O plutocrata não é, pois, nem o grande industrial nem o financeiro: é uma espécie hibrida, intermediária entre a economia e a finança; é a «flor do mal» do pior capitalismo. Na produção não lhe interessa a produção, mas a operação financeira a que pode dar lugar; na finança não lhe interessa a regular administração dos seus capitais, mas a sua multiplicação por jogos ousados contra os interesses alheios. O seu campo de acção está fora da produção organizada de qualquer riqueza e fora do giro normal dos capitais em moeda; não conhece os direitos do trabalho, as exigências da moral, as leis da humanidade. Se funda sociedades, é para lucrar apports e passá-las a outros; se obtêm uma concessão gratuita, é para a transferir já como um valor; se se apodera de uma empresa, é para que esta lhe tome os prejuízos que sofreu noutras. Para tanto o plutocrata age no meio económico e no meio político sempre pelo mesmo processo – corrompendo. Porque estes indivíduos, a quem alguns também chamam grandes homens de negócios, vivem precisamente de três condições dos nossos dias: a instabilidade das condições económicas; a falta de organização da economia nacional; a corrupção política. – Quem tenha os olhos abertos para o que se passou aqui e para o que se passa lá fora, não pode duvidar do que afirmei.
António de Oliveira Salazar in discurso «Problemas da Organização Corporativa», 13 de Janeiro de 1934.
1 comentário:
Absolutamente... PALAVRAS SÁBIAS... sempre actualizadas... VIVA A SUA MEMÓRIA
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