Propriedade – Vocábulo ad libitum. Entre os Republicanos (enquanto estão roubando), não tem nem uso, nem significação. Mas quando têm já guardados os roubos, oh! então já é outra coisa: Propriedade é um nome sagrado. O melhor que tem é que, como os roubados e os ladrões se sucedem uns aos outros continuamente, e muitas vezes sem interrupção, se transformam os segundos nos primeiros, não pode deixar de ser que este Vocábulo esteja num pleito eterno entre os Cidadãos felizes das Repúblicas Democráticas.
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Bens Nacionais – Termo inventado em Língua Democrática para fazer contraste ao vocábulo Propriedade. A violação das propriedades era outrora na Sociedade o emprego dos homens mais viciosos e corrompidos, que nela viviam. Os bens adquiridos por este modo se chamavam bens roubados; e o que os adquiria se chamava ladrão. As Leis deviam não levar muito a bem semelhantes aquisições e deviam o quer que seja a respeito da forca e galés. Mas nos tempos presentes, onde governam os Republicanos, passou isto a ser negócio de Nação, e portanto mudou-se-lhe justamente o nome; e os bens roubados, em termos mais polidos, se chamam bens nacionais. O mais curioso é que se lhes dá este nome, ainda antes de se roubarem aos Proprietários.
D. Frei Fortunato de São Boaventura in «Novo Vocabulário Filosófico-Democrático, indispensável para todos os que desejem entender a nova língua revolucionária», Nº 5, 1832.
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