A senhora D. Isabel Maria Eugénia, filha do Duque Maximiliano José da Baviera, casada com Francisco José, Imperador da Áustria, foi no dia 10 [de Setembro] assassinada, em Genebra, ao sair de um hotel.
O assassino, escusado era dizê-lo, é italiano, como italiano era o assassino de Carnot, Caserio, como italiano o assassino de Canovas, Angiolilo, como os assassinos quase diariamente linchados nos Estados Unidos, como os assassinos de Leon, do Pará, e pode-se dizer que de todo o mundo.
Era França assim no tempo do Império, como no da República, os maiores atentados tiveram sempre por autores os italianos. Italianos eram Fieschi, Orsini, Pieri, Pianori.
A Itália tem sido neste últimos tempos governada por homens saídos das lojas. A sua grande obra aí se vê. A Itália é hoje um grande depósito de matérias-primas para os grandes crimes. Nem isso admira, se a estátua do mestre dos assassinos, Mazzini, se ergue em quase todas as cidades da Península.
– A dor que sentiu o Imperador ao receber a fúnebre notícia, não se pode descrever. Entre todas as provações por que tem passado, é esta sem dúvida a que tem ferido mais vivamente o seu coração. Assim se mudaram em prantos as festas do 50º aniversário da sua coroação.
O Imperador depois de receber a triste notícia, assistiu a uma missa de requiem. Durante a missa ouviam-se veementes soluços.
Francisco José disse que não perdia a sua confiança em Deus, e que desejava confessar-se. Depois falou profundamente comovido da última carta que recebera da Imperatriz, em que ela dizia que estava boa, e que sentia o maior prazer de chegar em breve a Viena para assistir às festas da coroação do Imperador. Acrescentava: «o mundo não faz ideia de quanto nos amamos».
Fonte: «Voz de S. António: Revista Mensal Ilustrada», 4º Ano, Nº 21, Setembro de 1898.
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