Sangue de Portugal... Devemos honrá-lo, mas sem cair no mito do sangue e sem pretender divinizá-lo, como querem alguns por cá e fazem outros por lá. O Sangue Português deixaria de o ser, quando deixasse de ser cristão.
Não consigo nunca ler as Crónicas dos nossos reis, as Relações dos nossos descobridores, missionários e colonizadores, que não sinta em mim uns frémitos de entusiasmo, e ao mesmo tempo de admiração e de respeito. Verdadeiramente, não há palmo da terra que pisamos, não há onda em todos os mares, nem areia em todas as praias, nem floresta virgem em qualquer canto do mundo, nem montanha escalvada ou deserto sem água, que não tenha visto correr o sangue português!
Mas para quê tanto martírio, tanta dor, tanta canseira?... Sangue Português?... Fica aos que sobrevivem o dever de substituírem os que caem. Para que Portugal viva, é preciso que viva o sangue de Portugal; para que viva o sangue de Portugal – é preciso não o matar, não o envenenar. Mata-se ou envenena-se o sangue de Portugal, profanando-o, dispersando-lhe a vitalidade em prazeres de puro egoísmo, comprometendo assim as energias da raça e a sua fecundidade. Para transmitir aos vindouros seiva robusta, é preciso ser forte e não ter enxovalhado, nem ter posto em almoeda, o corpo ou o coração.
Sangue de mortos... Sangue de vivos...
Pe. Raúl Plus in «Diante da Vida», 1947.
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