Perto das nove horas da manhã do dia 1 de Outubro, primeira sexta-feira do mês consagrado à devoção do Santo Rosário, desprendeu-se dos laços da terra, inesperadamente, o grande homem de Deus e grande apóstolo de Portugal, o venerando Dr. Francisco Rodrigues da Cruz, o popularíssimo Padre Cruz.
Completara, em Julho, 89 anos de idade e tinha enchido Portugal inteiro com a fama dos seus milagres e o esplendor das suas virtudes durante mais de meio século.
Bons e maus, crentes e descrentes, todos o veneravam. Corriam para ele a toda a hora e de toda a parte os que sofriam do corpo ou da alma, e também muitos que pretendiam favores avantajados de ordem sobrenatural.
A sua bênção era ambicionada e recebida como penhor seguro de graças. Ele a ninguém a recusava, para a cura e bom despacho ou para resignação e conformidade com a vontade de Deus.
Pediam-lha até os que governavam na Igreja ou no Estado. Tal era o prestígio da sua virtude e o crédito da eficácia da sua oração!
Quando morreu, choraram-no as lágrimas de muitos e a saudade de todos. Mas ele é imortal.
Como os santos – únicos no gozo deste privilégio – nem a memória da sua santidade se extinguirá da lembrança dos vivos até ao fim dos séculos, nem há-de desaparecer jamais a sensação viva da sua presença, no meio de nós, pela comunicação incessante e perpétua dos favores que sempre lhe iremos pedindo em súplicas de necessitado, e que ele, ainda mais agora no Céu do que anteriormente na Terra, será pronto em alcançar para todos.
Desde a hora em que o seu corpo entrou no jazigo do Cemitério de Benfica, nunca mais cessou a peregrinação dos que vão pedir-lhe graças, ofertar-lhe flores e tocar objectos nas tábuas do seu ataúde. Sacerdotes e leigos ajoelham diariamente diante daquele caixão de morto, quando voltam de acompanhar outros à sepultura.
Fala-se já de grandes curas operadas por sua intercessão. Parece certa a de uma senhora francesa, residente em Lisboa, e curada instantaneamente de tuberculose óssea na espinha dorsal. A ciência e a Igreja ajuizarão do carácter miraculoso deste e de outros casos.
O Secretariado do Monumento de Cristo Rei, dedicando boa parte deste número de «O Monumento» à memória da pessoa e benemerências do Padre Cruz, cumpre um dever de gratidão para com ele, que tão grande amigo e intercessor era deste empreendimento da glorificação monumental de Cristo Rei.
Simão de Xavier in jornal «O Monumento», 24 de Dezembro de 1948.
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