Contra vãs ilusões restauracionistas


Artigo escrito a 25 de Fevereiro de 1945:

Meus amigos, enquanto houver algo para salvar; com calma, com paz, com prudência, com reflexão, com firmeza, implorando a luz divina, há que fazer o necessário para salvá-lo. Quando já não há nada para salvar, sempre e ainda há que salvar a própria alma.
É bem possível que sob pressão das pragas que estão a cair sobre o mundo, e dessa nova falsificação do catolicismo que aludi acima, a estrutura da cristandade ocidental continue a se desfazer de tal forma que, em breve, não haverá nada que fazer, para um verdadeiro cristão, na ordem da coisa pública.
Agora a palavra de ordem é ater-se à mensagem essencial do cristianismo: fugir do mundo, crer em Cristo, fazer todo o bem possível, desapegar-se das coisas criadas, guardar-se dos falsos profetas, lembrar da morte. Numa palavra, dar com a vida testemunho da Verdade e desejar a vinda de Cristo.
No meio deste alvoroço, temos que tratar cuidadosamente da nossa salvação, tal como o artista faz a sua obra com os materiais à sua disposição, primeiro dentro de si mesmo. Não há nada que não se possa usar, se alguém puder pisá-lo, para subir até Deus. (...)
Os primeiros cristãos não sonhavam em reformar o sistema judicial do Império Romano, mas sim, com todas as suas forças, em ser capazes de enfrentar as feras; e em contemplar com horror, no imperador Nero, o monstruoso poder do diabo sobre o homem.

Pe. Leonardo Castellani in «Decíamos ayer...», 1968.

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