E ao almoço, com efeito, para justificar as suas ocupações em Lisboa, falaram da Revista como se ela já estivesse organizada e os artigos a imprimir na oficina – tanta foi a precisão com que lhe descreveram as tendências, a feição crítica, as linhas de pensamento sobre que ela devia rolar... Ega já preparara um trabalho para o primeiro número: A Capital dos Portugueses. Carlos meditava uma série de ensaios à inglesa, sob este título: Porque Falhou entre Nós o Sistema Constitucional. E Afonso escutava, encantado com aquelas belas ambições de luta, querendo partilhar da grande obra, como sócio capitalista... Mas Ega entendia que o Sr. Afonso da Maia devia descer à arena, lançar também a palavra do seu saber e da sua experiência. Então o velho riu. O quê! compor prosa, ele, que hesitava para traçar uma carta ao feitor? De resto, o que teria a dizer ao seu País, como fruto da sua experiência, reduzia-se pobremente a três conselhos, em três frases – aos políticos: «menos liberalismo e mais carácter»; aos homens de letras: «menos eloquência e mais ideia»; aos cidadãos em geral: «menos progresso e mais moral».
Eça de Queirós in «Os Maias», 1888.
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