Meios de desinformação em massa


A imprensa, a rádio e a televisão, que constituem os meios de comunicação de massas, são, a par de importantes meios de combate, instrumentos fundamentais das ideologias. Os jornais, os boletins informativos, ou formativos, da televisão, os programas da rádio, nunca são neutrais: veiculam uma concepção do mundo e da vida, defendem um determinado tipo de doutrina, fazem a propaganda de certos modelos e atacam directa, ou indirectamente, as outras posições.
O seu alcance é considerável: os mass media cobrem todo o território, transformando os Estados no que McLuhan chamou de "aldeia global". Penetram todos os rincões, invadem todos os lares, difundem verdades, factos, mentiras e semi-mentiras, a um ritmo inultrapassável. Os estudos de propaganda política, que se ocupam da eficácia destes meios no tratamento das populações, demonstram que bem manipulados e cientificamente utilizados, os mass media podem controlar os gostos e as aspirações dos cidadãos. Encaminhá-los num sentido ou empurrá-los para outro. Fazê-los odiar o que antes admiravam, levá-los a desejar o que anteriormente recusavam. (...)
A imprensa, mais antiga, reparte-se por formações partidárias, grupos industriais e comerciais, bancos, empresas jornalísticas, instituições sociais e, normalmente, reflecte a ideologia dos seus detentores. Cada partido procura possuir um ou vários diários, controlar semanários, editoras, emissoras, e daí difundir a sua propaganda sob o aspecto de notícias ou comentários objectivos. Como afirmava Lenine, um jornal é indispensável à organização e progresso de um partido. É efectivamente o "grande organizador colectivo", e, à falta de meios mais eficazes como a televisão, ele ainda desempenha essa tarefa primordial.

António Marques Bessa e Jaime Nogueira Pinto in «Introdução à Política», 1977.

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