João de Deus


Entusiastas as festas em honra do nosso mavioso lírico João de Deus. Tudo quanto se lhe fez, ele o merecia, pelo seu talento, pela sua modéstia, pelo seu desinteresse. Mas é pena que entre tantas demonstrações de simpatia para com o ilustre vate, ninguém se lembrasse em Lisboa de agradecer ao Dador de todos os bens a conservação de vida tão preciosa, para continuar a honrar a Pátria com o seu nome e a moralizar com os seus escritos.
Uma solenidade religiosa, por simples que ela fosse, no dia de João de Deus, santo, para comemorar o natalício de João de Deus, poeta, teria dado aos festejos profanos em sua honra o mesmo brilho que o sol comunica à lua; teria sido mais sério tanto regozijo e mais português e mais digno de João de Deus. Era assim que faziam os antigos portugueses: para comemorar altos feitos ou perpetuar a memória de brilhantes batalhas, levantavam templos ao Deus das vitórias e instituíam solenidades ao Rei imortal.

Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 1º Ano, Nº 3, Março de 1895.

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