Os destruidores


Nós, judeus, somos acusados de sermos destruidores: tudo o que vocês constroem, nós destruímos. Isso é verdade apenas num sentido relativo. Nós não somos deliberadamente iconoclastas: não somos inimigos das vossas instituições simplesmente por causa da nossa antipatia. Nós somos uma massa apátrida que procura satisfação para os nossos instintos construtivos. E nas vossas instituições não conseguimos encontrar satisfação; elas são as instituições lúdicas dos esplêndidos filhos do homem – e não do próprio homem. Nós procuramos adaptar as vossas instituições às nossas necessidades, porque enquanto existirmos necessitamos de ter expressão; e tentando reconstruí-las para as nossas necessidades, desconstruímo-las para as vossas.
(...)
Um século de tolerância parcial deu-nos, a nós, judeus, acesso ao vosso mundo. Nesse período, foi feita a grande tentativa, pela guarda avançada da reconciliação, de unir os nossos dois mundos. Foi um século de fracasso. Os nossos radicais judeus estão a começar a compreendê-lo vagamente.
Nós, judeus, nós, os destruidores, continuaremos a ser eternamente destruidores. Nada do que vocês façam irá ao encontro das nossas necessidades e exigências. Destruiremos para sempre porque precisamos de um mundo próprio, um mundo divino, que não é da vossa natureza construir. Para além de todas as alianças temporárias com esta ou aquela facção, reside a divisão final entre natureza e destino, a inimizade entre o Jogo e Deus. Mas aqueles de nós que não conseguem compreender esta verdade serão sempre encontrados em aliança com as vossas facções rebeldes, até que chegue a desilusão. O destino miserável que nos espalhou entre vós impôs-nos este papel indesejável.

Maurice Samuel in «You Gentiles», 1924.

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