Ao Serafim de Assis


Como louvarei eu, Serafim Santo,
Tanta humildade, tanta penitência,
Castidade e pobreza e paciência,
Com este meu inculto e rude canto.

Argumento que às musas põe espanto,
Que faz muda a grandíloqua eloquência.
Oh imagem que a divina Providência
De si viva em vós faz para bem tanto!

Fostes de santos uma rara mina;
Almas de mil a mil ao céu mandastes
Do mundo, que perdido reformastes.

E não roubáveis só com a doutrina
As vontades mortais, mas a divina;
Pois os seus Rubis cinco lhe roubastes!

Camões

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