Conversa entre amigos:
– Não se pode explicar como os católicos concorrem com o dinheiro do seu bolsinho para a manutenção de certos jornais anti-católicos. É uma coisa verdadeiramente fenomenal, mas é um facto.
– Mas, senhor, cada qual pode ler o que muito bem lhe parecer.
– Não pode tal. Os jornais que combatem a Religião, que metem a ridículo as coisas religiosas, que insultam os bons católicos, pelo facto de serem católicos, não se devem ler, não se podem ler.
– Mas jornais há, que, apesar de fazerem isso e muito mais do que isso, também falam de coisas boas.
– Mais uma razão para se não comprarem, mais um motivo para se não lerem.
– Ora, então, porque falam de coisas boas, já se não devem ler?
– Não é por isso, senão porque publicam certas coisas de piedade, para melhor enganar os incautos. São hipócritas.
Ora tens entendido, leitor amigo?
– Agora já vou entendendo. Mas quais são esses jornais maus? Quero saber quais eles são, porque para o futuro não há-de ser o meu suor que os há-de enriquecer.
– Tem paciência, isso é que eu te não digo; mas, se o desejas saber, pergunta-o a um padre sábio e virtuoso.
Adeus, meu caro leitor, até outra vez.
Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 1º Ano, Nº 3, Março de 1895.
§
Vale a pena lembrar que a chamada "liberdade de imprensa" é um dos erros liberais condenados pela Igreja. E se em 1895 ainda se conseguia distinguir os bons jornais dos maus jornais, hoje nem as publicações católicas de tendência conservadora se podem recomendar, por não estarem isentas de erro. Eis o quanto se tem decaído. Eis a gravíssima crise em que vivemos. «Mas quando vier o Filho do homem, porventura achará fé sobre a terra?» (S. Lucas, XVIII, 8).
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