Ora, o que Gramsci faz é inovar no leninismo, ao introduzir a possibilidade de controlar o Estado a partir da cultura. No reducionismo marxista, cultura é uma superestrutura gerada pela infra‑estrutura económica. As relações de produção, de exploração, isto é, o sistema económico, determinam um super-sistema de justificação, que está ao serviço do explorador e serve para dominar intelectualmente o explorado. A esse sistema, integrado pela religião, educação, arte, meios de comunicação, etc., chamam os marxistas de cultura.
Na tradição leninista derrubava‑se o Estado a partir da Economia, e assim se punha fim à Cultura, que não passava de um gigantesco sistema de justificação ideológica. Com Gramsci altera‑se o esquema revolucionário. Para ele é fundamental dominar primeiro a "cultura burguesa" e substituí-la progressivamente por uma "cultura proletária". As transformações e substituições operadas, assim, na "cultura burguesa", irão influenciar a infra‑estrutura económica, as relações de produção, o sistema social, mudando a mentalidade dos cidadãos. Só depois desta operação é que se deve conquistar politicamente o Estado, visto que este se encontra desarmado. A resistência, sempre baseada nas estruturas culturais de valores, nos conceitos internos da cultura, sem esse suporte, nem sequer poderia existir. Daqui que o caminho para o poder nos Estados burgueses, desde há muito, seja este: assalto à cultura, abastardamento de todas as características positivas do carácter e imagem nacionais, substituição de padrões nacionais por elementos culturais importados, enfraquecimento e eliminação da resistência dos intelectuais patriotas e, finalmente, domínio das principais alavancas da cultura: meios de comunicação, universidades, institutos e instituições, editoras, escolas, arte, etc.
António Marques Bessa in «A Cultura na Luta Política».
5 comentários:
Esse «A Cultura na Luta Política» é um livro?
Não, é um artigo.
"Um monumento contra a celebração das Descobertas."
Meu Deus. Ao que chegamos... Que vergonha. Nem tenho palavras.
Estes Afrodescendentes, onde estariam hoje sem as Descobertas? Deviam era ajoelharem-se e agradecerem a Deus pelas Descobertas. Deviam era beijar o Padrão dos Descobrimentos.
Os portugueses que criticam os Descobrimentos (felizmente ainda poucos) estão a atacar Portugal.
Portugal, como todos os países ocidentais, está num estado de "guerra civil fria." Nada menos do que sua existência está em causa.
Primeiramente, peço perdão se o meu português não for muito bom. Fui criado nos Estados Unidos, onde resido até hoje.
Para adicionar um pouco mais substancia ao meu comentário anterior, deixe-me dizer que não sei exactamente a que Beatriz Dias refere quando menciona a criação de um monumento contra os Descobrimentos, mas suponho que seja a um memorial à escravatura recentemente aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa. A meu ver, este monumento representa um perigo existencial à nação portuguesa.
A realidade incontornável é que Portugal civilizou os negros que colonizou, melhorando dramaticamente sua qualidade de vida. Ninguém pode negar que, apesar das crueldades inerentes da colonização e a escravatura, os negros estão numa condição muito melhor graças à portugalidade, do que estavam antes de se encontrarem com a portugalidade.
Uma coisa é os historiadores profissionais abordarem todos os aspectos do passado, tanto os que nos agradam como os mais inquietantes. Os historiadores profissionais podem e devem fazer isso, desde que não se esqueçam de que o seu principal dever é servir a pátria. Mas o propósito de monumentos é a encarnação de mitos nacionais. Ora, se se construir o monumento proposto, a narrativa de que os portugueses vitimizaram os negros passará a formar parte das historias que os portugueses nos contamos para nos lembrarmos do que fomos, o que somos, e o que sempre seremos. Nessa altura, como será logicamente possível sustentar esta narrativa e glorificar os Descobrimentos ao mesmo tempo? Seguramente não será possível. Um dos mitos fundamentais da nação cairá por terra.
O propósito de marxistas culturais como a Beatriz Dias é precisamente isso. Eles querem que o povo português deixe de ter uma visão positiva da sua história e que adopte uma visão negativa, tal como já fizeram há muito os espanhóis com a sua historia (veja-se, por exemplo, a Lei de Memória Histórica). Tal como estão a tentar fazer em Inglaterra, com a campanha "Rhodes Must Fall."
Uma nação que despreza o seu passado, como pode ter um futuro promissor?
O governo português devia dizer o seguinte: "Portugal não tem que pedir perdão por nada. Quem discorda que deixe o país, por favor. Não faz cá falta nenhuma."
Jaime de Eça de Albuquerque,
No que diz respeito a Portugal, aquilo que se costuma designar por "Os Descobrimentos" faz parte de uma missão muito nobre de conquista, evangelização e civilização.
Aquilo que os marxistas culturais fazem (como outrora faziam os liberais-iluministas) é criar uma falsa narrativa, suportada em mentiras e erros (colonialismo, racismo, escravatura, etc.), de forma a destruir os nossos valores, a nossa Cultura, a nossa História, e assim fazer passar a má ideologia.
Mas estes marxistas culturais (que conhecem as coisas apenas pela má literatura) são desmentidos pela própria realidade dos factos. Os negros da Guiné Equatorial têm saudades de Portugal e dos Portugueses:
http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/portugal-e-sinonimo-de-saudade-nas-rocas-da-guine-equatorial
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