A vida rural tem muito a ver com a vida religiosa dos lavradores. A Igreja cuidou que as principais festas do ano litúrgico coincidissem sempre que possível com o ciclo das estações e as fainas do campo correspondentes, realizando-se assim uma interessantíssima comunhão entre a vida espiritual e o acontecer cósmico. O sino da paróquia, ou do convento, conferia à existência camponesa um ritmo não só cronológico, mas também sacral. Pouco antes da aurora tocava a laudes e encerrava a jornada na hora das vésperas. Deste modo, a oração matutina e a prece vespertina marcavam o trabalho, conferindo-lhe uma significação transcendente. Os dias de festa eram numerosos, muito mais do que no nosso tempo. Tanto aos domingos como nos dias festivos os camponeses assistiam à Santa Missa e com frequência aos ofícios das Horas canónicas. Participavam também nas procissões, presenciavam nos átrios representações teatrais dos mistérios sagrados, ouviam sermões e homilias, aprendiam o Catecismo. Tudo isso somado às visitas domiciliares dos sacerdotes, constituía uma espécie de cátedra ininterrupta para sua educação nos princípios da fé e da moral. Toda a existência do camponês pulsava ao ritmo estabelecido pela Igreja. Desde o nascimento até à morte, passando pelo matrimónio e as enfermidades, os momentos fundamentais da sua vida eram sublimados pelo alento sobrenatural da liturgia.
Pe. Alfredo Sáenz in «La Cristiandad y su Cosmovisión», 1992.
4 comentários:
Esqueceu-se de referir que tudo isso foi uma apropriação e um aproveitamente dos ritmos e rituais pagãos das populações...
Apropriação e aproveitamento, coisa nenhuma. As verdades e os bons costumes pré-cristãos são vestígios da religião natural primitiva, isto é, a religião de Adão e Eva. O Catolicismo o que fez foi resgatar esses bons costumes e sãs verdades naturais, expurgando-lhes os erros e dando-lhes uma nova e maior dignidade.
É a sua opinião, discordo veementemente. A sua perspectiva é precisamente a da apropriação (e desfiguração). Enfim, discussão que dava pano para mangas.
O João Cabral diz que discorda veementemente, mas não argumentou para justificar a discordância. Lançar acusações não é o mesmo que argumentar. A acusação necessita ser sustentada em argumentos (provas, indícios, factos, etc.). Relativismos de opinião, não.
Ao contrário do que acusa, foram as falsas religiões que se apropriaram de certas verdades primitivas reveladas por Deus directamente a Adão. O que é verdade não é pertença do erro. O mal absoluto não existe. Por isso, o erro necessita de certas verdades para se sustentar. Como tal, o que é bom e verdadeiro é, por direito, pertença da religião verdadeira, que é o Catolicismo.
O paganismo recente (politeísmo, superstição, magia, adivinhação, etc.) é uma degeneração (resultante do pecado original) da religião primitiva de Adão. E os estudos históricos e antropológicos comprovam-nos que quanto mais antiga é uma religião pagã, mais próxima ela está da religião de Adão.
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