A 8 de Abril de 2011, o maçon, republicano e socialista António Almeida Santos, proferiu um discurso ao congresso do Partido Socialista, no qual afirmava, sob o nome de Globalização, o velho projecto maçónico da República Universal. Considero, pois, oportuno lembrar esse discurso de significado negativo, trazendo à luz aquilo que tem vindo a ser maquinado e implementado nas sombras. Passo a citar:
(...) Também não foi fácil, há duzentos anos, criar o Estado-Nação [= Constitucionalismo], e foi criado. E a União Europeia, exemplo de uma mais que tendencial Confederação do espaço continental europeu, está aí, criada sem bulha, por um método que pode voltar a ser tentado, agora a nível mundial. Se há quarenta anos me tivessem perguntado se a União Europeia de hoje era possível, eu teria dito que não. E foi, apesar de, à data, o espaço europeu vir de uma das mais cruentas guerras de sempre, e não ter, a pressionar a sua unificação, os problemas que o mundo, já globalizado por metade, hoje tem. Reconheçamos que o processo de globalização não é parcelável, nem em definitivo travável ou detenível.
Retiro esta minha esperança também do facto de, entretanto, o mundo ter entrado na fase final do seu processo de globalização. Era grande, desconhecido, dificilmente percorrível. Hoje é, a muitos títulos, um acanhado e devassado recinto. Contacta à velocidade da luz. E pode deslocar-se a velocidades superiores à do som. Imagens dele entram-nos todos os dias porta-a-dentro. É-nos familiar. Milhões de turistas diariamente o percorrem. Milhões de cidadãos diariamente contactam. Onde era o isolamento é hoje o convívio. As mais distintas identidades nacionais se fundem. O processo de globalização entrou na sua fase terminal sem recuo. Quem tentar travá-lo acabará trucidado por ele.
Soljenítsin disse no seu célebre discurso de Harvard: "quando formos milhões, já nada poderão fazer contra nós". Pois bem: já somos. Só falta que a 'lei da transformação da quantidade em qualidade' [erro comunista] faça o que lhe compete. E o que lhe compete é obrigar o modelo económico neoliberal a levantar o pé do travão, e aceitar que à globalização económica, se adicione a globalização política, e por extensão, social, fiscal e militar.
Gostava de morrer com o mundo globalizado por inteiro, e com a família humana universalizada por comuns culturas, sentimentos e afectos. Foi esse o sonho de grandes líderes políticos e espirituais. A lógica que preside ao processo histórico está com o arredondamento da actual civilização. E perante esta evidência, a tentativa da salvaguarda de soluções divisionistas e parcelares, está condenada ao fracasso.
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