Monarquices


Se eu não fosse o monárquico que de facto sou, estaria agora filiadinho no P.P.M., ou haveria dado oportunamente a minha adesão ao Partidinho Liberal ou teria andado, inclusivamente, pela Convergência Monárquica, a tirocinar-me, com tempo de sobra, para a democracia...
Parecerá tudo isto um contra-senso, mas não é. Aqui, em Portugal, está visto que os monárquicos propriamente ditos tendem, cada vez mais, a ser (e a sê-lo) cada vez menos; e se nesse número, extremamente dígito, eu me incluo, é porque tenho a plena consciência de ser um monárquico, doutrinado como tal, a cem-por-cento.
Demais a mais, dá-se comigo um fenómeno verdadeiramente singular: ao contrário da esmagadora maioria dos nossos monárquicos, eu acho que, para um súbdito da ideia dinástica, o que é importante não é morrer-se placidamente monárquico, mas lutar, isso sim, activamente, para se viver em monarquia. E, neste capítulo, a inaction portugaise tem sido, simplesmente, total e absoluta.
O sentimentalismo pré-primário, e o expectativismo contemplativista, que caracterizam, desde há muito, a causa da Realeza em Portugal, cedo a converteram numa causa... sem efeito. E agora, então, muito mais reduzidas do que nunca se me afiguram as probabilidades de que a solução monárquica ainda possa vir a ser uma solução nacional. Cá por coisas...

Rodrigo Emílio in jornal «A Rua», 14 de Setembro de 1978.

2 comentários:

menvp disse...

-> Quando os meios de comunicação eram pouco eficientes... o melhor para a defesa duma Nação seria a existência dum poder centralizado (ex: um REI)... todavia, no entanto... com a existência de bons meios de comunicação, o melhor para a defesa duma Nação será a mobilização dos cidadãos (um ex: o Direito ao veto de quem paga, vulgo contribuinte, blog «fim-da-cidadania-infantil»).
{OBS: Uma Nação é uma comunidade de indivíduos de uma mesma matriz racial que partilham laços de sangue, com um património etno-cultural comum... Uma Pátria é a realização e autodeterminação de uma Nação num determinado espaço.}
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P.S.
Uma sugestão: Islândia - a revolução censurada pelos Media, mas vitoriosa!
{Obs: Os políticos e os partidos políticos vão ter que se aguentar... leia-se, têm de passar a ser muito mais controlados pelos cidadãos... consultar o know-how islandês poderá ser muito útil: deve-se icentivar atitudes de participação cívica... que não sejam... gritar com megafones, derrubar barreiras policiais, etc}

VERITATIS disse...

Quando os meios de comunicação eram pouco eficientes... o melhor para a defesa duma Nação seria a existência dum poder centralizado (ex: um REI)... todavia, no entanto... com a existência de bons meios de comunicação, o melhor para a defesa duma Nação será a mobilização dos cidadãos

Falácia non sequitur detectada! Meios de comunicação eficientes não implicam descentralização do poder, o actual Estado português é a maior prova disso. Hoje em dia temos meios de comunicação eficientes e no entanto o Estado é absorvente e burocrático. Além disso, a Monarquia não se caracteriza pelo seu poder centralizador em oposição à República cujo poder é descentralizador, qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento político sabe disso. A autoridade do Rei caracteriza-se, não por ser absorvente, mas por ser absoluta, livre e independente. Curiosamente os períodos da nossa História em que o Estado foi mais centralizador aconteceram precisamente em República.