Europa acorda!


A hora de hoje é confusionista e adversa. Reinam os miasmas e as várias formas de opressão. Nós somos um reduto de fiéis, uma simples minoria contra a avalanche dos bárbaros e dos guzanos, hábeis, diabólicos, aliciadores. Mas quando a dissolução e o paganismo dominavam o Império Romano (o mundo de então), a minoria cristã soube resistir e criar prosélitos e expandir-se; quando a heresia dos arianos tomou conta dos povos europeus, a minoria ortodoxamente católica resistiu e jugulou-a; quando a Península caiu, de lés-a-lés, nas mãos dos mouros, a minoria cristã, confinada a um migalho das Astúrias, resistiu e desencadeou dali a Reconquista.
Na História, nenhum estádio é definitivo, nenhuma provação é inultrapassável. Os ventos da História são pretensiosa invenção e grosseiro determinismo de quem nos quer desarmar. «O mundo só tem o sentido que nós lhe dermos», proclamou Schiller.
Lúcidos, fiéis, ardorosos, combativos – acabaremos por vencer.

Goulart Nogueira in jornal «Agora», 9 de Setembro 1967.

1 comentário:

Unknown disse...

Muito interessante esse trecho. Entendo que o autor se refira à teoria, muito em voga, que toda a história nada mais é que o “desenrolar dos ciclos”, que passam e, repassam sem fim. Como se tivéssemos de ficar resignadamente assentados e, esperar que o actual “ciclo” acabe e o próximo recomece. Nada se pode fazer, visto que contra os ditames dos “ciclos da história”, toda resistência será inútil. Nada nos resta senão o de subir a ferocidade dos “ciclos da história”, cabisbaixos e resignados.

Engraçado, é que são exactamente alguns dos que proclamam a identidade da Europa, que serviram, e servem, de veiculo de propaganda a toda essa teoria dos “ciclos” que, vão e vêm como uma onda de maré. Falo exactamente nos Julios Evolas, dos Alains de Benoistes e, inclusive, dos Guillaumes Fayes, entre tantos outros que seria longo a nomear. Estes enganadores, que ao mesmo tempo nos incitam tanto para a luz como para a escuridão, tipo : “Lutai!”, e na linha seguinte : “Abdicai!”. É a dialéctica do “conformismo”.

Bem que digam muitas coisas úteis e dignas de sabedoria, é necessário um filtro, tal e qual os Pais da Igreja submetiam os filósofos gregos a uma filtragem, de maneira a não deixar passar alguma heresia.