O mal absoluto não existe, mas...


É claro que todo o erro tem lados verdadeiros, positivos; não há erro em estado puro, assim como o mal absoluto não existe. O mal é a corrupção de um bem; o erro é a corrupção da verdade, mesmo sendo evidente que a pessoa má ou errada conserva a sua natureza, as suas qualidades naturais, algumas verdades. Mas há grande perigo em tomar este resto de verdade não atingido pelo erro como base. O que deveríamos pensar de um médico que, chamado para assistir um doente grave chegasse dizendo: "Ainda há muita saúde neste doente, isso é que conta." Você poderia objectar: "Mas é melhor examinar a doença antes que ele morra!" E o médico a insistir: "Ah! Mas ele não está tão doente. Além disso o meu método de trabalho consiste em não prestar atenção à doença dos meus pacientes: isso é negativo. Eu volto-me para a saúde que lhes resta." Então, diria eu, deixemos que morram os doentes! O resultado é que à força de se dizer aos não-católicos ou aos não-cristãos: "Afinal vocês têm uma consciência recta, vocês têm meios de salvação", eles acabam acreditando que não estão doentes. E depois, como os converter?

Mons. Marcel Lefebvre in «Do Liberalismo à Apostasia: A Tragédia Conciliar».

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