O argumento mais decisivo contra a "democracia" resume-se em poucas palavras: o superior não pode emanar do inferior, porque o "mais" não pode sair do "menos"; isto é de um rigor matemático absoluto, contra o qual nada poderia prevalecer. Importa notar que é precisamente o mesmo argumento que, aplicado numa outra ordem, vale também contra o "materialismo"; nada há de fortuito nesta concordância e as duas coisas são muito mais estreitamente solidárias do que poderia parecer à primeira vista. É demasiado evidente que o povo não pode conferir um poder que ele próprio não possui; o verdadeiro poder só pode vir do alto, e é por isso, diga-se de passagem, que só pode ser legitimado pela sanção de alguma coisa superior à ordem social, ou seja, uma autoridade espiritual. Se for de outra maneira, será apenas uma contrafacção de poder, um estado de facto que é injustificável por defeito de princípio, e em que não pode haver senão desordem e confusão.
Esta inversão de toda hierarquia começa no momento em que o poder temporal se quer tornar independente da autoridade espiritual e, a seguir, subordiná-la, pretendendo que sirva fins políticos. Há uma primeira usurpação que abre caminho a todas as outras.
René Guénon in «La Crise du monde moderne», 1927.
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Atenção: Este autor e esta obra não são inteiramente recomendáveis. A passagem aqui citada é divulgada apenas pela informação verídica que contém.
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