Portugal reconhece Urbano VI como verdadeiro Papa


Flutuava a Barca de São Pedro na direcção de dois Pilotos, arrogando cada um deles a si o governo dela: Eram estes Urbano VI e Clemente VII. E a Cristandade se achava dividida no séquito de um e outro: Os Portugueses se conservavam neutrais, posto que pela maior parte se inclinavam para Clemente. Porém, como então se achava a nossa Corte cheia de Príncipes Ingleses; cujo Rei seguia as partes de Urbano, persuadiram estes a El-Rei de Portugal que tratasse de tomar resolução em um ponto de tanta importância, para o bem e sossego das consciências dos seus Vassalos. Disputou-se logo a controvérsia com grande ardor, e finalmente assentaram os Prelados e homens mais doutos do Reino que Urbano era (como era sem dúvida) o verdadeiro Pontífice; Em consequência desta resolução, El-Rei D. Fernando e toda a Corte, neste dia [29 de Agosto], ano de 1381, lhe prometeram e juraram solenemente obediência na Catedral de Lisboa, pondo as mãos sobre uma Hóstia consagrada, estilo com que se prometiam e juravam naquele tempo as coisas de maior consideração; E logo todo o restante do Reino seguiu o exemplo de El-Rei e da Corte.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

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