Nós fomos de facto um País essencialmente agrícola, mas enquanto não pudemos ser outra coisa. Durante séculos e ao lado de um artesanato modesto, a agricultura foi a grande criadora de riqueza e esse facto dominou todos os espíritos neste País. Hoje podemos dizer que só potencialmente somos ricos dos produtos da terra, mas que viremos a sê-lo de facto pelos dois caminhos que nos estão abertos: a libertação de grande parte do trabalho rural, em favor das indústrias e do Ultramar; maior produção de produtos agrícolas industrializáveis ou comerciáveis com nações estrangeiras. Continuo a pensar que a agricultura nacional deve acima de tudo ser orientada no sentido de assegurar o sustento da Nação, mas para isso não precisa de absorver toda a sua força de trabalho. E quando pela mecanização e pelo regadio conseguirmos aqueles fins, deixa de ter razão de ser a lamentação de Severim de Faria quando atribui às «conquistas», digamos, na linguagem de hoje, ao Ultramar, a primeira causa da falta de gente que se padecia, e assim, por não existir, empobrecia o Reino.
António de Oliveira Salazar in discurso «No 40º Aniversário do 28 de Maio», 28 de Maio de 1966.
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