A passagem muito citada "amai os vossos inimigos" (Mateus 5:44; Lucas 6:27) diz "diligite inimicos vestros" e não "diligite hostes vestros"; não é do inimigo político que se fala. Também no combate milenar entre a Cristandade e o Islão nunca um cristão chegou ao pensamento de que, por amor aos sarracenos ou aos turcos, se tinha de entregar a Europa ao Islão, em vez de defendê-la. Não é preciso odiar pessoalmente o inimigo em sentido político e só na esfera do privado faz sentido amar o seu "inimigo", isto é, o seu opositor. Aquela passagem bíblica toca tanto menos a contraposição política quanto mais quer destacar as contraposições entre bem e mal ou entre belo e feio. Sobretudo ela não quer dizer que se deve amar os inimigos do seu povo e apoiá-los contra o seu próprio povo.
Carl Schmitt in «O Conceito de Político», 1932.
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