25 da Perfídia


Em 25 de Abril ocorreu a revolução da perfídia. Toda ela estava viciada, chocou-se um ovo de monstro no nosso ventre, que quando a casca se partiu, rapidamente cresceu e nos quis devorar. Os portugueses resistiram e fizeram-lhe frente, mas dos seus tentáculos cortados escorreu um visco venenoso que ainda hoje se agarra a tudo e nos tolhe os movimentos. Fomos aldrabados por "heróis de pacotilha" que se encheram de honras e de dinheiros fáceis. O sonho rapidamente se transformou em pesadelo e aqueles que já acordaram rangem os dentes de impotência. Era bom voltar a sonhar com outros protagonistas: a verdade, a humanidade e a justiça. Mas dizem-nos dos bastidores que essa peça não está no repertório desta companhia de teatro. Só temos guarda-roupa para interpretar peças de vilões e de perfídia.
Teremos de continuar com a "revolução da perfídia", peça estreada há mais de trinta anos, de autor estrangeiro, sempre com protagonistas que se esquecem de olhar para o público, nem nisso estão interessados, pois o público, embora remoendo impropérios, não tem outro espectáculo para ver.
(...)
Existem ainda umas dúzias de pessoas, e de grupos, interessados em manter vivas as festividades do 25 de Abril. São todos os que querem fazer passar a ideia de que foram figuras de proa no pronunciamento que derrubou o salazarismo/marcelismo, e que publicitam anualmente o seu feito às novas gerações; querem ser conhecidas como fazedoras de História.
Mas, se atentarmos na lógica da tese apresentada neste livro, melhor fora que se escondessem para ajudar a esquecer uma revolução e uma data que nada teve de patriótica nem de libertadora. Na verdade, a revolução do 25 de Abril foi planeada por estrangeiros que pretendiam, primeiro, ganhar o controlo das então portuguesas terras ultramarinas, e, por fim, estabelecer no nosso País uma linha avançada do comunismo na Europa. Os encenadores estrangeiros fizeram entrar em palco os actores portugueses na altura que mais lhes conveio e eles limitaram-se a apresentar a tragicomédia e vir à boca de cena receber os aplausos, sem se darem conta do que se passava nos bastidores, nem dos interesses do público.

General Silva Cardoso in «25 de Abril de 1974: A Revolução da Perfídia», 2008.


2 comentários:

VERITATIS disse...

Para chefiar o governo saído da revolução de 25 de Abril o Movimento das Forças Armadas propôs os nomes de Pereira de Moura, Raul Rego ou Miller Guerra. O Presidente Spínola não concordou. Ainda convidou o ex-ministro Veiga Simão, mas acabou por nomear Adelino da Palma Carlos, que lhe fora sugerido pelos dirigentes do Grande Oriente Lusitano.

majoMo disse...

> "falta ao regime que nasceu do 25 de Abril um mínimo de credibilidade moral. A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar. O actual estado de coisas, em Portugal, nasceu podre nas suas raízes. Herdou todos os podres da anterior, mais a vergonha da deserção."
• "Foi a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir."
. Prof. António José Saraiva: Ler mais: https://luso-fenix.webnode.pt/antonio-jose-saraiva/o-25-de-abril-e-a-historia/".