Quando os povos proclamaram: Viva o nosso Rei Absoluto, não quiseram dizer outra coisa, senão um Rei como os que sempre tivemos, sem restrições que lhe limitassem o uso das suas Faculdades Reais. Absoluto vem como contraposto de constitucional; porém os revolucionários, que para fazerem os Reis odiosos os confundem sempre com os déspotas, e que na sua terminologia demagógica inventaram também a palavra absolutismo como um sinónimo de despotismo, interpretam Rei absoluto, como se se dissesse Rei despótico.
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Mas que é o despotismo? Não confundamos ideias, que é necessário distinguir. O despotismo, segundo as noções dos Publicistas, é aquela monstruosa espécie de Governo, onde um só, sem lei e sem regra, move tudo pela sua vontade, e neste sentido as suas raias estão em contacto com as do Governo monárquico absoluto, onde o Príncipe reúne os três poderes: legislativo, executivo e judicial. No sentido vulgar porém o Governo despótico ou tirânico, que se toma pela mesma coisa, é todo aquele que não reconhece outro princípio senão a vontade de quem governa, ou seja um só, ou sejam muitos, porque o distintivo consiste na natureza do mesmo Governo, e não no número das pessoas que o exercitam. A Aristocracia Veneziana não era menos despótica com os seus procedimentos inquisitoriais, do que qualquer das Monarquias absolutas da Europa; e a Democracia Francesa imolou mais vítimas com o aparato legal, e sempre em nome da liberdade e dos direitos do homem, do que todos os Tiranos do Bósforo nos seus frenesins sanguinários.
José Acúrsio das Neves in «Cartas de um Português aos seus Concidadãos», 1822.
27 comentários:
Está muito correcta, esta explicação. Não obstante, em Portugal, nunca existiu verdadeiramente um Absolutismo digno desse nome, pois os Monarcas Portugueses, sempre tiveram o Seu Real poder, limitado pelas Côrtes.
Exceptua-se o caso de Dom José I, claro está. Onde, o Marquês de Pombal era o verdadeiro Governante Absolutista do Reino. Mas,foi o única caso da nossa história monárquica.
Cordialmente,
Nuno Ramos.
Caro Nuno,
Tenho de discordar. Em Portugal o absolutismo existiu desde a Fundação até à "Monarquia" constitucional. Pois, tal como explica José Acúrsio das Neves, o Rei reunia os poderes legislativo, executivo e judicial. Ou seja, a verdadeira soberania residia no Rei, não nas Cortes, e nem no Parlamento. Por outro lado, as Cortes sempre tiveram um papel consultivo. Nunca coube às Cortes um papel decisivo. Houve até Reis que nunca chegaram a convocar Cortes, e nem por isso deixaram de desempenhar uma excelente função em prol do bem-comum.
Importa ainda referir que as Cortes nunca escolhiam o Rei, as Cortes apenas aclamavam o Rei. Ou seja, as Cortes reconheciam o Rei como legítimo soberano (válido).
O caso de D. José é diferente, visto que o Rei estava na mão do Marquês. No entanto, o governo de Marquês de Pombal não pode ser encarado como um caso típico de absolutismo, mas sim como uma usurpação de funções e abuso de poder. Mas se quisermos atribuir um adjectivo para qualificar o Marquês, creio que se ajusta mais "regalista" e "despótico iluminado".
Cumprimentos.
As Côrtes escolhiam o Rei sim, escolheram-no em 1385, escolheram-no em 1640, escolheram-no em 1828. Sempre que havia dúvidas na sucessão, eram as Côrtes quem escolhia o Rei.
Cordialmente,
Nuno Ramos.
Caro Nuno,
Deu-me o exemplo de 3 casos referentes a 3 reis diferentes. Ora, mesmo que isso fosse verdade, e que nesses 3 casos fossem as Cortes a determinar a legitimidade do Rei, essa seria apenas uma excepção à regra e não a própria regra.
Portugal teve 34 reis em que, segundo diz, apenas 3 foram escolhidos pelas Cortes. Então, daqui não se pode inferir que as Cortes fossem a "pedra angular" da Monarquia Portuguesa. Pelo contrário, daqui só se pode retirar que as Cortes agiam dessa forma em situações limite.
Cumprimentos.
Nuno Filipe,
Quando se entre numa conversa ao nível que se quer, não basta dizer o que acha... tanto que acha que é "lindo" estar numa fotografia de cabelinho amaricado e sem trajes.
Enfim...
Usa a palavra "escolher". Ok... Então vamos ver: TODOS os REIS foram escolhidos, porque para serem Reis tiverem que se distinguir por qualquer motivo (neste caso a legitimidade).
Quanto a D. Miguel e a D. João I (que o caso de D. João IV ainda não tive oportunidade de ler o documento a respeito...), diz-se que as cortes RECONHECERAM e ACEITARAM, o que obriga a uma SUBMISSÃO das Côrtes a ALGO que lhes é exterior. A palavra "escolher", também existe nestes documentos entre outras, e não pode ser tomada como ÚNICA, nem muito menos com o sentido que NÃO TEM nem TINHA. Somente com o pensamento liberal, o "escolher" designa o que o Nuno diz (vá-se lá saber o motivo...).
Portanto, gostaria que revisse o seu sentido interpretativo, e explicasse porque motivo ISOLOU o "escolher" dos outros verbos contidos nos documentos que relatam os casos que tratamos.
Aguardo...
Pedro Oliveira.
Em Portugal, verdadeiramente, nunca existiu a Monarquia Absolutista mas sim o que os monárquicos chamam uma Monarquia Tradicional, pois o rei português sempre teve poder limitado pelas cortes e por outros órgãos de soberania.
No entanto, também é verdade que o Reino de Portugal passou por várias fases do desenvolvimento em um sentido crescente do aumento de autoridade e concentração do poder nas mãos dos reis, até ao aparecimento da Monarquia Constitucional, atingindo o seu auge no reinado de João V.2 Contudo, não se pode determinar com muita precisão que a monarquia portuguesa se tenha encontrado estruturada em bases absolutistas depois disso. Essa questão é difícil porque as raízes do poder monárquico foram se desenvolvendo aos poucos, em várias estruturas e crescendo ao longo de três séculos. Outrora, fruto de propaganda liberal posterior, devemos entender o regime absolutista português como um processo de longa duração, e ao decorrer de toda a Época Moderna, colheu frutos do prestígio que tinha em seu território.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Absolutismo
E ainda mais, Dom Afonso Henriques, FOI ESCOLHIDO pelos Seus pares!!! Foi escolhido pelas Côrtes, para ser Rei de Portugal!!!
Cordialmente,
Nuno Ramos.
Nuno,
Eliminei um comentário seu por conter linguagem imprópria.
Peço moderação e elevação no debate, que se quer sério.
Obrigado.
Porque é que o meu comentário foi eliminado e o Pedro Oliveira, pode dirigir-se a mim, como quer e bem lhe apetece!??
Cordialmente,
Nuno Ramos.
Peço aos intervenientes que não voltem a fazer ataques pessoais. Caso contrário terei de recusar os vossos comentários. Mais uma vez peço elevação.
Nuno ...
O que está a dizer é o que qualquer um costuma dizer na linha liberal! Acontece que essa teoria que milita, é tecida pelo liberalismo, ou melhor, pelos filhos dele: os que querem uma monarquia de fachada.
Olhe isto com olhe de ver:
"Quando se entre numa conversa ao nível que se quer, não basta dizer o que acha"
Portanto... vamos passar a coisa de homens: vão 500€ se me mostrar onde os nossos antigos foram buscar a "lei monárquica" que diz que o Rei tem de ser limitado pelas Côrtes. Ok ?! Olhe que ainda é dinheiro.... Mas caso não queira aceitar a proposta, diga-nos pelo menos onde é que OUVIU essa teoria (certamente não foi de um morto com 1000 anos, nem de algum documento com muitos séculos).... de onde lhe veio essa doutrina ?! ;)
Ahhh... ok ... da Wikipedia!!!
Boa ano...
Quanto ao responsável pelo bloque, invoco a moral e bons costumes, e peço que não permita aqui gente que se apresente de forma indecorosa. A conivência com esse tipo de coisas pode ser um ataque pessoal a todos os que aqui vierem.
Haja mais elevação no blogue.
Se isto for inconveniente, pelo menos mudar as opções do blogue para que não sejam mostradas imagens nos comentários.
Obrigado.
O papel e os poderes do Rei e das Cortes
Conforme já foi referido, os tradicionalistas depositavam todo o poder no Rei, não por reflexos autoritários ou despóticos, mas porque só assim, na sua opinião, era possível garantir a liberdade de todos e a igualdade de todos perante a lei. Com efeito, de toda a comunidade, só o Rei se podia dizer não possuir aspirações pessoais. Colocado no vértice da sociedade para toda a vida, e tendo assegurado que o mesmo aconteceria com a sua descendência, vivendo sem quaisquer carências a nível material, o Rei só se podia preocupar em manter essa posição de destaque na sociedade, o que só seria possível se a comunidade estivesse satisfeita com o seu desempenho de funções. Só por desvio ou patologia podia o Rei desejar exercer o poder de forma despótica, pois essa seria a maneira mais segura de antagonizar a comunidade e de desencadear um processo de contestação que só podia acabar em revolução ou destituição do Rei despótico.
Sabiam os tradicionalistas, pois lhes fora dado comprová-lo na prática, que o poder exercido por facções - única alternativa ao poder monárquico - acabava sempre por conduzir a abusos de autoridade, a desigualdades e a injustiças, apesar da aparência democrática dos sistemas liberais, republicanos ou não. O que ainda hoje se pode verificar, apesar da maior sofisticação das classes políticas e dos métodos por elas utilizados. Com efeito, só na aparência é que o povo é soberano. O verdadeiro detentor do poder é a classe política, a qual manipula a vontade popular de forma a garantir que, mesmo com eleições formalmente livres, o poder nunca sai das mãos das várias facções que a compõem. Facções essas que, para manter pelo menos uma parte do poder, aceitaram conviver num quadro institucional sob condição do poder nunca sair das mãos desses sócios privilegiados. A verdadeira democracia só existe para essas facções monopolizadoras do poder, só para elas é válido o jogo da alternância. E quem quiser partilhar do poder terá de se submeter às regras desse clube exclusivo em que é muito reservado o direito de admissão.
De forma algo irónica, na Monarquia tradicional a verdadeira liberdade escondia-se sob uma aparência de despotismo, enquanto nos regimes demo-liberais é o verdadeiro despotismo que se esconde sob uma ilusão de liberdade. Os povos, enganados pelas aparências, acabaram por optar pela imagem da liberdade, sacrificando a sua realidade, que lhes aparecia sob a imagem desagradável de um privilégio lesivo da sua dignidade. A grande incapacidade do tradicionalismo foi a de nunca ter conseguido revestir a sua verdadeira liberdade da imagem da liberdade. Tal como não basta à mulher de César ser séria, sendo necessário que o pareça, também não basta à Monarquia tradicional ser livre, representativa e justa. É, com efeito, essencial que o pareça. E o facto é que, desde finais do século XVIII, nunca mais a Monarquia tradicional pareceu ter essas características dos regimes legítimos. Graças, em grande parte à muito bem sucedida campanha de intoxicação da opinião pública, que nada detesta tanto como a aparência da desigualdade. Como afirmou José Acúrsio das Neves no seu discurso às Cortes de 1828, reunidas segundo as leis tradicionais, relativamente aos defensores do parlamentarismo liberal, "proclamadores sempiternos dos direitos do povo e da representação nacional, logo que o povo manifesta os seus desejos por aclamações espontâneas, tratam de o sufocar e sujeitar a seus caprichos." 1 Tal como hoje logo se levantam os protestos dos defensores da democracia, quando de fora da classe política se reclama o direito ao referendo e o direito a candidaturas independentes para os orgãos de soberania.
http://amt.no.sapo.pt/novaversao/novosmembros/novm012.htm
http://www.arqnet.pt/portal/portugal/documentos/actas_cortes_lamego.html
http://www.iscsp.utl.pt/~cepp/historia_do_presente/portugal/1828_tres_estados.htm
Sempre gostei de ler o blogue ASCENDENS, mas desde os teus comentários à minha pessoa, só tenho a dizer-te Pedro Oliveira, se tens algum problema com a minha apresentação, ou cabelo, ou outra coisa qualquer, estou à tua disposição para resolvermos isso, quando quiseres. Vivo em Salvaterra de Magos e gostava de ver, dizeres que eu tenho cabelo amaricado, à minha frente!!! Por acaso, gostava imenso!!! Ainda te faço o favor, de me deslocar onde estiveres, para me dizeres isso na cara.
Na minha opinião, não passas dum poltrão, que se esconde atrás dum PC.
Cordialmente,
Nuno Filipe de Almeida Ramos.
Côrtes de 1385
(...)Eleição do rei. - De quanto acabamos de expor, não é difícil concluir que o objectivo dos legistas nestas Cortes não era deferir a coroa por sucessão legítima ao Mestre de Avis e sim destruir as pretensões de legitimidade, para declarar vago o trono e reconhecer às Cortes o direito de escolherem livremente um novo rei.
Tomada a deliberação, faltava a aceitação do eleito: as Cortes foram comunicar ao Mestre de Avis a escolha e pedir a sua anuência. Ele, porém, quando tal ouviu pôs-se a tremer (nobis cum magro tremore corporis respondit, diz a versão latina do auto da eleição) e esboçou a recusa fundando-se na sua insuficiência, «no defeito da sua nascença», e em ser professo da Ordem de Avis; acrescentando que na guerra com Castela, que ia travar-se, melhor seria correr os riscos como simples cavaleiro cuja derrota não afectaria o País, do que como rei. Por isso recomendava às Cortes que tratassem da defesa do Reino e do seu financiamento e deixassem o resto (auto da eleição e F. Lopes, cap. 192).
A resposta foi recebida com desgosto (maximam desolationem) e logo os três estados insistiram nas suas razões, prometendo todo o apoio e os esforços necessários para obter dispensa pontifícia da irregularidade de nascimento e do impedimento de profissão religiosa para o necessário casamento a contrair 17: perante a insistência, o Mestre, atendendo e considerando as grandes necessidades do Reino e convicto de que tal era a vontade de Deus mostrada .no unânime consenso das Cortes (atque intendens quod placebat Deo ex quo sic placebat rzobis aliis suprarominatis qui cum sic rogabamus et urgebamus ad illud), acabou por aceder mas «reservando sempre e em tudo a honra, reverência, autoridade e superioridade» do Santo Padre e da Santa Sé Apostólica.
Parece, pois, indubitável, à face dos documentos, que: 1.° o trono foi declarado vago, por falta de herdeiro legítimo à coroa portuguesa; 2.° que as Cortes entenderam que em tal caso a escolha de rei lhes pertencia de direito, sem qualquer restrição; 3.° que o Mestre de Avis foi eleito rei atendendo às suas qualidades pessoais e pela sua linhagem (requisitos de elegibilidade) mas exclusivamente em nome do direito que as Cortes reivindicaram a prover de titular a coroa vaga; 4.° que a circunstância de ele ser filho adulterino e mestre da Ordem de Avis levou as Cortes a invocar o estado de necessidade para justificar a eleição antes de ser obtida dispensa da Santa Sé para tais impedimentos, e a reservar a decisão do Pontífice em última instância.
D. João não assumiu o título de rei «por direito próprio»: aceitou-o depois de eleito e instado. De acordo com a doutrina medieval mais corrente, interpretou a deliberação dos três estados em que se traduzia o consentimento do Reino como sinal da vontade de Deus. Por isso logo na carta de confirmação dos privilégios da cidade de Lisboa expedida em 10 de Abril de 1385 em que começa por narrar tudo quanto deve à mesma cidade dirá: «estes reinos... dos quais
nos Deus deu encarrego do regimento...». Todo o poder vem de Deus: a eleição é apenas o modo de designar a pessoa que o há-de exercer.
SE ISTO NÃO É ESCOLHER UM REI, NÃO SEI O QUE É.
O auto da eleição. - O documento fundamental para o estudo desta fase do funcionamento das Cortes de 1385 é o auto em que ficou registada autenticamente a deliberação de eleger o Mestre de Avis, com as razões que determinaram as Cortes e as circunstâncias que acompanharam a aceitação da eleição. É este auto a fonte principal de que Fernão Lopes se serviu para redigir, com verdadeiro talento de artista, os capítulos 182 a 192 da parte I da sua Crónica de D. João I.
O auto foi redigido em português e vertido em latim 18. O original em português foi selado com os selos pendentes da cidade de Coimbra e dos prelados presentes. A versão latina deve ter sido feita com o fim de ser levada pelos embaixadores que haviam de dirigir-se à Santa Sé a impetrar a ratificação da eleição, feita sem embargo de não ter havido prévia dispensa do defeito do nascimento e da condição clerical. Essa finalidade que teve em vista ao redigir o auto justifica o cuidado em descrever com minúcia a relutância posta pelo Mestre na aceitação e a forma como acolheu a notícia da eleição: in admiratione positus, nobis cum magno tremore corporis respondit. Justifica também que fossem os prelados a subscrevê-lo, assumindo a responsabilidade da resolução imediata enquanto não se pudesse obter a de Roma.
Fr. Manuel dos Santos, na parte VIII da Monarquia Lusitana, e D. António Caetano de Sousa, no tomo I das Provas da História Genealógica, publicaram o texto latino, trasladado não do original mas da cópia exarada a fl. 1 do Liv. 4.° dos «Direitos Reais» (cita o primeiro) ou «dos Reis» (diz o segundo) da Torre do Tombo 19. Quanto ao texto português, Santos fez uma tradução sua do latim (cap. XXXI do livro XXIII) e Sousa reproduziu a cópia que vem também no cit. Liv. de Reis, fls. 4. Só Ayres de Sá deu algumas passagens do texto português original em Fr. Gonçalo Velho, vol. r, pág. 150. Cremos, pois, que pela primeira vez o damos à estampa na íntegra (doc. n.° 1).
Trata-se de um texto manifestamente redigido por legista hábil e sabedor: esse facto e a circunstância de Fernão Lopes o ter tomado para base da reconstituição do primeiro discurso de João das Regras leva-nos a crer ter sido este o seu autor, como aliás é naturalíssimo dado o papel preponderante que o «grão doutor» exercia na corte do Mestre de Avis.
Metodicamente, o auto regista tudo quanto interessava acautelar para uma futura discussão na Cúria romana ou com os demais pretendentes ao trono. Depois de enumerar pelos seus nomes os participantes nas Cortes, examina a questão da vacância da coroa considerando os títulos de D. Beatriz e dos filhos de D. Inês de Castro para concluir que uns e outros eram. filhos ilegítimos sendo a primeira, para mais, cismática. Nessa altura consigna o encargo dado aos bispos do Porto e de Évora para inquirirem destes factos a fim de que desaparecesse qualquer dúvida a respeito deles, e como do inquérito resultou a comprovação da verdade sabida.
Entra-se então na segunda parte: tendo-se chegado à conclusão de que o trono estava efectivamente vago e dado que nesse caso competia ao Reino prover à eleição de um rei, as Cortes, após madura deliberação, escolheram o Mestre de Avis, D. João - omnes concordes in uno amore, proposito, voto, consilio, actu - «concedendo-lhe» que se chamasse rei - et concessimus illi quod ipse nominaret se Regem - com todas as honras, todas as prerrogativas e todos os poderes que « em tal ofício» costumaram ter os reis de Portugal.
Tomado este acordo, o auto dá notícia da diligência feita junto do Mestre para obter a sua aceitação e da recusa dele, bem como da insistência e das razões aduzidas para forçar o eleito ao assentimento, concluindo por registar a final anuência de D. João e os termos em que foi dada.
A boa tradição monárquica portuguesa é a da reunião regular e indispensável das Cortes Gerais dos Três Estados que prevaleceu em Portugal desde o início da nacionalidade até 1580, e mais tarde, depois do interregno da ocupação ilegítima espanhola, entre 1640 e 1698. E é a adaptação e a actualização deste espírito tradicional de respeito pela vontade do povo, mediante as reuniões regulares das Cortes Gerais dos Três Estados, no que diz respeito à política portuguesa contemporânea, que constitui a restauração da monarquia e da verdadeira tradição em Portugal.
Cordialmente,
Nuno Ramos.
DEUS, PÁTRIA, CÔRTES e REI LEGÍTIMO!!! SEMPRE.
Nuno Filipe,
Do que escreveu li duas coisas: o seu texto mais "pessoal", e o título e a primeira frase do texto do assunto das Côrtes (o que estamos a tratar).
Como diz que é leitor do blogue ASCENDENS, saberá que o documento das Côrtes de Coimbra foi há poucos dias por mim publicado. Não o viu...!? Porque sou o único que, até hoje, que se dignou datilografar (formato digital) o dito documento, para colocá-lo à vista de todos, se nele estivesse a prova contrária ao que tenho defendido!? Pois é... são os do "absolutismo português", ou seja os do "tradicionalismo", ou seja os do "miguelismo", em suma os Católicos portugueses sem "vira casacas" que lançam este documento.... e eis a intenção prioritária: livrar do erro aos LIBERAIS vestidos de "miguelistas", "tradicionalistas", "integralistas" (são, isso sim "neo-miguelistas", "neo-tradicionalistas", "neo-integralistas" e, sobretudo "neo-católicos".
Certamente entende que, para estar à altura da discussão, não é melhor vir debater-se connosco! Tal obrigar-nos-ia a repetir tudo o que já foi dito e debatido com os "GRANDES" do "neo-miguelismo", do "neo-tradicionalismo" e do "neo-integralismo"! ... Compreende, não é certo!? Cumprimentos meus aos seus professores!
Chegou hora do recreio... Porque não!? Li:
"Sempre gostei de ler o blogue ASCENDENS, mas desde os teus comentários à minha pessoa, só tenho a dizer-te Pedro Oliveira, se tens algum problema com a minha apresentação, ou cabelo, ou outra coisa qualquer, estou à tua disposição para resolvermos isso, quando quiseres. Vivo em Salvaterra de Magos e gostava de ver, dizeres que eu tenho cabelo amaricado, à minha frente!!! Por acaso, gostava imenso!!! Ainda te faço o favor, de me deslocar onde estiveres, para me dizeres isso na cara.
Na minha opinião, não passas dum poltrão, que se esconde atrás dum PC.
Cordialmente,
Nuno Filipe de Almeida Ramos."
Obrigado por se dignar gastar o seu tempo a ler o que tenho escrito! Não... eu não tenho problema algum com a sua apresentação. A sua apresentação FOI um problema aqui, porque vai contra a moral e o bom-costume que estão na base do Catolicismo, Tradicionalismo, Miguelismo, Monarquia, Portugalidade. Mas, obrigado, o Nuno mudou a foto (algo de bom serviu a minha intervenção)... Para que quer que lhe diga na cara o que o próprio Nuno reconhece, que é aquilo que reconheceram também os seus honrados antepassados e transmitiram sempre!?...
Quanto ao encontro que quer, ou diz que quer, eu não o posso ajudar muito! A título de brincadeira diria: não sou psiquiatra!... Agora, seriamente, digo-lhe apenas: coloque a mão na consciência... e procure estudar melhor a doutrina católica da ÚNICA Igreja que Nosso Senhor fundou (recorra a livros antigos, principalmente escritos antes de 1960 - catecismos, vida de santos, etc...). Portanto, permita-me, e vou transformar a sua vontade devir cá, em convite: está convidado a vir, se a intenção for a melhor: tomar conhecimento da doutrina (imutável), espiritualidade, rito (tradicional), do Catolicismo milenar. Aceita!?
Aguardo!
Aqui vai a primeira parte do documento em causa:
http://ascendensblog.blogspot.pt/2014/01/d-joao-i-documento-cortes-de-coimbra.html
(Falta um pouco, a parte final, que esta semana tratarei de juntar)
A boa tradição portuguesa não é nem absolutista, nem liberal maçónica
O fenómeno político espanhol a que se chamou de Carlismo não teve a sua origem em Espanha: foi o duque francês de Angoulême que, com o seu exército de 100 mil homens, perseguiu a Corte de Fernando VII de Madrid até Cadiz, onde esta sucumbe, e reinstala-se o absolutismo em Espanha. Sem a invasão do duque de Angoulême, não existiria o Carlismo em Espanha.
A repercussão do Carlismo em Portugal — através de D. Miguel — vai ao arrepio do espírito independentista de 1 de Dezembro de 1640, e situa-se no âmbito do espírito absolutista e anti-tradicionalista que acabou com a reunião das Cortes em Portugal durante o último quartel do século XVII.
As primeiras Cortes da Restauração tiveram lugar em 1641, em Lisboa. Seguiram-se Cortes Gerais dos Três Estados em 1642 [Lisboa], 1645 [Lisboa], 1649 [Tomar], 1653 [Lisboa], 1655 [Lisboa], 1674 [Lisboa], 1679 Lisboa], 1696 Lisboa], e em 1698 realizou-se a última reunião das Cortes Gerais dos Três Estados antes da implantação do regime liberal.
Podemos ver que com a ascensão de D. Pedro II a regente, e por incapacitação do seu irmão D. Afonso VI, as Cortes passaram a ser espaçadas no tempo — depois das Cortes de 1655 — e acabaram por ser abolidas em 1698. E o século XVIII foi um tempo sem Cortes Gerais dos Três Estados e em que o povo não foi tido nem achado na governança absolutista; e é este retorno ao espírito absolutista do século XVIII, que esteve na origem da revolução napoleónica, que é encarnado pelo Carlismo espanhol e pelo Miguelismo português.
Portanto e em minha opinião, a ideia segundo a qual o Carlismo constitui a “recuperação da boa tradição portuguesa”, é falsa. O Carlismo, sendo anti-revolucionário, anti-liberal e absolutista, faz contudo parte integrante do processo dialéctico revolucionário. A boa tradição portuguesa não é nem absolutista, nem liberal e maçónica.
A boa tradição monárquica portuguesa é a da reunião regular e indispensável das Cortes Gerais dos Três Estados que prevaleceu em Portugal desde o início da nacionalidade até 1580, e mais tarde, depois do interregno da ocupação ilegítima espanhola, entre 1640 e 1698. E é a adaptação e a actualização deste espírito tradicional de respeito pela vontade do povo, mediante as reuniões regulares das Cortes Gerais dos Três Estados, no que diz respeito à política portuguesa contemporânea, que constitui a restauração da monarquia e da verdadeira tradição em Portugal.
Cordialmente,
Nuno Ramos, "o do CABELO AMARICADO PARA OS AMIGOS".
Nuno Filipe, creio que seria conveniente indicar que o seu último comentário foi escrito por Orlando Braga, pessoa aliás pouco tradicional, mais conhecido pelos lapsos históricos e pela heterodoxia das ideias.
Pronto, cara Reaccionário, eu não digo nada que se aproveite, nem tenho razão alguma e ainda por cima, apresentei-me neste seu Blogue, em tronco nu e com cabelo amaricado e agora, ainda tive o desplante de publicar um texto do Orlando Braga, pessoa pouco tradicional, mais conhecido pelos lapsos históricos e pela heterodoxia das ideias!!!
Está tudo muito certo, perdoem-me a intromissão e dou-lhe a minha palavra de honra, em como não volto a incomoda-los.
Cordialmente,
Nuno Ramos. "O do cabelo amaricado".
Nuno,
Acho que faz muito bem em acabar com os comentários, que se estão a tornar repetitivos e despropositados. Caso tenha algum problema com os outros intervenientes, agradeço que não use o meu blogue como veículo de esclarecimento desses mesmos problemas. E isto é válido para todos. Acho que até já fui brando demais em ter permitido que esta conversa tenha chegado a este ponto. Considero uma falta de respeito para comigo, que usem o meu blogue para achincalhar ou lavar roupa suja. Espero de facto que a situação não se volte a repetir.
Em relação ao Orlando Braga, pessoa com a qual já tive algumas divergências a propósito de religião e política, de facto não considero uma autoridade para se pronunciar sobre a Monarquia, sendo que ele próprio não é um verdadeiro monárquico, mas sim um demoliberal assumido, além de que comete algumas imprecisões históricas. Ainda assim, considero injusto que copie um texto dele sem indicar o nome. Se não gosto que mo façam a mim, então também não o faço aos outros. O seu a seu dono.
Cumprimentos.
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