Ajustam-se pazes entre Portugal e Castela


Cortada Castela de tantos golpes, esvaida de tanto sangue que deixou na memorável batalha de Aljubarrota, e em outras que se lhe seguiram, em que sempre foi sangrada e vencida pelo ferro e braço Português; Vendo-se sem as praças e terras que ocupava em Portugal, e que já lhe tomávamos as suas, e fazíamos a guerra dentro em sua própria casa; procurou El-Rei Dom João I de Castela fazer tréguas com El-Rei Dom João I de Portugal, e este lhas concedeu por três anos com condições de honra e vantagem nossa, e se assinou o tratado neste dia [29 de Novembro], ano de 1389. Morto depois o de Castela desgraçadamente, seu filho Dom Henrique, que lhe sucedeu, ratificou as mesmas tréguas no ano de 1393, e as prorrogou por quinze anos. Faltando, porém, à religiosa observância delas, lhe tomámos em represália a Cidade de Badajoz, com que se renovaram as guerras, as quais se concluíram com as pazes de Ayllón de 1411.

Pe. Francisco de Santa Maria in «Ano Histórico, Diário Português: Notícia Abreviada de pessoas grandes e coisas notáveis de Portugal», 1744.

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