Cristo e Anti-Cristo |
A cada passo a Sagrada Escritura fala de anti-cristos, no plural, e destaca um Anti-Cristo, no singular.
Todo o espírito que divide Jesus, não é de Deus, diz São João, mas este é um Anti-Cristo, do qual vós ouvistes que vem (1 João, IV, 3).
Este texto mostra claramente que, embora haja vários anti-cristos, há entretanto um que deve vir, e do qual os outros emprestam o nome, por similitude.
São Paulo ensina a mesma verdade, na sua Epístola aos Tessalonicenses, a qual convém citar aqui, pois é a profecia do Anti-Cristo e do fim do mundo.
3 Ninguém de modo algum vos engane; porque (isto não será) sem que antes venha a apostasia (quase geral dos fiéis), e sem que tenha aparecido o homem do pecado, o filho da perdição, 4 o qual se oporá (a Deus), e se elevará sobre tudo o que se chama Deus, ou que é adorado, de sorte que se sentará no templo de Deus, apresentando-se como se fosse Deus.
8 E então se manifestará esse iníquo (a quem o Senhor Jesus matará com o sopro da Sua boca, e destruirá com o resplendor da Sua vida); 9 a vinda dele é por obra de Satanás com todo o poder, e com sinais e prodígios mentirosos, 10 e com todas as seduções da iniquidade para aqueles que se perdem, porque (por sua culpa) não abraçaram o amor da verdade para serem salvos. Por isso Deus lhes enviará o artifício do erro, de tal modo que creiam na mentira, 11 para que sejam condenados todos os que não deram crédito à verdade, mas se comprazeram na iniquidade. (2 Tessalonicenses, II)
Neste texto do Apóstolo vê-se claramente que, no fim dos tempos, logo antes da segunda vinda do Salvador, aparecerá o grande inimigo de Jesus Cristo e da Sua Igreja, um Anti-Cristo, para o qual os outros anti-cristos preparam apenas o caminho, o qual há sobrepujar a todos em poder e impiedade.
Esse Anti-Cristo negará a divindade de Cristo, a Trindade, a Encarnação, a Redenção, e, revestido do poder sobre-humano de Satanás, enganará todos aqueles que não amam a luz da verdade.
Tal é o homem que aparecerá como chefe do império anti-cristão, homem perverso, igualmente anunciado pelo Profeta do Novo Testamento, São João, no Apocalipse.
Diversas partes desta profecia permanecem ainda obscuras e não serão plenamente esclarecidas senão pelos acontecimentos futuros; entretanto, umas já estão manifestamente realizadas ou em realização. [ver]
Umas são de tão grande precisão e nitidez, que é impossível enganar-se sobre o seu objecto: são estas as que se referem às últimas lutas da Igreja e às últimas cenas do mundo.
São Paulo, no texto citado, fala claramente do homem do pecado, do filho da perdição, que virá à terra com todo o poder, fazendo prodígios falsos, segundo os desígnios de Satanás.
O Apocalipse (XI, 7) indica claramente a sua vinda, classificando-o como sendo a fera que sobe do abismo.
Certos intérpretes entendem esta profecia do Anti-Cristo, num sentido alegórico, designando apenas a universalidade dos inimigos de Jesus Cristo.
Esta opinião, ajudada pela passagem da primeira epístola de São João (II, 18), não pode, porém, sustentar-se, não só porque o próprio texto, no original grego, tem um sentido diverso, mas ainda porque se opõe a um outro texto muito expressivo, de São João, sobre o mesmo Anti-Cristo (João, V, 43).
Há e haverá sempre anti-cristos, isto é: inimigos de Jesus Cristo. Mas virá um Anti-Cristo de quem os outros são apenas precursores.
Estão de acordo a este respeito todos os Santos Padres e teólogos, admitindo a existência pessoal do futuro Anti-Cristo como uma verdade pertencente à fé divina (Suarez-Belarmino, etc.).
Pe. Júlio Maria de Lombaerde in «O Fim do Mundo está próximo?», 1936.
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