Nesta óptica, de resto, não pedimos grande coisa: noção e sentido da Pátria e da solidariedade nacional; família – célula social por excelência; autoridade e hierarquia; valor espiritual da vida e do respeito devido à pessoa humana; obrigação do trabalho; superioridade da virtude; carácter sagrado dos sentimentos religiosos – eis o essencial para a formação mental e moral do cidadão do Estado Novo. Somos, pois, contra todos os internacionalismos, contra o comunismo, contra o socialismo, contra o sindicalismo libertário, contra tudo o que diminui, divide, desagrega a família, contra a luta de classes, contra os sem-Pátria e os sem-Deus, contra a escravidão do trabalho, contra a concepção puramente materialista da vida, contra a força como origem do direito. Somos contra todas as grandes heresias do nosso tempo, tanto mais que nunca tivemos a prova da existência de um único lugar no mundo onde a liberdade de propagar semelhantes heresias tenha constituído uma fonte de bem; esta liberdade, quando se a concede aos bárbaros dos tempos modernos, só serve para minar os fundamentos da nossa civilização.
António de Oliveira Salazar in «Como se levanta um Estado», 1937.
10 comentários:
Mas isto é belíssimo...! Obrigada por partilhar! Venha mais!
Alguma ideia onde encontrar este livro à venda? Já pesquisei e pesquisei e não encontro.
Parece suspeito que a edição recente tenha esgotado rapidamente e não tenha havido uma segunda para acompanhar a procura.
Eva,
Muito obrigado. Contudo há que lembrar que o Estado Novo não pode servir como norma, mas apenas como excepção. O católico orienta-se sempre pelo superior. E no nosso caso português, o superior é a monarquia tradicional católica.
Ilo,
As edições deste livro já têm alguns anos, por isso creio que só em alfarrabistas ou sites de venda on-line.
Sempre tenho achado estranho que Salazar nunca se tenha afirmado a si mesmo nem ao Estado como sendo explicitamente Católico...??
Eva,
A Concordata de 1940 afirmava que Catolicismo era a religião da Nação Portuguesa, por isso só a Igreja tinha o direito de ensinar nas escolas públicas, a ter isenções fiscais e a definir o seu próprio sistema de organização.
E também há um célebre discurso de Salazar: "Portugal nasceu à sombra da Igreja e a religião católica foi desde o começo elemento formativo da alma da Nação e traço dominante do carácter do povo português. Etc."
Obrigada por esclarecer!
Há algum livro que fale de Salazar do ponto de vista da Fé? Da sua vida, discursos, escritos, obras...? Eu moro no Canadá por isso não posso ir aos alfarrabistas de Lisboa :)
Eva,
Não conheço nenhuma publicação de Salazar que fale exclusivamente da Fé. Mas lembro que Salazar não era propriamente um autor. Salazar era, como o próprio se definia, "um professor estrangeirado em política". O seu desempenho de Estadista resulta, em grande parte, da sua formação moral e intelectual católica.
Este conjunto de princípios provam que Salazar não precisou ler Charles Maurras para construir a sua obra governativa.
É isso mesmo, Santacombadense. E até diria mais: Salazar não precisou de ler nenhum autor para realizar o que realizou. A sua formação moral e intelectual de católico e de homem da província, eram mais do que suficientes.
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