Afinal, quando os filhos do Rei D. João I lhe pediram autorização para a primeira expedição ultramarina, que implicou depois na libertação de Ceuta, o grande e piedoso monarca, antes de qualquer outra coisa, quis saber se a iniciativa seria útil para o serviço de Deus. A semelhança de todas as outras iniciativas que se seguiram, também esta teve como escopo principal a propagação da Fé, aquela mesma Fé que teria animado a cruzada do ocidente e as ordens de cavalaria na épica luta contra o domínio dos mouros.
Nas caravelas que, ostentando o branco pendão assinalado pela cruz de Cristo, deslocavam os intrépidos descobridores portugueses nas costas ocidentais da África e das ilhas adjacentes, navegavam também os missionários, "para atrair as nações bárbaras ao jugo de Cristo", como se exprimia o grande pioneiro da expansão colonial e missionária portuguesa, o Infante D. Henrique, o navegador.
O príncipe dos exploradores portugueses, Vasco da Gama, quando levantou âncora para iniciar a sua aventurosa viagem à Índia, levou consigo dois padres trinitários, um dos quais, após ter pregado com zelo apostólico o evangelho às gentes da Índia, coroou o seu árduo apostolado com o martírio. O seu sangue, e aquele de outros heróicos missionários portugueses, foi naqueles lugares remotos, como sempre e em toda parte é o sangue dos mártires, semente de cristãos; o seu luminoso exemplo foi para todo o mundo católico, mas antes de tudo para os seus generosos compatriotas, uma chamada e um estímulo ao apostolado missionário.
Papa Pio XII in encíclica «Saeculo Exeunte Octavo», 13 de Junho de 1940.
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