Um fado contra-revolucionário


Não namores os franceses
Menina, Lisboa,
Portugal é meigo às vezes
Mas certas coisas não perdoa
Vê-te bem no espelho
Desse honrado velho
Que o seu belo exemplo atrai
Vai, segue o seu leal conselho
Não dês desgostos ao teu pai

Lisboa, não sejas francesa
Com toda a certeza
Não vais ser feliz
Lisboa, que ideia daninha
Vaidosa, alfacinha,
Casar com Paris
Lisboa, tens cá namorados
Que dizem, coitados,
Com as almas na voz
Lisboa, não sejas francesa
Tu és portuguesa
Tu és só pra nós

Tens amor às lindas fardas
Menina, Lisboa,
Vê lá bem pra quem te guardas
Donzela sem recato, enjoa
Tens aí tenentes,
Bravos e valentes,
Nados e criados cá,
Vá, tenha modos mais decentes
Menina caprichosa e má

Lisboa, não sejas francesa
Com toda a certeza
Não vais ser feliz
Lisboa, que ideia daninha
Vaidosa, alfacinha,
Casar com Paris
Lisboa, tens cá namorados
Que dizem, coitados,
Com as almas na voz
Lisboa, não sejas francesa
Tu és portuguesa
Tu és só pra nós

Amália Rodrigues

4 comentários:

Anónimo disse...

Bonita musica. Portugal aos portugueses! Europa aos europeus.

VERITATIS disse...

Lindíssima, sem dúvida.

Anónimo disse...

Ou voltam os valores antigos, como por exemplo a Honra, o Dever e a Glória, ou a raça portuguesa desaparecerá do mundo em pouquíssimo tempo. Bonita canção, o fado foi calado na rádio após a Revolução dos Cravos, em seu lugar promoveram os grupos de Rock subversivos, revolucionários, e o povo foi papando tudo.

VERITATIS disse...

É um fado belíssimo, tanto pela melodia como pela letra. Aqui "francesa" ganha o significado de "maçónica" ou "revolucionária". Daí que, após o 25 de Abril, ele tenha sido votado ao esquecimento. Preferem promover músicas subversivas a músicas tradicionais.