Não há nenhuma razão, bem vistas as coisas, para que os novos totalitarismos se assemelhem aos antigos. O governo por meio de bastões e pelotões de fuzilamento, de fomes artificiais, de prisões e deportações em massa, não é apenas desumano (ninguém se importa muito com isso hoje em dia) é comprovadamente ineficiente, e na era da tecnologia avançada, a ineficiência é pecado contra o Espírito Santo. Um Estado totalitário realmente eficiente será aquele em que o todo-poderoso executivo dos chefes políticos e o seu exército de directores controlarão uma população de novos escravos que não necessitam ser coagidos, pois terão amor à sua servidão. Fazer que eles a amem, tal será a tarefa, atribuída nos modernos Estados totalitários aos ministérios de propaganda, aos editores dos jornais e aos mestres-escola.
Aldous Huxley in prefácio a «Admirável Mundo Novo», 1946.
2 comentários:
Mas tem uma coisa que os inteligentões não podem lidar e isso eu garanto: com o vazio de suas existências insignificantes. Isso é desesperador e eu garanto que com isso eles nunca saberão lidar, por isso, precisam se alimentar de mais ódio a realidade (a pandemia que o diga). Querem uma dica: desprezem eles. Eles vão te desprezar também mas o vazio ficará somente do lado deles. https://www.youtube.com/watch?v=OkQHWCH5TTQ
Orwell deu-nos uma distopia que é bem o retrato do totalitarismo que os regimes do século XX faziam adivinhar ser o nosso destino por este século adentro. Contudo, Huxley parece ter chegado mais perto do fado que nos estava reservado. Hoje, somos escravos por nossa vontade. Ansiamos pela escravidão e louvamo-la como outrora louvámos os deuses. Já não queremos quebrar as correntes e os grilhões que nos aprisionam, mas antes reforçá-los e perpetuar a nossa servidão em troca de 30 pedaços de prata.
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