Doação Real aos Patriarcas de Lisboa


El-Rei Dom João V, nosso senhor, depois de conceder ao primeiro Patriarca de Lisboa, e a seus sucessores, grandes honras e todas as prerrogativas que são concedidas, e ele permite nos seus Reinos, aos Cardeais da Santa Igreja Romana; atendendo a que os Patriarcas de Lisboa sempre deviam ser pelos próprios merecimentos e por todas as qualidades, as primeiras e principais pessoas cujo lugar ainda poderiam ocupar os Infantes de Portugal: com esta declaração, neste dia [1 de Abril], ano de 1719, dos bens do seu Património Real, fez doação para sempre, com todas as cláusulas que se requerem para sua perpétua validade, ao primeiro Patriarca de Lisboa e a seus sucessores, de duzentos e vinte Marcos de ouro todos os anos, e da Lezíria da Foz de Almonda, que é de grande rendimento, para sustentação magnífica da pessoa do Patriarca, casa e estado, e para que (com admirável providência) os Patriarcas pudessem distribuir as rendas, que tinham e poderiam ter de futuro, em esmolas e mais obras de piedade, a que como Pastores são obrigados, e sem prejuízo dos pobres luzisse a grandeza da sua alta dignidade.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

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