Dia de São José, dia do Pai


A Igreja honra sempre a S. José com Maria e Jesus, especialmente nas festas de Natal, por isso lê hoje o Evangelho de 24 de Dezembro. Por um calendário copta, sabemos que a Igreja prestava a este Santo um culto litúrgico na data de 20 de Julho, desde o século VIII. A festa foi estabelecida, no fim do século XV, para o dia 19 de Março e, em 1621, Gregório XV estendeu-a à Igreja universal. Em 1870, Pio IX proclamou S. José protector da Igreja universal. O Santo «da raça real de David» era um homem justo (Ev.). Como, pelo facto de seus esponsais com a SS.ma Virgem, São José tem direitos sobre o bendito fruto do seio virginal da esposa; uma afinidade de ordem moral existe entre ele e Jesus. Exerceu sobre o Menino Deus certo direito paternal ao qual o Prefácio de S. José delicadamente alude pela palavra «paterna vice». Sem haver engendrado Jesus, S. José, pelos laços que o unem a Maria, é legal e moralmente o Pai do Filho da SS.ma Virgem; é pois mister reconhecer esta dignidade ou excelência sobrenatural de São José, por actos do culto. «Havia na família de Nazaré, diz Cornélio a Lápide, as três pessoas mais ilustres, mais excelentes do universo, o Cristo Homem-Deus, a Virgem Mãe de Deus e José, pai matrimonial de Cristo. Por isso ao Cristo é devido o culto de latria, à Virgem o culto de hiperdulia e a S. José o culto de suprema dulia». Deus lhe revelou o mistério da Encarnação e «o escolheu entre todos» (Ep.) para confiar-lhe a guarda do Verbo encarnado e a Virgindade de Maria. Diz o Hino de Laudes: «O Cristo e a Virgem o assistiram na hora suprema. S. José tinha a face estampada de doce serenidade». S. José foi para o Céu gozar eternamente da visão, face a face, do Verbo, cuja humanidade contemplara, tanto tempo e de tão perto, na terra. O Santo é, com razão, considerado como padroeiro e modelo das almas interiores e contemplativas. Na pátria celeste ele conserva grande poder sobre o coração do Filho da sua Santíssima Esposa. Imitemos neste Santo Tempo a pureza, a humildade, o espírito de oração e de recolhimento de José em Nazaré, onde viveu com Deus, como Moisés na nuvem.

Fonte: «Missal Quotidiano e Vesperal», 1940.

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