Algumas citações do último grande Estadista português:
«Não tem que agradecer-me ter aceitado o encargo, porque representa para mim tão grande sacrifício que por favor ou amabilidade o não faria a ninguém. Faço-o ao meu País como dever de consciência, friamente, serenamente cumprido.
Não tomaria, apesar de tudo, sobre mim esta pesada tarefa, se não tivesse a certeza de que ao menos poderia ser útil a minha acção, e de que estavam asseguradas as condições de um trabalho eficiente.» [27 de Abril de 1928]
«Advoguei sempre a política do simples bom senso contra a dos grandiosos planos, tão grandiosos e tão vastos que toda a energia se gastava em admirá-los, faltando-nos as forças para a sua execução.
Advoguei sempre uma política de administração, tão clara e tão simples como a pode fazer qualquer boa dona de casa – política comezinha e modesta que consiste em se gastar bem o que se possui e não se despender mais do que os próprios recursos.» [9 de Junho de 1928]
«Num sistema de administração em que predomina a falta de sinceridade e de luz, afirmei, desde a primeira hora, que se impunha uma política de verdade. Num sistema de vida social em que só direitos competiam, sem contrapartidas de deveres, em que comodismos e facilidades se apresentavam como a melhor regra de vida, anunciei, como condição necessária de salvamento, uma política de sacrifício. Num Estado que nós dividimos, ou deixámos dividir, em irredutibilidades e em grupos, ameaçando o sentido e a força da unidade da Nação, tenho defendido, sobre os destroços e os perigos que dali derivaram, a necessidade de uma política nacional.» [21 de Outubro de 1929]
«Temos de olhar com calma, mas com firmeza, para a desorientação do momento, e pôr na defesa do interesse de toda a colectividade, pelo menos a energia e a decisão com que outros pretendem impor-nos o interesse do seu grupo, do seu partido, da sua classe, ou simplesmente os triunfos das suas ideologias desvairadas.» [30 de Dezembro de 1930]
«Esforcei-me, tanto quanto pude, para eliminar da vida nacional as preocupações mesquinhas, as coisas insignificantes, sem valor real, e dar-lhe horizontes amplos, dignidade, elevação, nobreza. Lutei para substituir a tristeza da decadência e o espírito das lutas internas, pelo amor pela terra e pelos homens, com a alegria da vida saudável, com o vigor português, com a grandeza da Nação.» [29 de Julho de 1933]
«Professor estrangeirado na política, fiz do Governo zelo de magistério, fazendo sempre apelo, sobretudo e apesar de tudo, à força e à nobreza do espírito.» [28 de Janeiro de 1934]
«Um moralista deixou escrito: Deus nos dê o sábio para nos ilustrar, o santo para nos edificar, o homem prudente para nos governar. O autor encontrara no seu bom senso a verdade política que a experiência humana tem inteiramente consagrado.» [10 de Fevereiro de 1935]
«A garantia suprema da estabilidade da obra realizada está precisamente na reforma moral, intelectual e política, sem a qual as melhorias materiais, o equilíbrio financeiro e a ordem administrativa, ou não se podem realizar, ou não podem durar.» [27 de Abril de 1935]
«Às almas dilaceradas pela dúvida e o negativismo do século, procurámos restituir o conforto das grandes certezas. Não discutimos Deus e a Virtude; não discutimos a Pátria e a sua história; não discutimos a Autoridade e o seu prestígio; não discutimos a Família e a sua moral; não discutimos a glória do trabalho e o seu dever. Assim se assentaram os grandes pilares do Edifício, e se construiu a paz, a ordem, a união dos portugueses, o Estado forte, a autoridade prestigiada, a administração honesta, o revigoramento da economia, o sentimento patriótico, a organização corporativa e o império colonial.» [28 de Maio de 1936]
«Temos passado anos a pregar, pela palavra e pelo exemplo, persistentemente, teimosamente, que todos não somos demais para continuar Portugal. Com o alto nível da nossa tradição histórica e as exigências de uma herança de pesados deveres para com a nossa gente e para com os outros povos, seria louca tentativa – louca e vã – construir sobre lutas de partidos, ódios de classes, antagonismos de fortuna ou profissão, divisões em nós mesmos. Nós o havemos compreendido e, sem abdicar do sentido da hierarquia necessária à vida social, revelamo-nos como membros solidários de uma comunidade que se funda no mesmo sangue, se alimenta dos mesmos frutos do trabalho e vive do mesmo espírito. No trabalho ou nos sacrifícios, no sofrimento ou na caridade, nas alegrias ou nas preocupações da vida individual e colectiva, fomos guiados – e salvos – pelo amor pátrio a reencontrar o elo de solidariedade que devia prender-nos como as pedras de um edifício – a sermos finalmente perante o Mundo todos como um só.
É por um lado nesta já agora indestrutível unidade nacional, e por outro no valor dos princípios informadores da nossa vida material e moral, e na consciência desse valor, que deve repousar a nossa maior confiança.» [28 de Abril de 1941]