Uma outra história do reportório do Padre Pio, sobretudo nos anos a seguir à guerra, recordava Benito Mussolini:
Havia um certo homem que se queixava do rumo tomado pela política, dos roubos e dos maus costumes. Dizia ele: «Ah, se Mussolini ainda vivesse! Ah, como eu gostaria de poder contar ao Duce o que está a acontecer». Ouviu então uma voz que lhe dizia: «Se queres falar com Mussolini, pega naquela escada e bate ao portão. Encontrarás o que procuras».
O homem olhou na direcção de onde vinha a voz, e viu uma escada cheia de silvos e de espinhos. Curioso, começou a subir com muito esforço, e deu consigo frente a um portão de ferro. Bateu, mas retirou imediatamente a mão, porque o ferro estava em brasa e tinha-lhe queimado a pele. O portão abriu-se e uma carranca muito feia perguntou-lhe: «Que queres? Que viestes cá fazer? Aqui entra-se com a alma e não com o corpo!»
«Por favor», disse o homem, «eu vim para falar com Mussolini».
«Aqui não há nenhum Mussolini», respondeu a horrenda figura, e bateu-lhe com o portão na cara. Então o homem viu que havia outra escada. Estava mais limpa. Subiu os degraus e deparou com uma grande porta de madeira. Bateu e veio abrir um anjo. «Que queres? Não sabes que aqui se vem com a alma e não com o corpo?»
«Ando à procura de Mussolini», replicou o homem.
«Aqui não há nenhum Mussolini», retorquiu o anjo. «Tenta no andar de cima».
Com efeito, ainda havia uma terceira escada. Era toda de veludo e, por corrimão, tinha dois cordões dourados. No cimo da escada havia uma porta aberta, que deixava entrever uma paisagem cheia de luz e de prados verdejantes. O visitante entrou e ouviu um coro maravilhoso. Ficou extasiado a escutar, quando apareceu a seu lado São Pedro, que lhe perguntou, com ar severo: «Não sabes que aqui se vem com a alma e não com o corpo?»
«Ando à procura de Mussolini», disse o homem. «Já estive no Inferno e no Purgatório, mas os porteiros disseram-me que ele não estava lá, e sugeriram-me que o procurasse aqui».
«Vejamos nos registos», disse São Pedro. «Então, que Mussolini procuras?»
«Benito, o Duce do Fascismo».
«Ah, aquele que vivia em Roma», comentou São Pedro, fechando os registos e esboçando um sorriso. «Não, não está cá, ainda não chegou cá acima. Ficou no coração dos italianos».
Renzo Allegri in «Padre Pio: Un Santo tra noi», 1998.
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