Comunismo: uma lição de Salazar


As potências, que se apelidam de democráticas, parecem descansar em demasia no jogo dos partidos políticos e na movimentação eleitoral das massas, quando arregimentadas e rotuladas em maioria nos chamados partidos burgueses, nos quais se incluem mesmo os socialistas. Esta atitude, filha do hábito da luta entre forças concorrentes, e por vezes complementares, passa, porém, à margem da verdadeira actuação comunista, e não pode, por isso, ter efeitos decisivos. O comunismo não é necessariamente um partido, nem precisa de dispor de maioria: basta-lhe dispor de uma minoria, movida por uma e servida por uma técnica de proselitismo e de combate, técnica que é a síntese de tudo quanto a experiência e a psicologia descobriram para dominar e conduzir massas humanas.
O que se diz do partido político, que não pressupõe formação, mas atitude de simpatia, ou passiva concordância, com um vago programa da ordem estabelecida, há-de dizer-se das ligas, das associações, dos congressos que se organizam para combater o comunismo: toda esta acção se dirige aos que dispõem já de certa posição de espírito, ou se aprontam a tomar certa atitude de oposição, mas não formam os espíritos, nem evitam que o comunismo deforme as inteligências e as vontades da massa neutra, que é a grande maioria de um País.
Uma tendência generalizada deposita esperanças, também excessivas, na repressão directa das actividades comunistas, e eu estou longe de julgar essa repressão dispensável ou indiferente, antes me parece que se vão aproximando os tempos de mais ampla e severa actuação. A força do proselitismo comunista exige imperiosamente uma acção intensiva de aliciação das inteligências à volta de um sistema de ideias que o repilam. Se a inteligência do século é trabalhada já no sentido da ansiedade e da insatisfação para aceitar as soluções integrais do comunismo, não se pode descansar na repressão, como se esta resolvesse todas as dificuldades.

António de Oliveira Salazar in discurso «Governar, Dirigindo a Consciência Nacional», 12 de Dezembro de 1950.

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Salazar deve ter sido dos poucos Estadistas do mundo a entender bem a dimensão e o alcance do comunismo. Ainda em Maio de 2018, dava conta aqui no blogue da opinião de um católico tradicionalista, que me dizia que o comunismo já estava morto, acabado. Na época, curiosamente, era inaugurada na Alemanha uma estátua a Karl Marx. Dois anos depois, temos uma nova inauguração: a primeira estátua de Lenine em território da Alemanha Ocidental – trinta e um anos após a queda do Muro de Berlim. E ao mesmo tempo, vemos pelo mundo fora a destruição de estátuas a heróis e santos «racistas», «colonialistas» e «esclavagistas». É simbólico!
Não é por acaso que o próprio Lenine disse: «Sempre que se faz uma revolução, devemos ser nós a organizar a direita, antes que a direita se organize a si própria». É assim que tem acontecido.

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