O mal menor


O princípio moral de que é lícito escolher um mal menor só vale em determinados casos, por exemplo o da legítima defesa, servato moderamine inculpatae tutelae, como dizem. Não vale sempre. No caso de consciência proposto pelo filme Seven Waves Away, por exemplo, o capitão do barco salva-vidas que dá directamente a morte a alguns náufragos para salvar o resto, procede imoralmente.
No caso do erro, não se pode escolher o "erro menor". Qual é o erro menor? Porventura o erro misturado com verdades? Esses geralmente são os mais perniciosos... O liberalismo é um erro. Posso escolher o liberalismo para afastar o comunismo? Não. Devo rejeitar ambos. O erro é o maior mal do homem. O liberalismo é pecado, escreveu Sardá y Salvany, um livrinho muito útil (...).
Se há uma discussão entre sete homens, um dos quais diz que 2 + 2 = 4, outros três dizem que 2 + 2 = 5, e os três restantes que 2 + 2 = 400, deverá o primeiro pôr-se a favor dos que afirmam 5 porque é um erro menor?

Pe. Leonardo Castellani in «El mal menor», 1958.

2 comentários:

Eu disse...

Nem mais.

Anónimo disse...

" Vejam o texto do link que posto a seguir. Está em inglês, mas basta clicar sobre a página que o navegador permite traduzir para o português. Neste texto, a idéia do mal menor também é refutada. Contudo, se apresenta o princípio do duplo efeito. "Isso pode vir como uma surpresa para os pragmáticos políticos, mas os católicos não podem escolher nenhum mal. Nenhum - ponto final. Contudo, há um princípio em Teologia Moral - o princípio do duplo efeito - que, sob certas condições claramente definidas, nos permite realizar um ato que tem tanto um efeito bom quanto um mal (...) O princípio do duplo efeito pode ser descrito resumidamente da seguinte maneira. Às vezes, o mesmo ato causa um bom resultado e um resultado mal ao mesmo tempo. Tal ato pode ser executado? A resposta é que pode ser, desde que todas as quatro condições seguintes sejam cumpridas : Primeiro, o ato em si deve ser bom ou indiferente. Em segundo lugar, o bom efeito não deve ser causado pelo efeito maligno. Terceiro, o bom efeito e não o malfeito deve ser diretamente intencionado pelo agente. Adiante, deve haver uma proporcionalidade entre o resultado bom e o mal (ou seja, o bem deve superar o mal)." http://catholicism.org/lesser-of-two-evils.html" (Fausto Ramos)