Os Reis como ministros de Deus


Os Reis sabiam bem que os Reinos não se lhes encontravam à frente, senão para os dirigir em bondade e em direitura. Tudo se resume, afinal, com a mais vigorosa das simplicidades, nas últimas palavras de D. Fernando sobre o leito de morte, segundo o texto de Fernão Lopes: "Tudo isso creio como fiel cristão, e logo creio mais que Ele [Deus] me deu estes Reinos para os manter em direito e justiça; e eu por meus pecados o fiz de tal guisa, que lhe darei deles muito mau conto: e em dizendo isto, chorava com muita vontade, rogando a Deus que lhe perdoasse". À Realeza anda assim ligado um património espiritual de que não pode abdicar, sem abdicar da sua íntima razão de ser.

António Sardinha in «Ao Ritmo da Ampulheta», 1925.

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