– O farisaísmo vem a ser como... os fariseus são "religiosos profissionais"... como o profissionalismo da religião – disse –, recordando uma frase de Gustave Thibon.
– Esse é somente o primeiro grau do farisaísmo, em todo o caso – reflectiu o velho. A ver se conseguimos descrevê-lo pelos seus graus:
O primeiro: A religião torna-se meramente exterior...
O segundo: A religião torna-se profissão, negócio, ganha-pão.
O terceiro: A religião torna-se instrumento de ganância, de honras, poder ou dinheiro.
– É como um esclerosamento do religioso, um endurecimento ou decaimento progressivo! – ressaltou o teólogo.
– E depois uma falsificação, hipocrisia, dureza até à crueldade... – disse eu.
– Jesus Cristo no Evangelho condenou os fariseus – disse o Frei Florecita – e com isso basta.
O judeu havia ficado como que absorto. Depois prosseguiu com uma voz cavernosa e rouca...
– Eu tremo de dizer o que ouso apenas pensar... O meu coração treme diante de Deus como uma folha na árvore, ao pensar no mistério do farisaísmo. Eu não posso indignar-me como o Divino Mestre; eu, verme miserável, tenho-Lhe medo – e de facto todo o seu corpo se estremeceu bruscamente, e duas lágrimas assomaram aos seus olhos.
– Os outros graus – prosseguiu – são já diabólicos. O coração do fariseu, primeiro, torna-se cortiça, depois pedra, depois se esvazia por dentro, e depois é ocupado pelo demónio. "E o demónio entrou nele", disse João sobre Judas.
O quarto: A religião torna-se passivamente dura; insensível, desencarnada.
O quinto: A religião torna-se hipocrisia: o "santo" hipócrita começa a desprezar e a odiar os que têm religião verdadeira.
O sexto: O coração de pedra torna-se cruel, activamente duro.
O sétimo: O falso crente persegue de morte os verdadeiros crentes, com fúria cega, com fanatismo implacável... e não se acalma, nem ante a cruz, nem depois da cruz... "Este impostor disse que ao terceiro dia iria ressuscitar"; de modo que, oh Excelso Procurador da Judeia... Guardas para o sepulcro.
Pe. Leonardo Castellani in «Los Papeles de Benjamin Benavides», 1953.
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