As Alminhas


«As almas do Purgatório são socorridas pelos sufrágios dos fiéis, principalmente pelo sacrifício do Altar», declarou o Concílio de Trento, prescrevendo ainda «aos Bispos que se empenhem diligentemente para que a sã doutrina sobre o Purgatório, transmitida pelos Santos Padres e pelos Sagrados Concílios, seja acreditada, mantida, ensinada e prégada por toda parte» (sessão de 3 e 4 de Dezembro de 1563).
Foi da devoção popular às almas do Purgatório, sustentada pelas disposições de Trento, que surgiram em Portugal as Alminhas, pequenos retábulos ou nichos, pintados, esculpidos ou azulejados, que se encontram sobretudo pelos caminhos e estradas rurais, edificados pela fé dos mais simples, a recordar aos vivos a obrigação de sufragarem os mortos.
«As alminhas são uma criação genuinamente portuguesa e não há sinais de haver este tipo de representação das almas do Purgatório, pedindo para os vivos se lembrarem delas para poderem purificar e subir até ao Céu, em mais lado nenhum do mundo a não ser em Portugal», diz o investigador e professor de História, António Matias Coelho, ao jornal Público (2 de Novembro de 2009).
Apesar da fé dos cristãos estar hoje muito abalada, ainda é possível encontrar em Portugal quem se lembre das Alminhas, sobretudo no dia dos Fiéis Defuntos, oferecendo-lhes orações, velas, flores e algumas esmolas.

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