É muito recomendável o inapreciável trabalho de C. S. Lewis, professor de filosofia da Universidade de Oxford, Cartas de Broca, que tirou vinte e cinco edições em cinco anos. É uma série hipotética de cartas entre um tio velho, diabo, no Inferno, cujo nome é Broca, e um sobrinho, diabo, na Terra, que dá pelo nome de Réptil. Este esforça-se por ganhar a alma de um estudante seu colega e está em constante comunicação com o seu tio Broca sobre a melhor maneira de arruinar o rapaz. Por vezes Broca fala do «Inimigo» que é Deus. O contexto do livro é diabólico, e portanto o inverso da verdade; mas está apresentado de tal maneira, que se principia logo a ver a falácia do método demoníaco. Ao leitor, em vez de lhe ensinar o que é bom, ensinam-se-lhe os caminhos que conduzem firmemente à ruína. Entre outras sugestões encontram-se estas: Broca diz ao Réptil que deve deixar de argumentar com o colega sobre se as coisas são verdadeiras ou falsas, o que, di-lo ele, é o caminho do «Inimigo». Há poucos séculos, afirma ele, as pessoas estavam mais interessadas em saber se uma coisa se podia provar ou não. E diz-lhe mais: «Não percas tempo a fazer-lhe pensar – ao jovem – que o materialismo é verdadeiro. Mas diz-lhe antes que é a filosofia do futuro, ou que é progressivo, e que deve evitar tornar-se um reaccionário ou um medievalista». Broca também recomenda que o homem crédulo, sentimental, seja alimentado com poetas menores e com novelistas de quinto plano, até acreditar que o amor é irresistível, que toda a repressão é um erro, e que a bênção nupcial é uma ofensa.
Mons. Fulton Sheen in «Aprendei a Amar», 1957.
Sem comentários:
Enviar um comentário