tentativa – louca e vã – construir sobre lutas de partidos, ódios de classes, antagonismos de fortuna ou profissão, divisões em nós mesmos. Nós o havemos compreendido e, sem abdicar do sentido da hierarquia necessária à vida social, revelamo-nos como membros solidários de uma comunidade que se funda no mesmo sangue, se alimenta dos mesmos frutos do trabalho e vive do mesmo espírito. No trabalho ou nos sacrifícios, no sofrimento ou na caridade, nas alegrias ou nas preocupações da vida individual e colectiva, fomos guiados – e salvos – pelo amor pátrio a reencontrar o elo de solidariedade que devia prender-nos como as pedras de um edifício – a sermos finalmente perante o Mundo todos como um só.
É por um lado nesta já agora indestrutível unidade nacional, e por outro no valor dos princípios informadores da nossa vida material e moral, e na consciência desse valor, que deve repousar a nossa maior confiança.» [28 de Abril de 1941]

Cauchy: matemático e católico convicto


Eu sou cristão, isto é, creio na divindade de Jesus Cristo, como Tycho Brahe, Copérnico, Descartes, Newton, Fermat, Leibniz, Pascal, Grimaldi, Euler, Guldin, Boscovich, Gerdil, como todos os grandes astrónomos, todos os grandes físicos, todos os grandes geómetras dos séculos passados. Eu sou católico como a maioria deles; e se me perguntassem a razão, eu responderia de bom grado. E veríamos que as minhas convicções são o resultado, não de preconceitos de nascimento, mas de um exame aprofundado. Veríamos como estão gravadas na minha mente e no meu coração, verdades mais incontestáveis do que o quadrado da hipotenusa ou o teorema de Maclaurin.

Augustin Louis Cauchy in «Considérations Sur Les Ordres Religieux», 1844.

Aleluia! Aleluia! Aleluia!


Estando já avançada a noite do Sábado, ao amanhecer o primeiro dia da semana, foi Maria Madalena e a outra Maria visitar o sepulcro.
E eis que se deu um grande terremoto. Porque um anjo do Senhor desceu do Céu, e, aproximando-se, revolveu a pedra do sepulcro, e estava sentado sobre ela; e o seu aspecto era como um relâmpago; e o seu vestido branco como a neve. E pelo temor que tiveram dele, aterraram-se os guardas e ficaram como mortos.
Mas o anjo, tomando a palavra, disse às mulheres: Vós não temais, porque sei que procurais a Jesus, que foi crucificado; Ele já aqui não está, porque ressuscitou, como tinha dito; vinde e vede o lugar, onde o Senhor estava depositado. Ide já dizer aos Seus discípulos que Ele ressuscitou; e eis que vai adiante de vós para a Galileia; lá O vereis; eis que eu vo-lo disse antes.
Saíram logo do sepulcro com medo e grande gáudio, e foram correndo dar a nova aos discípulos.
E eis que Jesus lhes saiu ao encontro, dizendo: Deus vos salve. E elas aproximaram-se d'Ele e abraçaram os Seus pés, e O adoraram. Então disse-lhes Jesus: Não temais; ide, avisai meus irmãos, para que vão à Galileia, lá me verão.
Tendo elas partido, eis que foram à cidade alguns dos guardas, e noticiaram aos príncipes dos sacerdotes tudo o que tinha sucedido. E, tendo-se congregado com os anciãos, depois de tomarem conselho, deram uma grande soma de dinheiro aos soldados, dizendo-lhes: Dizei: Os Seus discípulos vieram de noite, e, enquanto nós estávamos dormindo, O roubaram. E, se chegar isto aos ouvidos do governador, nós o aplacaremos e estareis seguros. E eles, recebido o dinheiro, fizeram como lhes tinha sido ensinado. E esta voz divulgou-se entre os Judeus e dura até ao dia de hoje.

Evangelho segundo S. Mateus, XXVIII, 1-15

A Cristo Crucificado


Divinas mãos e pés, peito rasgado,
Chagas em brandas carnes imprimidas...
Meu Deus! que por salvar almas perdidas,
Por elas quereis ser crucificado.

Outra fé, outro amor, outro cuidado,
Outras dores às Vossas são devidas;
Outros corações limpos, outras vidas,
Outro querer, no Vosso transformado.

Em Vós se encerrou toda a piedade,
Ficou no mundo só toda a crueza;
Por isso cada um deu do que tinha...

Claros sinais de amor, ah saudade!
Minha consolação, minha firmeza,
Chagas do meu Senhor, redenção minha!

Frei Agostinho da Cruz (1540-1619)

Quinta-Feira Santa


Na véspera da Sua Paixão, tomou Ele o pão em Suas santas e veneráveis mãos, e, erguendo os olhos ao Céu, para Vós, Deus, Seu Pai omnipotente, dando-Vos graças, abençoou-o, partiu-o e deu-o aos Seus discípulos, dizendo: «Tomai e comei dele todos vós, pois isto é o Meu Corpo».
De igual modo, terminada a ceia, tomou este precioso Cálix em Suas santas e veneráveis mãos, novamente Vos deu graças, abençoou-o e deu-o aos Seus discípulos, dizendo: «Tomai e bebei dele todos vós, pois este é o Cálix do Meu Sangue, do Sangue da nova eterna aliança (Mistério da Fé!), o qual será derramado por amor de vós e de muitos, para remissão dos pecados.
Todas as vezes que isto fizerdes, fazei-o em memória de Mim».

Fonte: «Missal Romano Quotidiano», 1963.

Da queda do Império Romano


Palavras de um historiador agnóstico:

A principal causa do retrocesso cultural [material] não foi o Cristianismo, mas o barbarismo; não a religião, mas a guerra. As inundações humanas arruinaram ou empobreceram as cidades, os mosteiros, as bibliotecas, as escolas, e tornaram impossível a vida do estudioso ou do cientista. Talvez a destruição tivesse sido pior se a Igreja não mantivesse certa medida de ordem numa civilização em ruínas. «Entre as agitações do mundo», disse Santo Ambrósio, «a Igreja permanece imóvel; as ondas não a podem abalar. Enquanto tudo à sua volta está num horrível caos, ela oferece a todos os náufragos um porto de abrigo onde podem encontrar segurança». E muitas vezes assim foi.

Will Durant in «The Story of Civilization: The Age of Faith», 1950.

Palavras de um Cardeal africano


Se o Ocidente continuar por esta estrada fatal, existe um grande risco – devido à baixa taxa de natalidade – de que o Ocidente desapareça, invadido por estrangeiros, como Roma foi invadida pelos bárbaros. E eu falo enquanto africano. O meu país é maioritariamente muçulmano. Acho que sei do que estou a falar.

Cardeal Robert Sarah in revista «Valeurs Actuelles», 27 de Março de 2019.

Da arquitectura moderna


A arquitectura pré-modernista foi concebida para aproveitar a luz solar para o aquecimento e iluminação dos edifícios (e as brisas, que também são produzidas pela acção solar no ar, para o arrefecimento). O desenvolvimento dessas técnicas tradicionais foi uma acumulação lenta e dolorosa de experiências ao longo de séculos. Foi a abundância anómala de petróleo e gás baratos na nossa época que permitiu aos construtores, e sobretudo aos arquitectos, preocupados com questões de estilo, afastarem-se das práticas tradicionais que tiravam partido da energia solar passiva. O século XX foi a era das curtain walls de vidro nos prédios de escritórios, das janelas que não abriam (ou que não existiam), das fachadas em titânio e de outras façanhas da moda destinadas a decorar os edifícios para proclamar o génio ousado e criativo de quem os concebia. Este comportamento narcisista só foi possível numa sociedade com uma energia barata, na qual pouco mais importava na arquitectura do que a moda e o estatuto, associados a um lugar de vanguarda. Num museu concebido por Frank Gehry, pouco importava que entrasse ar ou luz, porque era para isso que serviam o ar condicionado e os focos de halogéneo. O que importava era que a cidade fosse abençoada com um objectivo da moda criado por um xamã célebre. Ora, nada está mais sujeito a desvalorizar-se por deixar de estar na moda, do que uma coisa que só é valorizada por ser moderna.

James Howard Kunstler in «The Long Emergency», 2005.

6 de Abril: Batalha dos Atoleiros


«– Amigos, bem creio que já todos sabeis como o Mestre, meu senhor, me mandou a esta terra para com a ajuda de Deus e vossa, a defendermos de algum mal ou dano que os Castelhanos queiram praticar. E porque tenho recado certo de que o Prior do Hospital, meu irmão, o Mestre de Alcântara, e Martim Anes de Barundo, que contra direito se intitula Mestre de Avis, e Pêro Gonçalves de Sevilha e outros senhores com muita gente estão no Crato, que daqui é mui cerca, prontos a entrar nesta terra e destruí-la, minha vontade é de ir em vossa companhia buscá-los antes que se movam, e pelejar com eles. Espero na mercê de Deus ter deles vencimento, o que será para o Mestre, meu senhor, extremado serviço, e para vós honra e grande bem, pois defendeis a vossa terra, o que direitamente vos pertence».
Tanto que Nun'Álvares acabou estas palavras, todos à uma disseram que a coisa era pesada e muito de cuidar, pedindo, lhes desse espaço para nisso pensarem; e após responderiam. Não foi Nun'Álvares mui satisfeito, mas sofreu-se, porque não podia fazer mais. Ao dia seguinte, feito seu acordo, responderam por esta forma:
«– Nun'Álvares senhor, bem entendido temos o que ontem nos dissestes: e achamos que é coisa muito duvidosa irmos em vossa companhia pelejar com aquela gente pelas razões que vamos dar. A primeira por serem grandes senhores e com muita gente; a segunda porque vêm com eles o Prior, vosso irmão, que é um dos principais, e outros vossos irmãos, e é dura coisa pelejardes vós com eles; a terceira porque tendes muito pouca gente, comparada com a deles. Concluindo: não temos intenção de irmos convosco a tal peleja».
Quando Nun'Álvares tal resposta ouviu teve ainda maior pena que da primeira vez; e com a grande dor e aflição em que ficou, lembrou-se de lhes falar assim. Corria em frente deles uma pequena regueira com uma pouca de água e Nun'Álvares foi para eles e exclamou:
«– Amigos, de mim não sei que vos diga mais do que já disse; mas enfim vou responder às razões que me destes, uma por uma. A primeira, dos Castelhanos serem grandes senhores, tanto maior honra e louvor vos será de os vencerdes. Quanto à dúvida que tendes por ali virem meus irmãos, eu vos digo e prometo de verdade que ainda que lá viesse meu pai, eu seria contra ele, por servir o Mestre, meu senhor, e defender a terra que nos criou. E para verdes que assim é, se quiserdes ser comigo nesta obra, eu vos juro que serei o primeiro que a comece, para verdes a vontade que tenho neste feito contra eles. E enfim, pela parte de sermos poucos e eles muitos, não duvideis por isso de irdes a tal obra, pois muitas vezes aconteceu os poucos vencerem os muitos, que o vencimento está em Deus e não nos homens. Mas já que assim é, rogo-vos que aqueles que quiserem ir comigo a esta obra se passem da parte d'além deste regato, os que não quiserem fiquem de cá».
E isto dizendo passou ele; e os outros, quando o viram fazer, todos disseram que queriam ir com ele e passaram também.

Fonte: «Crónica do Condestável de Portugal», século XV.

Filosofia


Toda a filosofia canta a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo, que criou todas as coisas deste mundo. A filosofia não é mais que a descoberta das maravilhas que Deus fez neste mundo, no mundo material, no mundo espiritual e no mundo celestial, porque o cume da filosofia é a teodiceia, ou seja, o estudo de Deus e de todos os Seus maravilhosos atributos. A teodiceia faz-nos conhecer o Criador, Aquele que é por Si mesmo, enquanto nós não somos nada a não ser por Ele. As verdades da filosofia devem ser estudadas e meditadas à luz da fé, porque algumas verdades, inclusive naturais, são objecto de fé. As primeiras palavras do Credo são, de facto, palavras que afirmam verdades da filosofia, e por isso, da razão natural: "Creio em Deus, Criador do Céu e da Terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis". Aí está, em definitivo, toda a teodiceia.

D. Marcel Lefebvre in «A Santidade Sacerdotal».


Relembro: Sã Filosofia.

A escravatura dos tempos modernos


O que se deve antes salientar é que se houve alguma vez uma civilização de escravos em grande escala, foi exactamente a civilização moderna. Nenhuma civilização tradicional viu alguma vez massas tão numerosas serem condenadas a um trabalho obscuro, sem alma, automatizado, a uma escravatura que nem sequer tem como contrapartida a elevada estatura e a realidade tangível das figuras de senhores e de dominadores, mas que é imposta de maneira aparentemente inofensiva pela tirania do factor económico e pelas estruturas absurdas de uma sociedade mais ou menos colectivizada. E como a visão moderna da vida, no seu materialismo, retirou ao indivíduo todas as possibilidades de conferir ao seu próprio destino um elemento de transfiguração, de ver nele um sinal e um símbolo, assim a escravidão de hoje em dia é a mais tenebrosa e a mais desesperada de todas as que foram alguma vez conhecidas.

Julius Evola in «Rivolta Contro il Mondo Moderno», 1934.