As eleições do final de Agosto de 1921 levam para o Parlamento três deputados do Centro Católico. A sessão solene de abertura tem lugar a 2 de Setembro de 1921. Faz-se a chamada dos presentes. E quando chega a vez do terceiro deputado católico, ouve-se: António de Oliveira Salazar. Um homem de cerca de trinta anos, vestido a rigor, levanta-se e diz: «Presente!». Tem uma figura calma, olhos serenos e movimentos lentos, ponderados. Ouve com muita atenção os debates desta primeira sessão parlamentar em que participa. Mas, desde então, nunca mais foi visto na Assembleia de Deputados. A reunião de 2 de Setembro de 1921 foi a primeira e a última à qual assistiu Oliveira Salazar. Foi o suficiente para se convencer, ali, da trágica inutilidade do Parlamento. Da Assembleia de Deputados dirige-se directamente para a estação e toma o comboio para Coimbra.
Mircea Eliade in «Salazar e a Revolução em Portugal», 1942.
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Salazar era professor na Universidade de Coimbra quando foi eleito deputado pelo Centro Católico. Mas quaisquer que ainda fossem as suas ilusões a respeito do sistema democrático-republicano, estas desvaneceram-se numa única sessão parlamentar. Foi o suficiente para Salazar entender que o problema estava no sistema político, independentemente das qualidades das pessoas. Compreendeu que continuar a alimentar esse mesmo sistema iníquo era, não apenas imoral, como uma enorme perda de tempo. Por isso voltou logo para Coimbra, onde podia ser realmente útil à Pátria.
1 comentário:
Rei = real = realidade. Presidente = presidir = presidiário. Sem mais!
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