Quando a História não está ao serviço da Verdade


Os nossos historiadores, de há cinquenta anos para cá, têm sido homens de partido. Por sinceros que eles fossem, por imparciais que julgassem sê-lo, obedeciam apenas a uma ou a outra das opiniões políticas que nos dividem. Investigadores ardentes, pensadores vigorosos, punham o seu ardor e o seu talento ao serviço de uma causa. A nossa história parecia-se com as nossas assembleias políticas: distinguia-se nela uma direita, uma esquerda e até situações intermédias. Era um campo fechado onde as opiniões se debatiam. Escrever a história de França representava uma maneira de trabalhar por um partido e de combater um adversário. A história tornou-se assim entre nós uma espécie de guerra civil em permanência. O que ela nos ensinou, sobretudo, foi a odiar-nos uns aos outros.

Fustel de Coulanges in «De la manière d'écrire l'histoire en France et en Allemagne depuis cinquante ans», 1872.

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