A beleza fundamental do aspecto exterior de uma casa está nas suas proporções; estas, porém, não se estabelecem por meio de tabelas; é indispensável uma educação especial do sentido da vista para se poder proporcionar com harmonia e nobreza. No entanto, de um modo geral se pode afirmar que está actualmente incutido entre nós um gosto desnatural, uma noção falsa de elegância, a qual se julga ser exclusivamente atributo das coisas altas e estreitas; como se vãos, pilastras, painéis, esteios, – tudo tivesse para ser elegante.
É um vício de sentimento cuja origem facilmente se descobre.
É que desde que há decadência do sentimento artístico, todas as vezes que se pretende fazer obra imponente, antolha-se-nos grandeza das coisas passadas; quando há compreensão grosseira da arquitectura, julga-se ganhar imponência pelo simples aumento das dimensões.
Raul Lino in «A Nossa Casa», 1918.
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