De Deus não se zomba


No primeiro domingo de Setembro, um indivíduo que primava pelas suas ideias irreligiosas, andava à caça nas margens do Garonne, rio de França, quando tentou vadeá-lo para a margem oposta. O infeliz, porém, foi arrastado pela corrente e seu corpo não mais foi achado.
Este desgraçado, bem conhecido de todos os seus patrícios pelo implacável ódio com que perseguia a religião e pelo ardente zelo com que promovia os enterros civis, havia-se sempre oposto ao baptismo de seus filhos; e quando soube que o mais velho fora baptizado sem seu conhecimento, tomado de furor, foi com ele a ter com o pároco, exigindo-lhe que desbaptizasse seu filho e que riscasse seu nome dos registos da Igreja.
O povo, quando soube das circunstâncias de sua morte, comentava com as seguintes e semelhantes reflexões: Já que ele não quis baptizar seus filhos, apanhou um mergulho como ele nunca esperava; e em vez d'um grupo de empavesados mações que seguissem seu cadáver à sepultura, teve o silencioso e igualmente civil cortejo dos peixes do Garonne.
É assim que a Divina Justiça pune muitas vezes aos que d'Ela riem e motejam.

Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 2º Ano, Nº 22, Outubro de 1896.

1 comentário:

Anónimo disse...

Conhecido é também o caso de alguns portugueses na Batalha de Aljubarrota, que foram mortos por flechas ainda antes da batalha propriamente dita começar, e tomaram os portugueses aquilo como fraco começo e predição de triste conclusão, mas um dos portugueses bradou que dias antes os vira a todos assaltar uma igreja e matar o padre, e que Deus apenas não queria que tais pecadores fossem participantes da glória de tao milagrosa vitória. Tomando assim os portugueses novo vigor.