Portugal nasceu à sombra da Igreja


Portugal nasceu à sombra da Igreja e a religião católica foi desde o começo elemento formativo da alma da Nação e traço dominante do carácter do povo português. Nas suas andanças pelo Mundo – a descobrir, a mercadejar, a propagar a fé – impôs-se sem hesitações a conclusão: português, logo católico. Tiveram o restrito significado de lutas políticas, e não de questão religiosa, os dissídios dos primeiros séculos entre os Reis e os Bispos, e os que mais tarde envolveram os governos e a Cúria. Na nossa história, nem heresias, nem cismas; apenas vagas superficiais, que, se atingiam por vezes a disciplina, não chegavam a perturbar a profunda tranquilidade da fé. A adesão da generalidade das consciências aos princípios de uma só religião e aos ditames de uma só moral, digamos, a uniformidade católica do País, foi assim, através dos séculos, um dos mais poderosos factores de unidade e coesão da Nação Portuguesa. Portanto factor político da maior transcendência; e por esse lado nos interessa.

António de Oliveira Salazar in discurso «O Meu Depoimento», 7 de Janeiro de 1949.

13 comentários:

Anónimo disse...

Essa não é a capela que está junto do castelo de Guimarães?

VERITATIS disse...

Sim. É a Igreja de São Miguel, local onde foi baptizado D. Afonso Henriques, 1º Rei de Portugal.

Anónimo disse...

É por isso que no PNR não faltam "nacionalistas" pagãos antricristãos primários que são contra o Dr. Salazar, acusando-o de ser um desastre minho-timorense. E é isso que distingue o nacionalismo integralista, que é aquilo que eu defendo (e você também, pelos vistos), do nacionalismo racialista, o do Adolf Hitler (nacionalismo de extrema-esquerda em contraposição à de extrema-direita).

Mais do que raças, etnias e culturas, a Igreja Católica é que é o verdadeiro aglutinador da Portugalidade, uma vez que foi graças a Ela que Portugal surgiu. Por muito que isso incomode os ateus, os agnósticos ou pagãos que se dizem portugueses.

VERITATIS disse...

A minha definição de Nação é a mesma que a de Salazar: «A Nação é para nós, sobretudo uma entidade moral, que se formou através de séculos pelo trabalho e solidariedade de sucessivas gerações, ligadas por afinidades de sangue e de espírito, e a que nada repugna crer, esteja atribuída no plano providencial, uma missão específica no conjunto humano».

Anónimo disse...

Exactamente. Isso é nacionalismo integralista. Para mim, todos podem fazer parte da nação portuguesa, sejam brancos, pretos, índios, amarelos ou mestiços. Importante é comungarem todos dos mesmos princípios da portugalidade, principalmente a língua portuguesa e sobretudo a Igreja Católica.

Já os racialistas defendem que a nação Portugal é só para brancos. Muitos deles até advogam o regresso do culto dos "deuses ancestrais étnicos europeus", como o "nosso" Endovélico. Mas isso é coisa dos lusitanos e a nação portuguesa, da qual nós pertencemos, nasceu com a Igreja Católica, pois D. Afonso Henriques e os seus cavaleiros eram cristãos.

VERITATIS disse...

Não é isso que diz o texto. Salazar fala em «afinidades de sangue e de espírito» para definir Nação. E Nação não é o mesmo que Império. Só no Império é que subsistem várias nacionalidades para uma mesma cidadania.

Anónimo disse...

Então, segundo esse esclarecimento, a selecção nacional de 1966 não era na verdade "nacional" mas sim imperial? E onde é que cabe a ideia de que Portugal ia do Minho até Timor? Onde acaba a nação e começa o império? Será que os pretos para o Salazar não faziam parte da nação portuguesa?

Não existiam várias nacionalidades no império. Antes do 25 de Abril de 1974 eram todos portugueses, pois as "províncias ultramarinas" não eram independentes. O Marcelino da Mata é o militar português mais condecorado de sempre, ele é preto, africano da Guiné-Bissau, lutou pela pátria portuguesa contra a independência da sua terra e como consequência está impedido de voltar para a Guiné-Bissau. Terá ele "afinidades de sangue e de espírito" com a nação portuguesa? Será ele antes um português de segunda?

Anónimo disse...

Já agora:

http://bloguedofirehead.blogspot.pt/2012/09/eu-nasci-numa-nacao-chamada-portugal.html

VERITATIS disse...

Creio que fui bastante claro na exposição que fiz: fiz distinção entre cidadania e nacionalidade. Por exemplo, no Império Romano poder-se-ia ser de "nacionalidade" lusitana e cidadão de Roma em simultâneo - uma coisa não nega a outra. E o mesmo era válido para o Império Português, onde existiam cidadãos de Portugal, mas de diferentes origens étnicas.
Além disso, convém lembrar que nem todos os habitantes do Ultramar eram cidadãos de Portugal. Existiam aculturados e existiam indígenas, só os primeiros tinham cidadania portuguesa.

Nota: Se a Língua é o factor decisivo de atribuir "nacionalidade", eu, que até sei falar inglês, devo ter direito à cidadania britânica?

Anónimo disse...

Então os que eram indígenas, para os efeitos legais, eram o quê se não eram portugueses? Apátridas do império na sua própria terra? Eram indocumentados?

Sim, sim, próprio São Paulo dizia ser romano e era de Tarso, para além de ser também grego... Dupla ou tripla-cidadania? Hoje em dia distingue-se nacionalidade de cidadania? Em termos práticos, alguma vez se distinguiu? ;)

Abraço.

VERITATIS disse...

«Então os que eram indígenas, para os efeitos legais, eram o quê se não eram portugueses?»

Aos indígenas estava reservado um estatuto especial segundo o Decreto-lei nº 39/666, de 20 de Maio de 1954.

«Apátridas do império na sua própria terra?»

Naturalmente que não eram apátridas. Tanto podiam ser da tribo Kimbundu em Angola, como da tribo Macua em Moçambique.

«Eram indocumentados?»

Tinham um estatuto especial.

«Hoje em dia distingue-se nacionalidade de cidadania? Em termos práticos, alguma vez se distinguiu?»

Hoje em dia não se distingue nacionalidade de cidadania, uma vez que foi abolida a noção de jus sanguinis para atribuir nacionalidade. Mas, por exemplo, no tempo do Império Romano essa distinção era bem clara, e tanto podiam ser cidadãos de Roma indivíduos de "nacionalidade" lusitana, gaulesa, germânica, etc.

Anónimo disse...

De facto agora que leio isso faz sentido... e lembro-me que o Adriano Moreira criou a lei do indigenato... deve ter a ver com isso.

Ainda assim, não esclarece o que eram os indígenas à luz do Direito, sobretudo internacional, o que é que estes seriam se saíssem das suas terras - ou se haveria mesmo a possibilidade de se tornar cidadãos prtugueses de plenos direitos.

Seja como for, esses argumentos são muito úteis contra os ditos nacionalistas racialistas que detractam a figura do Salazar acusando-o pelo seu minho-timorismo.

Além de que isso já não é mais possível agora, com o fim do imperialismo. O desastre da descolonização e da traição à pátria por parte dos abrilistas deram cabo do conceito de nação, daí existirem hoje em dia imensos portugueses (pretos, brancos e de outras raças/etnias) que não deveriam sequer ser portugueses.

VERITATIS disse...

«Ainda assim, não esclarece o que eram os indígenas à luz do Direito, sobretudo internacional, o que é que estes seriam se saíssem das suas terras - ou se haveria mesmo a possibilidade de se tornar cidadãos portugueses de plenos direitos.»

À luz do Direito, eram povos reconhecidos legalmente que habitavam território português. Estes podiam tornar-se cidadãos portugueses, da mesma forma que um lusitano se podia tornar cidadão romano.